Comportamentos

Não precisamos de ser tão agressivos e destemidos!

 
As origens da espécie humana, de facto, remontam aos tempos em que precisávamos de nos munir de um conjunto de defesas para nos protegermos dos animais, e nesse sentido, parece existir dentro de cada um de nós, uma memória genética dessa forma de funcionamento.

 
É tendo essa base que os especialistas explicam a razão pela qual, muitos humanos ainda se comportam de forma tão agressiva e destemida quando, na verdade, os tempos atuais nada ditam a esse respeito.
 
Os animais vivem no seu ambiente natural e, é de humanos que se tratam as relações que temos de viver hoje. Não precisamos desse tipo de defesas para nos orientarmos uns com os outros, talvez por isso, saibamos “apontar o dedo” a quem ainda mantém essa postura defensiva e reativa.
 
Passaram-se longos milhões de anos até conhecermos as pessoas que somos hoje e, sem sombra para dúvidas, temos de apurar as nossas características em função daquilo que precisamos neste momento e, efetivamente não precisamos de garras, muito menos de agredir os outros seja com que objetos e pretexto for.
 
Precisamos de melhorar a nossa linguagem e a nossa forma de relacionamento interpessoal, precisamos de uma inteligência social que nos permita sermos mais pessoas num ambiente habitado por humanos.
 
Naturalmente que temos diferentes pontos de vista, tal como é um facto que vivemos numa sociedade competitiva e consumista em que todos queremos as mesmas oportunidades e a oferta é muito inferior ao desejado, pelo que temos de aprender e, isso aprende-se nas relações com os outros e nas várias atividades em que participamos, a desenvolver outros interesses para que não nos foquemos todos no mesmo.
 
Temos de diversificar mais os nossos interesses e ver a sociedade de forma mais alargada para evitar colidir uns com os outros da forma que está a acontecer. Claro que acredito que, a natureza também também nos vai dando essa ajuda e orientação. Certamente que, num futuro próximo não seremos tão destemidos ao volante porque muitos de nós vamos andar de bicicleta e muito mais em transportes públicos, mas temos de fazer a nossa parte percebendo as regras que organizam uma sociedade para o seu funcionamento.
 
Certamente que não será a natureza a ensinar-nos a diferença entre autoridade e autoritarismo, o respeito e a falta dele e, daí por diante. Temos de ser nós, cidadãos ativos, a saber pensar e agir de forma regrada e, isso aprende-se entre humanos, imitando os melhores comportamentos e incutindo as leis que devem servir para todos; os mesmos que querem as mesmas oportunidades, o respeito e o direito a condições dignas de vida, os mesmos que elegem os seus representantes num ato eleitoral, os mesmos que precisam de um emprego para suportar as suas despesas e para terem uma ambição profissional.
 
Fazemos todos parte do mesmo sistema e todos queremos que nos olhem enquanto pessoas e indivíduos e, para isso, também temos de olhar os outros nas mesmas condições.
 
Às vezes, é preciso aceitar e assumir que não temos todos as mesmas oportunidades e qualidades, mas que podemos fazer um uso mais inteligente daquilo que somos e temos e, isso aprende-se e ensina-se aos nossos filhos.
 
Se pensarmos de forma mais moderada e realista, certamente que temos menos ansiedade, menos depressões e muito mais motivos para sermos felizes e sorridentes porque tiramos um melhor partido desta grande oportunidade que é viver!
 
Fátima Fernandes