Comportamentos

O preço de uma traição

 
Sendo as relações humanas saudáveis a base para uma vida mais estável e feliz, importa saber o quanto uma traição nos afeta a todos os níveis.

Segundo os especialistas em terapia de casal, a infidelidade é das maiores dores que uma pessoa pode experimentar, só comparável à morte do parceiro, sublinham.
 
Como se não bastasse a dor de ser traído, a nossa sociedade tem-se revestido de conceitos que não ajudam a ultrapassar uma traição com facilidade. São muitas as teorias que defendem que, «a mulher tolera melhor a traição por ser mais emocional», «os homens traem mais porque vivenciam muito mais o plano sexual» ou ainda se defende muito que, «uma relação torna-se mais forte depois de ter passado por uma infidelidade, porque a mesma une mais os casais», mas será que é mesmo assim?
 
Efetivamente há pessoas que se mentalizaram que a traição faz parte de um relacionamento e que a aceitam carregadas de sentimentos de culpa por não serem melhores parceiros, há também quem acredite que, «ninguém passa por uma relação sem ser traído, por isso, é normal» e, naturalmente, há cada vez mais pessoas que não aceitam a infidelidade e que rompem com a relação quando sabem que a pessoa amada as trocou por outra, independentemente do motivo.
 
Seja qual for o cenário, está provado que a infidelidade arrasa com a autoestima de quem foi traído, que deixa marcas profundas quando a pessoa pretende iniciar uma nova relação e que compromete muito a confiança, seja em si mesmo, seja em alguém.
 
Também a desilusão face ao amor é um ponto muito destrutivo inerente a uma traição, sem esquecer que há quem necessite de fazer o mesmo para se vingar e, teoricamente sentir-se melhor, há quem não arrisque entrar numa nova relação pelo medo que lhe aconteça o mesmo e, também há quem ultrapasse com alguma facilidade a situação por ter uma mentalidade mais aberta e por aceitar que tal pode acontecer a qualquer um.
 
Os especialistas registam que, apesar de a dor ser maior em quem é traído, quem comete a infidelidade também costuma sentir-se mal, sobretudo quando pensa na perda da vida que possuía, na pessoa que tinha ao seu lado e, em muitos casos, por não conseguir lidar com a crítica social.
 
Ainda assim, há homens e mulheres que pouco se deixam afetar pelo facto de terem traído a suposta pessoa amada e que passam de uma relação para outra com relativa facilidade, ainda assim, os entendidos dizem que, bem no fundo das suas mentes, reside um sentimento de culpa e a sensação de que não se consegue estabelecer uma relação estável, o que também magoa.
 
Apesar de tudo, a infidelidade nunca deve ser encarada nem como “normal”, nem como “algo que faz parte das relações”, pois implica sempre falta de respeito por si mesmo e pelo outro, evidenciam os especialistas.
 
Quando se assume um compromisso com alguém, devemos ser capazes de o respeitar e, quando já não o desejamos, também é suposto que conversemos com a pessoa em causa, mas jamais fazê-la sofrer dessa forma, pois tal nem é correto, ainda menos aceitável e digno de quem quer também ser respeitado numa relação.
 
Os entendidos lembram os principais motivos que levam à traição:
• tédio;
• indiferença do parceiro;
• solidão;
• vingança por alguma atitude do parceiro;
• falta de atenção;
• sentir-se menosprezado pelo parceiro;
• excitação por ser “algo proibido” ou uma “aventura sexual”;
• vontade de terminar o relacionamento.
 
A ciência explica que os homens traem mais do que as mulheres por que possuem uma maior capacidade de separar o sexo do amor e, assim, concretizar a traição ou traições. Além disso, não costumam pensar nas consequências e têm mais confiança que conseguirão escapar da situação caso sejam descobertos. Geralmente, quando o homem trai, vai à procura de prazer ou atenção noutra parceira.
 
Já as mulheres tendem a estabelecer um laço afetivo com a pessoa escolhida para a infidelidade. Estudam mais as suas possibilidades e geralmente só traem quando o relacionamento atual está muito mal. No entanto, as mulheres mais jovens costumam trair para satisfazer as suas necessidades emocionais e sexuais, à semelhança dos homens.
 
Um outro ponto a analisar no plano da infidelidade é que, ninguém pode confiar totalmente na pessoa que a traiu porque não existe uma garantia de que a situação não se repita.
 
Se por um lado, a pessoa pode estar arrependida pelo que fez e, efetivamente mudar de comportamento, por outro, o facto de ter sido perdoada pode levar a que cometa uma nova traição por saber que será sempre aceite.
 
Há também muitas situações em que a relação já está mal, mas em que se tem vergonha de terminá-la, então opta-se pela traição como forma de conseguir arrastar um casamento que praticamente já não tem solução. Esta “vida dupla” acontece muitas vezes com o consentimento de ambos e mantém a “fachada” de uma vida “perfeita”, com um casal que, quando sai à rua, faz de conta que está tudo bem.
 
Seja qual for a sua situação, caro leitor, saiba que, uma relação estável, baseada na confiança, no diálogo aberto e no amor mútuo, é a maior conquista que um ser humano pode alcançar, por isso, faça escolhas inteligentes, dê tempo ao tempo para que possa conhecer melhor as pessoas com quem se relaciona e acima de tudo, pondere muito bem as consequências de trair alguém, pois não há ser humano que mereça passar por tamanha dor. A relação terminou? Diga-o frontalmente à outra pessoa. Ama um outro alguém? Seja honesto e abra o jogo com a pessoa com quem manteve uma relação, mas jamais a engane.
 
Depois, se decidiu perdoar alguém que o traiu, saiba que pode e deve exigir mudanças no vosso quotidiano e estilo de vida, mas que não terá o direito de estar sempre a falar nesse passado doloroso para ambos. Se aceitou a pessoa de volta, respeite-a e dê-se também ao respeito.
 
Se não consegue suportar uma infidelidade, então não hesite em terminar imediatamente a relação, pois vai evitar muito sofrimento para ambas as partes.
 
É importante registar que o amor não tem de ser sinónimo de dor e de sofrimento, por isso, cabe a cada um de nós encontrar a melhor forma de se proteger e de não magoar os outros.
 
Fátima Fernandes