O Movimento LIFE divulga os resultados do estudo “O que estamos a fazer para assegurar lideranças no futuro?”, feito com base em inquéritos a 500 profissionais até aos 40 anos que trabalham no setor da saúde em Portugal, tanto a nível público como privado.
O estudo mostra que 45% dos inquiridos sem posições de chefia não desejam exercer cargos de liderança. Entre as mulheres, apenas 32% das que ainda não lideram gostariam de vir a liderar, comparado com 50% dos homens.
Para os que rejeitam a liderança, as razões são claras: excesso de responsabilidade sabendo de antemão que a capacidade de resposta pode ser limitada; demasiado stress; e preferência por trabalho individual, sem responsabilidade de coordenação de outras pessoas, regista comunicado enviado ao Algarve Primeiro.
O que teria, então, de estar garantido para que esta jovem geração da saúde considerasse um lugar de liderança?
Maior compensação/benefícios financeiros, recursos humanos/materiais adequados e “ser menos stressante” são as respostas mais frequentes.
Mais de 60% de todos os inquiridos acreditam que há cada vez menos pessoas dispostas a liderar. As razões apontadas são, sobretudo, exigência do cargo e responsabilidade, remuneração desadequada face às responsabilidades e, genericamente, falta de motivação.
Outro fator crítico evidenciado pelo estudo é a falta de preparação formal para a liderança. Apenas 14% dos profissionais que ocupam cargos de chefia afirmam ter um plano ou estratégia para formar novos líderes.
A maioria dos que hoje lideram fê-lo através de experiência acumulada e formação técnica, muitas vezes sem ferramentas de gestão de pessoas ou desenvolvimento organizacional.
Os mais jovens que ambicionam liderar procuram preparar-se sobretudo com formação em ‘soft skills’, como gestão de conflitos, inteligência emocional e comunicação assertiva – áreas que sentem faltar nos seus contextos atuais.
Este estudo também confirma que a perceção sobre a liderança continua marcada pela desigualdade de género. São 75% os inquiridos a considerar que a parentalidade tem maior impacto na carreira das mulheres, sobretudo porque as responsabilidades parentais ainda recaem muito sobre as mães.
As mulheres percecionam mais obstáculos, com 88% a considerarem que ser mãe tem impacto no acesso à liderança.
Esta realidade contribui para um círculo vicioso: menos mulheres em cargos de decisão, menos modelos de referência, menos inspiração para liderar, destaca o estudo enviado ao nosso jornal.
O Movimento LIFE considera estes dados um sinal de alarme. “Se a próxima geração rejeita liderar, que futuro teremos?”, questiona uma das fundadoras, Cláudia Ricardo.
“Precisamos de reinventar o modelo de liderança na saúde – um modelo que valorize as pessoas, equilibre a responsabilidade com o reconhecimento e promova a diversidade como motor de inovação e justiça”.
Este estudo é parte integrante da missão do Movimento LIFE: dar visibilidade às barreiras invisíveis que condicionam a progressão profissional das mulheres e propor soluções concretas para um setor da saúde mais justo, motivador e sustentável, lê-se no comunicado.