Na posição dos entendidos nesta matéria, «ter um filho é uma imensa oportunidade de nos melhorarmos».
A partir do momento em que um casal recebe um bebé nos seus braços, o mundo deixa de ser o que era e a própria vida passa a ser encarada de outra forma.
O simples facto de um pai e de uma mãe saber que terá de ser um bom exemplo para o/a filho/a, faz com que tudo mude e, isso não quer dizer que a vida tenha de girar em torno do novo ser que acaba de chegar a casa, mas sim que é muito importante alterar hábitos porque se tem um propósito maior.
Quando assumimos a parentalidade percebemos que, não existe maior sensação, nem plano de carreira, nem ambição para ganhar mais dinheiro e ainda menos objetivos tão elevados como ajudar a formar um ser humano, o mais feliz e completo possível.
Deixamos de lado muitas crenças, passamos a aceitar muito mais e a amar de uma forma diferente. Passamos a encarar a vida de uma forma mais agradável e alegre e a minimizar aquilo que realmente não tem qualquer importância perante a grandiosidade humana.
Adquirimos novos hábitos familiares, passamos a enaltecer muito mais os pequenos gestos e os momentos em conjunto, pelo que aprendemos a chegar mais cedo a casa, temos menos tempo para estar em momentos sociais porque temos um ser de braços abertos à nossa espera e queremos reunir todos os minutos do nosso dia para estar em família e para ver crescer aquele novo ser.
Tornamo-nos mais humanos e defendemos causas maiores porque o/a nosso/a filho/a precisa de viver num mundo mais saudável e sustentável. Separamos o lixo, preocupamo-nos com a causa ambiental e queremos que aquele novo ser também o faça.
Quando o/ a nosso/a filho/a adoece, reunimos o máximo das nossas forças para que melhore rapidamente. Somos médicos, enfermeiros e queremos que aquele momento passe o mais rapidamente possível. É nessas alturas que percebemos o quanto podemos ser grandes e pequenos ao mesmo tempo e que tomamos consciência do quanto um problema de saúde nos faz sofrer, mas ao mesmo tempo, ganhar forças para continuar a lutar.
Deixamos de conduzir em excesso de velocidade porque sabemos que precisamos de proteger aquele bem precioso, adquirimos novos hábitos alimentares porque queremos viver muitos e bons anos para estar ao lado de quem tanto precisa de nós e que também queremos ver crescer.
Passamos muitos problemas para segundo plano porque, acima de tudo está a nossa vida familiar, o amor que somos capazes de construir diariamente e desenvolver para que o nosso tesouro viva num ambiente saudável e equilibrado.
Queremos ter a calma e a paciência necessárias para enfrentar uma birra no supermercado, para ensinar o melhor que sabemos, para exigir o essencial para que aquele novo ser se desenvolva com capacidade para enfrentar o mundo.
Tornamo-nos mais poupados porque queremos garantir que não faltará o essencial para a nossa família e, ao mesmo tempo, não nos preocupamos em mudar de roupa todos os anos, em comprar novos ténis, ainda que não sejam de marca, mas que sejam confortáveis para que o/a nosso/a filho/a esteja bem, que seja aceite socialmente e que se possa integrar da melhor forma possível.
Preocupamo-nos com tantos pormenores que, efetivamente, seria muito difícil passar pela experiência sem nos tornarmos pessoas muito melhores, muito mais flexíveis, muito mais confiantes e humanas.
Ser pai ou mãe é um pretexto para adquirir novos hábitos de vida, uma inspiração para pensar de forma distinta e um pretexto para orientar as nossas ações num sentido mais positivo. É a força para nos tornarmos mais assertivos porque temos de defender os interesses daquele novo ser, de pedirmos licença numa fila porque o bebé precisa de algo e, acima de tudo, de nos tornarmos mais fortes porque passamos a enfrentar os nossos medos quando temos de dar coragem aos nossos rebentos.
Ser pai ou mãe é a experiência maior e mais enriquecedora que um ser humano pode viver, por isso, desejar um filho e dar-lhe a oportunidade de fazer parte deste mundo, é um grandioso pretexto para tornar tudo á nossa volta muito melhor, pois afinal, queremos que esse novo ser tenha condições para crescer e desenvolver-se de forma saudável e feliz!
Fátima Fernandes
