Neste tempo complexo em que é preciso encontrar novas formas de gerir o nosso quotidiano, torna-se um imperativo que todos compreendamos o que se está a passar, que tenhamos mais calma e capacidade para lidarmos uns com os outros.
Os especialistas na área da psiquiatria e da psicologia têm feito várias chamadas de atenção para fazer face a este novo desafio para todos e recomendam que é preciso ter mais compreensão uns com os outros, o que se reflete na forma como reagimos diariamente.
Em primeiro lugar, é preciso que graúdos e miúdos saibam minimamente o que se está a passar. As notícias circulam, os nossos hábitos e rotinas diárias estão a modificar-se à medida em que é preciso ter mais cuidados e uma maior consciência de que temos de nos proteger do vírus e evitar que tenhamos de enfrentar a pandemia dentro de casa, por isso, cada um de nós tem a acrescida tarefa de cuidar de si e dos que lhe são próximos.
A melhor forma de nos protegermos é cumprirmos as orientações das autoridades de saúde e do Governo. Com o Estado de Emergência, os cuidados têm de ser redobrados, uma vez que as saídas de casa estão ainda mais condicionadas. Nesse sentido, torna-se fundamental que, o mais possível, aprendamos a gerir a nossa vida dentro de casa, uns com os outros. Para tal, o primeiro passo, é explicar a todos o que realmente se está a passar, os cuidados que todos devemos ter e, de seguida, encontrar formas mais criativas para preencher o muito tempo diário que temos ao nosso dispor. Contrariamente ao passado recente em que mal tínhamos tempo para gerir a nossa vida, agora deparamo-nos com dias inteiros em que temos de trabalhar em casa, ensinar as matérias escolares aos nossos filhos e organizar as lides domésticas. Se aproveitarmos e organizarmos bem o tempo, reparamos que os dias ficam preenchidos, que os mais novos continuam a aprender com os materiais escolares que têm ao seu dispor, que os adultos organizam o lar e o teletrabalho e que a casa está “apresentável”!
Mais do que nunca, cabe aos pais oferecerem um ambiente tranquilo aos filhos, para isso, é importante manter e impor regras de bom funcionamento para que todos se sintam bem. Compreender que os mais novos têm os seus momentos mais difíceis ao longo do dia e que sentem falta dos colegas e das brincadeiras diárias, faz com que os pais os ocupem o melhor que sabem e que conseguem, sendo que acima de tudo, é fundamental ter muita paciência, compreensão, capacidade para ouvir os seus desabafos e motiva-los para outro tipo de brincadeira. Nenhum de nós sabe quando isto vai terminar, mas todos temos consciência de que será duradouro, por isso, vamos vivendo um dia de cada vez, sabendo que isto vai passar e que a qualidade da relação que estabelecermos agora com os nossos filhos e parceiro/a, ficará registada para o futuro. É nos momentos difíceis que se avalia a capacidade de resistência das pessoas e das suas relações. Este é um tempo importante para mostrarmos a quem amamos que realmente somos compreensivos e pacientes.
Cabe aos adultos jovens também explicar aos idosos a importância de se protegerem e de evitarem o contágio. A idade já não lhes permite compreender que, é através do contacto social que o vírus ganha expressão e se propaga, por essa razão, é importante reduzir ao máximo as nossas relações com os outros sob pena de aumentarmos o contágio. Para os mais velhos e menos escolarizados, torna-se difícil compreender a razão pela qual têm de estar isolados no seu domicílio quando não se sentem doentes, pelo que os filhos têm a responsabilidade de lhes explicar e facilitar a vida para que possam cumprir essa tarefa. Está provado que, as pessoas com mais de 65 anos são muito mais vulneráveis não só a contrair a doença como a sofrer de muitas mais complicações, aumentando o risco de morte. Por essa razão, os mais novos têm de ter paciência e explicar-lhes a razão pela qual devem permanecer na residência o mais possível e evitar os contactos sociais.
As crianças precisam de compreender que, quando tudo isto passar, todos vamos ficar bem e, provavelmente muito mais amigos uns dos outros, mais unidos e mais fortes!
Fátima Fernandes - Educadora Social