“A obesidade é uma dependência, portanto senão a tratarmos com a componente psicológica estamos fadados ao fracasso”, foi assim, baseado nesta premissa, que Hector Ricardo Ojunian começou na passada sexta-feira, dia 26 de fevereiro, a palestra sobre obesidade, que decorreu na Biblioteca Municipal de Castro Marim.
Médico formado pela Universidade Federal de La Plata (Buenos Aires, Argentina), mestre em saúde coletiva e autor do livro “Somos o que comemos, como comemos e com quem comemos”, Hector Ojunian defendeu a obesidade como doença psicossomática, numa junção entre diversas especialidades da medicina com a psicologia.
Um dos maiores flagelos sociais da actualidade e que tem, nas últimas décadas, atingido proporções epidémicas em todos os grupos etários, a obesidade apresenta já números alarmantes em Portugal, ocupando o 2º lugar no ranking da obesidade infantil na Europa e com 59,1% da população com excesso de peso e 24% obesa.
A alimentação pouco saudável e o sedentarismo são as principais causas apontadas, referiu Hector Ojunian, que aliadas a estes factores estão “as componentes psíquicas, sociais, económicas e do meio ambiente”, razões que conduzem ao desenvolvimento da obesidade. “Adoecemos porque não suportamos a nossa história de vida, porque nos mentimos a nós mesmos. Ao passo que a doença nos serve para evitar essa história de vida, verdade dói e muito. Mas liberta-te”, concluiu o médico palestrante.
Da mesa também fizeram parte o médico de clínica geral, João Fernandes, e o médico e presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, que acusou o Estado de se demitir desta batalha, assim como se demitiu da de combate ao tabagismo. “As consultas hospitalares de obesidade existem, mas registam listas de espera com um ano”, frisou, salientando ainda outras tantas especialidades em que o mesmo se verifica.
À palestra seguiu-se um debate com a assistência, que consolidou a decisão de perder peso que muitos dos presentes têm vindo a tentar. Foram ainda focadas todas as iniciativas desportivas desenvolvidas pelo Município de Castro Marim, que têm vindo a promover a alteração de comportamentos, nomeadamente em relação ao sedentarismo, uma doença, classificada pela Organização Mundial de Saúde, que atinge 70% da população mundial.
Esta iniciativa foi promovida pela Câmara Municipal de Castro Marim.