Comportamentos

O fingimento é uma arte que nos conduz à infelicidade

 
Viver sem máscaras é uma das maiores liberdades que podemos sentir. Saber quem realmente somos, o que sentimos e estarmos prontos para aproveitar a vida, as situações e as relações é uma conquista de todos quantos se negam viver numa farsa; numa atitude fingida perante a vida.

 
Pode entender-se o fingimento como uma forma de cobardia de quem não se assume tal como é e acaba por entrar num disfarce para enganar os outros. Na realidade, estas pessoas só se enganam a si mesmas, já que os demais, mais cedo ou mais tarde, acabam por perceber a dimensão das suas mentiras. Depois, uma pessoa que se habitua a fingir, chega a um ponto em que já não sabe quem é, e o que sente. Já não consegue dizer a si mesma aquilo que se passa e o que gostaria de ser e de fazer, ainda assim, podemos afirmar que, há muita gente a viver nesses moldes. Há muita gente a imitar os outros para se sentir como eles, para fazer de conta que são abonados e acabam por ostentar aquilo que não possuem, vivendo muitas vezes vidas miseráveis e infelizes. A mentira é um vício tal como qualquer outro. A pessoa que se habitua a fingir, a usar um disfarce para se esconder, tem muita dificuldade em se assumir tal como é porque não gosta de si, razão pela qual disfarça e vive nessa imagem que criou.
 
Referindo-se à fé, o Papa Francisco já criticou publicamente esta forma de estar na vida, sobretudo porque os cristãos se assumem como tal, mas depois não praticam esses valores. O órgão máxima da igreja disse inclusive que, muitos cristãos dizem cumprir esses valores e princípios, mas continuam presos á corrupção e à vida de mentira.
 
Dentro e fora da religião, seja em que grupo humano for, há sempre gente que se passa por aquilo que não é e que acaba por andar sempre com medo de ser desmascarado. Chega a um ponto em que são tantas as mentiras e o fingimento que não encontra o lado da verdade: a sua verdade interior, aquilo em que acredita e, o ciclo repete-se em tudo, pois uma vez criado um cenário desses, a mentira passa a ser a base de todas as relações, sob pena de alguém descobrir a farsa.
 
Viver de consciência tranquila é exatamente o oposto disso. É assumir-se tal como é, mesmo correndo o risco de muitas pessoas não gostarem de nós. Se pensarmos bem, os fingidos também não são adorados por muitos, mas fazem de conta que sim. Se repararmos bem, qual é o benefício de entrar numa vida de mentira e de fingimento… o que se ganha com isso? O prestígio é fugaz, o medo é constante, a insegurança e a instabilidade passam a fazer parte do quotidiano, as relações interpessoais caem em descrédito, o amor não existe e não faz sentido pelo que, chega a um ponto em que ninguém acredita num mentiroso… vale a pena esse viver?
 
Costumo dizer que a vida se quer simples e orientada para o que somos para que dela possamos tirar partido, por isso, é importante respeitarmos o nosso eu interior, os nossos desejos, os nossos sentimentos e assumir que se gosta, que se quer e o que se faz, é um ponto a favor dessa liberdade, bem-estar e felicidade.
 
A vida é demasiado curta para termos de inventar personagens para nos relacionarmos com os outros. É também muito breve para que omitamos aquilo que somos. Na realidade, o maior desejo do ser humano é ser aceite tal como é e poder assumir-se com todas as suas características. É para isso que vivemos, que lutamos, que estudamos, que trabalhamos. Todos queremos mostrar o nosso valor e possuir a necessária autoestima para podermos realizar os nossos sonhos e projetos e, isso consegue-se com verdade, sem máscaras ou fingimento!
 
Fátima Fernandes