Tal acontece porque nos habituamos à ideia de educar e de corrigir os mais novos. Existe em nós um permanente sentimento de missão, como que uma necessidade e obrigação de termos de chamar a atenção para isto e para aquilo, pelo que, acabamos por “nos esquecer” de dizer aos nossos filhos que “isto está bem feito”, “fizeste muito bem”, “para a próxima certamente que vais fazer melhor”.
As crianças, ainda mais do que os adultos, precisam desses reforços porque têm muito menos conhecimento de vida do que nós e dependem muito mais desses incentivos para que afirmem a sua autoestima e autoconfiança.
É fundamental alternar o positivo com a chamada de atenção negativa precisamente para que as crianças e jovens percebam que somos capazes de os avaliar na globalidade: pelo que fazem de mal, mas também pelos seus sucessos e conquistas. Tal como o professor “marca um certo” num trabalho para incentivar os seus alunos, também os pais têm de encontrar formas criativas para reconhecerem o mérito dos filhos.
Muitas vezes basta um elogio sincero, um abraço, um sorriso expressivo associado a uma palavra adequada à ocasião: “estiveste muito bem, gostei”, “já superaste mais uma prova, muito bem!”, “gostei muito do teu desempenho, parabéns!”. Não custa nada aos pais e faz muita diferença na qualidade de vida dos filhos. Não nos esqueçamos de que, os filhos adoram agradar os pais e vê-los felizes, sempre que o conseguem, é uma alegria enorme e uma motivação acrescida, pelo que, tendo isso por base, é importante que os progenitores os respeitem e lhes digam sinceramente o que pensam e sentem numa determinada ocasião. Brincar a seguir, ou fazer uma atividade em família é a “cereja no topo do bolo” e parece compensar qualquer esforço que os nossos filhos tenham realizado.
Afinal, qual é o valor de guardar apenas para nós adultos, o orgulho que temos nos nossos filhos? Por que não expressar esses sentimentos bonitos e positivos quando os sentimos? Acredite que isso vai fazer toda a diferença no desenvolvimento do seu rebento, pois ao estar a agradar aos pais, está a construir um caminho mais responsável, maduro e equilibrado para si. Está a “inspirar-se” no modelo dos seus pais e a afastar-se das influências negativas do exterior. Ao saber que os pais vão ficar contentes com um bom resultado escolar, os filhos vão aprender a ser bons alunos numa idade em que ainda não têm essa consciência. Começam por agradar aos pais e depois ganham gosto em ser assim. Depois querem ser como os pais e isso vai protegê-los de más influencias e de companhias menos positivas. Quando eles percebem que os pais estão muito felizes com eles, vão querer reproduzir mais momentos desses e crescem nessa base, mesmo aprendendo com os outros, partilhando experiências com outras crianças e jovens, acabam por ter uma base forte, por imitar os valores dos pais com agrado. É aquilo a que se chama a forma da personalidade.
Esta base que aqui apresento é fundamental para preparar os mais novos para as dificuldades da vida, para os momentos menos positivos e para a resolução de problemas, pois através do incentivo, estes tornam-se emocionalmente mais fortes e seguros para fazerem face às mais variadas situações que vão enfrentar. Falam muito mais fácil e abertamente com os pais, contam-lhes o que se passa, desabafam os seus problemas e sentem-se compreendidos, isso faz com que cresçam mais confiantes e seguros.