Iniciativa da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, financiada pela União Europeia, este projeto tem por objetivo "reforçar a resiliência, a preparação, a capacitação e a implementação de boas práticas nas zonas costeiras do Atlântico e do Mediterrâneo", explica nota da Câmara de Loulé.
Com uma costa de 14 km, que abarca as freguesias de Quarteira e Almancil, o Município de Loulé vê agora reconhecido um trabalho nesta área, e é mesmo o primeiro do País a obter esta distinção, juntando-se a cerca de uma centena em todo o mundo. Para alcançar este reconhecimento, foi necessário responder a 12 indicadores, ou seja, objetivos sugeridos pela UNESCO, organizados em 3 pilares: avaliação do risco, preparação da resposta e capacidade de resposta e recuperação.
Tatiana Neves e Fernando Leandro são os técnicos do Serviço Municipal de Proteção Civil de Loulé diretamente envolvidos neste projeto, contando com o apoio de uma equipa do Instituto Superior Técnico (IST), constituída pelos professores Carlos Oliveira e Mónica Amaral. Durante a cerimónia de entrega da distinção, que decorreu na sexta-feira, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, fizeram uma apresentação das várias ações que se somaram nos últimos anos, e que culminaram com a atribuição desta chancela.
Conforme se lê na nota, no âmbito da avaliação do risco, foram criados mapas de risco, ou seja, o mapa de inundação, sobrepondo uma altura de onda estimada de 15 metros, identificado o número de pessoas em risco (não só a população residente mas também os visitantes), bem como os edifícios em área inundável.
Quanto à preparação da resposta, foram criados mapas de evacuação de fácil compreensão e sinalização e identificadas rotas de evacuação. Em Quarteira, foram criados 13 pontos de encontro e 140 placas de distância. Em Almancil, ainda em fase de colocação da sinalética, são 11 os pontos de encontro seguros e 160 placas de distância. Os trabalhos de campo iniciaram-se em 2020 e prosseguiram mesmo em período de pandemia. Em janeiro de 2024, foi inaugurada a sinalética de evacuação em Quarteira, prevendo-se que até ao final deste ano fique concluída em Almancil.
A divulgação e sensibilização pública é, para a equipa técnica, o mais importante do processo, tendo o Município de Loulé ultrapassado os objetivos impostos para este reconhecimento da UNESCO. Em vez das 3 atividades anuais sugeridas, a Proteção Civil de Loulé realiza ações uma vez por mês; no total, já foram realizadas 26 sessões sobre o riscos e resiliência face a um tsunami, dirigidas a 1030 pessoas.
Além da aplicação da Proteção Civil que permite localizar os locais seguros já sinalizados, possibilitando o uso do Google Maps para encontrar a rota mais rápida, há uma série de material didático e informativo disponível. Hotéis, escolas, empresas municipais, equipamentos públicos têm sido alguns dos espaços onde se têm realizado as ações de sensibilização.
Os exercícios de simulacro também têm sido importantes para treinar comportamentos a adotar, como foi aquele que aconteceu a 5 de novembro de 2024 (Dia Mundial da Sensibilização para o Risco de Tsunami), na Escola D. Dinis de Quarteira, o único equipamento escolar que se encontra em zona inundável no concelho. Já no final do passado mês de setembro, teve lugar o primeiro teste sonoro às sirenes que já foram implantadas em 7 torres sonoras da freguesia de Quarteira, em locais como a Marina de Vilamoura, Calçadão ou Piscinas Municipais. Estas sirenes emitem não só alerta de tsunami, mas também aviso de exercícios, de ondulação forte ou calor extremo.
Por outro lado, a autarquia reforça que está em fase final de adjudicação, a colocação de 3 câmaras dentro do programa “Meo Beach Cam”, que permitirão verificar se existe alguém junto à costa, por exemplo num momento de ondulação forte.