Sociedade

Município de São Brás de Alportel emite voto de pesar pelo falecimento de Luís Fraga da Silva

 
A proposta de atribuição de voto de pesar pelo falecimento do historiador foi unanimemente aprovada em reunião de câmara de 31 de março.

 
O Município de São Brás de Alportel emitiu voto de pesar pelo falecimento, a 20 de março, de Luís Fraga da Silva, especialista na História do Algarve e da Antiguidade. Segundo o Município "o seu trabalho deixou marcas também em São Brás de Alportel que tem o privilégio de contar obras e estudos seus". O executivo deu ainda a conhecer a intenção de realizar, em momento oportuno, uma cerimónia de reconhecimento e homenagem póstuma ao investigador.
 
Biografia cedida pela CM de São Brás de Alportel:
 
Nascido em Lisboa em 1954, com apenas 20 anos de idade, foi o mais jovem preso político libertado do Forte de Peniche, após a Revolução de 25 de abril de 1974.
 
Partiu prematuramente e faleceu no passado dia 20 de março. No início de uma Primavera que já não conheceu e a mais estranha de todas que Portugal e o mundo conhecerão. Assim como infelizmente não conhecerá o que venha a ser feito sobre um dos mais importantes vestígios do Império Romano existentes no Algarve oriental: a cidade perdida de Balsa. Sobre a mesma entregou muitos dos seus dias e foi "um dos defensores mais estrénuos da recuperação dessa importante cidade romana, nas palavras do Professor Doutor e ilustre São-brasense José D' Encarnação, escritas como mensagem perpetuada.
 
Desde os anos 80, "foi um notável analista e programador, pioneiro no apoio informático à realização de sondagens", segundo um testemunho, publicado pela agência Lusa, da professora universitária de Economia Política, Isabel Salavisa, foi investigador da geografia histórica e de temas de história territorial do sul, um verdadeiro especialista em História do Algarve. 
 
Dedicou a São Bás de Alportel, em 2002, um precioso estudo que o Município publicou sob o título de "São Brás de Alportel na Antiguidade", cujo prefácio da Professora Catedrática Teresa Júdice Gamito, abria dizendo, "A memória dos lugares e a memória das pedras sobrevivem mais longamente à passagem do tempo do que a memória dos Homens."
 
Geografo e historiador, trabalhou no Campo Arqueológico de Tavira, concelho onde estava situada a cidade portuária do Império Romano, a Balsa, tendo publicado, em 2007, Balsa. Cidade Perdida: a capital do Algarve Oriental na Época Romana, edição do Campo Arqueológico de Tavira e da Câmara Municipal de Tavira.
 
Foi coautor da edição da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, de A viagem de Ibn Ammâr de São Brás a Silves, publicado a seis mãos com Abdalah Khawli e Maria Alice Fernandes, em 2007. É coautor em 2006 com Maria Alice Fernandes de uma palestra com o mesmo nome, apresentada nas I Jornadas intituladas "As vias do Algarve", inseridas no projeto de criação e abertura do Centro Explicativo e de Acolhimento da "Calçadinha " de São Brás de Alportel.
 
Como analista de sistemas de informação geográfica, deixou propostas de trabalho, valiosas, para a edição da Carta Agrícola e coreográfica de 1903, proposta para a Freguesia de São Brás de Alportel, sob inéditos de Gerardo Pery, com investigação de sua autoria na toponímia, lugares e zonas de São Brás desde 1758.
 
Considerando ainda o testemunho da Professora Isabel Salavisa à agência Lusa, sabemos que que Luis Fraga da Silva criou uma biblioteca especializada na Antiguidade Clássica Mediterrânica que reúne mais de 11000 documentos, uma biblioteca criada no Monte das Oliveiras, uma casa tradicional e singular que habitava há mais de 20 anos e recuperou em Vilarinhos, no concelho de São Brás de Alportel.
 
Considerando tratar-se de um ser humano da mais distinta referência, um arqueólogo e estudioso reconhecido, que tanto deu ao conhecimento de São Brás de Alportel e do território do Algarve, e por isso também da cultura dos algarvios e das algarvias assim como o seu valioso legado para a História do Algarve e o seu nobre exemplo de altruísmo, lutando pela defesa do património arqueológico algarvio, que merece ser conhecido, valorizado e perpetuado, em Homenagem pelo seu serviço à história local e europeia, pelo seu serviço em prol do conhecimento, o executivo municipal são-brasense aprovou, por unanimidade, um voto de pesar pelo seu falecimento e endereça sentidas condolências à esposa e aos seus familiares.