Ambiente

Município de Tavira lança "mãos à obra" para hortas comunitárias na cidade

Foto|D.R (Gov.pt)
Foto|D.R (Gov.pt)  
A Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, deslocou-se esta manhã a Tavira. A visita iniciou-se, pelas 10h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, com a cerimónia de apresentação e homologação dos projetos “Horta Urbana” e “Semente”.

A sessão começou com a apresentação do projeto “Horta Urbana”, pela Presidente da Câmara Municipal de Tavira, Ana Paula Martins, seguindo-se a explicação do projeto “Semente”, pelo Presidente da Associação In Loco, Artur Gregório, e a homologação, pela Ministra da Agricultura, do protocolo celebrado entre o Município de Tavira e a Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve, o qual visa o desenvolvimento e a implementação de uma horta urbana que tem como finalidade a produção e consumo de bens agrícolas por habitantes de Tavira. 
 
Para a concretização deste objetivo, foi disponibilizada uma parcela de terreno, no Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT), sendo que cabe à DRAP Algarve o aconselhamento, nomeadamente, no que se refere à aplicação de boas práticas agrícolas, recomendação das culturas adequadas, verificação da boa utilização e apresentação do espaço, assim como o fornecimento de água para a rega das culturas.
 
Por sua vez, compete ao Município de Tavira conduzir a horta urbana de acordo com as práticas da agricultura biológica; assumir os trabalhos de vedação, preparação, manutenção e melhoria da área em causa; instalar o sistema de rega; garantir a supervisão e segurança do local de modo a não interferir com os trabalhos em curso pela DRAP Algarve, além de realizar a compostagem de todos os resíduos.
 
A criação desta horta será operacionalizada no âmbito do projeto "Semente" da Associação In Loco, no âmbito de uma candidatura apresentada ao programa Bairros Saudáveis, em conjunto com o Movimento de Cidadãos pelo CEAT e Hortas Urbanas de Tavira, o qual conta com o apoio de diversas entidades parcerias, nomeadamente da autarquia. O objetivo passa por fomentar uma alimentação adequada, lançar as sementes para o reforço da capacidade de produção e consumo nos bairros sociais da Atalaia, José Joaquim Jara, Horta do Carmo, Porta Nova e Bela Fria, assim como difundir os princípios da Dieta Mediterrânica.
 
A autarca de Tavira, referiu que a ideia foi pensada em 2019, para a cedência por parte da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, de um terreno no Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT), que irá abranger uma área de 3,500 m2, para 50 talhões. Ana Paula Martins disse que o projeto «está aberto a pessoas mais vulneráveis, mas também à população que quer produzir os seus alimentos de base sustentável e ecológica». Além do terreno para a horta urbana no CEAT, a autarquia está, através da Divisão de Ambiente, a estudar outro terreno para uma segunda horta. Em 2022, espera-se que o projeto esteja concluído.
 
Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, referiu-se à iniciativa como «um primeiro um passo, para uma recuperação há muito ambicionada, de forma a pegar neste Centro de Experimentação, que está no sítio certo, já que estamos a falar da comunidade representativa da Dieta Mediterrânica, Património Imaterial da Humanidade». O responsável chamou a atenção, de que o projeto «revela bem o fenómeno a que se tem assistido nalgumas cidades europeias, que é trazer o campo para dentro das cidades, também a produção de alimentos frescos, sazonais, e encurtar os circuitos de comercialização».     
 
Artur Gregório da Associação In Loco, explicou que a "Semente" surgiu entre outras necessidades, em resultado do que a pandemia nos transmitiu, «onde alimentação adquiriu um papel muito mais central, quando tivemos a fragilidade da vida humana em causa, e vimos a necessidade de assegurarmos o nosso próprio alimento, e voltou-se a pôr em cima da mesa muitas coisas que estavam um bocado esquecidas e minimizadas». 
 
O objetivo do projeto irá centrar-se em mobilizar e capacitar os participantes, que serão em primeiro lugar habitantes dos 5 bairros de Tavira, «e que irão entrar num programa de autodeterminação e educação alimentar, mas também de capacitação pessoal e organizacional». Para tal, será instalada uma horta demonstrativa e de formação no CEAT, considerada a «horta mãe» e haverá uma outra horta comunitária, onde o Município irá definir o terreno, para que 50 famílias possam plantar os seus alimentos.
 
Já Maria do Céu Antunes, expressou estar em Tavira «com agrado» na homologação dos projetos, assinalando que pela sua experiência enquanto autarca durante 9 anos e vereadora durantes 3 anos, além ter sido presidente de um Grupo de Ação Local, foi pioneira quando no seu território, foi possível ter os primeiros 50 talhões para hortas comunitárias, «e bem sei da importância de projetos como estes, nestes territórios, e é como uma satisfação imensa que estou aqui a dar continuidade a projetos de proximidade que fazem toda a diferença». 
 
A Governante realçou a disponibilização de um terreno que é público, «para a oportunidade de capacitar os cidadãos para poderem aprender a trabalhar a terra, produzindo alimentos de época e em condições de sustentabilidade, puderem melhorar a sua economia familiar, mas também o seu bem-estar e a sua saúde, porque vão poder produzir alimentos mais saudáveis, mitigar o decurso das alterações climáticas, promover os ecossistemas e melhorar a sua auto-estima». 
 
A ministra deu os parabéns ao projeto "Semente" afirmando que a partir do momento em que Tavira tem a oportunidade de ter a chancela de disseminar a Dieta Mediterrânica, «nós temos esta obrigação de disseminar este Património Imaterial da Humanidade, para chegarmos a 2030, com mais de 20% da nossa população nacional a aderir à Dieta Mediterrânica, ao consumo local e nacional e também ao consumo sazonal, é isto que faz todo o sentido», sublinhou.
 
Foi ainda anunciado que associações como a In Loco, vão poder juntar-se para em conjunto com a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), contratarem até 4 nutricionistas, por 2 anos, «para poderem realizar ações de sensibilização e informação, junto das escolas, de públicos-alvo, com os agricultores, aproximando os produtores dos consumidores», concluiu.