Família

O que nunca se deve dizer em frente ás crianças

 
Desde há muito tempo que parece tradição humilhar as crianças em frente aos demais familiares ou amigos. Essa prática tem vindo a ser amplamente criticada pelos especialistas, uma vez que funciona como “um rótulo” ou registo negativo nas mentes dos mais novos.

É um facto que, dizer aspetos positivos enaltece a criança e a torna mais feliz e dotada de uma maior auto-estima, o problema é quando se diz, muitas vezes sem pensar, pontos menos favoráveis aos mais novos.
 
É comum que os casais se juntem só para falar dos filhos, só para dizer “ele agora está numa fase terrível, não deixa ninguém conversar em casa” e daí por diante, mas é bom ter em conta que, estas revelações em frente aos destinatários, funcionam como que uma autorização e não uma crítica.
 
Se dissermos que a criança “não gosta de nada além de pizzas”, isto é uma afirmação; é dado como aceite pelos pais, tal como dizer que “nunca foi grande coisa para a escola” ou que “ao arruma o quarto”. Pior ainda é dizer que “se fecha no quarto e não deixa ninguém entrar” ou ainda mais “não fala com ninguém e está sempre de mau humor”.
 
Naturalmente que é usual ouvir nas esplanadas também os pais dizerem uns aos outros para depreciar os filhos com os amigos que, “agora não larga o telemóvel”.
 
Se pensarmos bem neste ato que quase parece natural e inofensivo, vamos perceber que, os mais novos ouvem e registam estas constatações dos pais, logo é certo que os pais as dão como certas.
 
Se ao invés de se dizer este tipo de afirmações depreciativas, se aproveitasse pata educar, certamente que faríamos um bom trabalho para os nossos filhos serem mais felizes.
 
Vejamos a diferença em dizer que, “o meu filho está ótimo. Tem tido bons resultados na escola, é persistente e, certamente que terá melhores resultados para o ano”. Pode-se ainda aproveitar a presença dos amigos e demais familiares para fazer passar este tipo de mensagens: “já arruma melhor o quarto e, esforça-se por fazer melhor”. “Lá em casa não é hábito termos as portas fechadas, nem o nosso filho o faz porque sabe que não queremos isso”.
 
Os pais entre si também podem aproveitar para alterar comportamentos dizendo que, “as crianças passam por fases, vamos agora fazer diferente. Vamos comer melhor e de forma mais saudável em família”.
 
Pode-se ainda reforçar aquilo que se pretende afirmando que, “com a chegada do ano letivo, vamos organizar-nos melhor para termos melhores resultados”.
 
É importante realçar aquilo que se pretende alterar em vez de dar como certo o erro que acaba por ganhar expressão quando afirmado e, muitas vezes diante de outras pessoas.
 
Nunca é demais recordar que, não se deve de forma alguma humilhar a criança nem em casa, muito menos em frente a outras pessoas e, ainda menos dizer “tu és isto ou aquilo”, já que isso são os tais rótulos que se pretende combater.
 
Pode-se dizer que “não gostei que tivesses atirado a bola ao vidro” ou “não é bonito dizer isso a uma pessoa”. Com este tipo de frase, não se aponta o dedo à criança ou jovem, mas critica-se o comportamento.
 
O elogio faz sempre bem quando sincero e merecido pelo que se pode dizer com alguma regularidade “tenta que vais conseguir” ou “tens mesmo melhorado bastante”, “já estás quase a conseguir” ou “parabéns, conseguiste”!
 
Fátima Fernandes