De olhos postos no panorama nacional que nos ajuda a compreender a realidade do país como um todo, o Algarve Primeiro falou com Vítor Guerreiro, autarca de São Brás de Alportel, para saber a sua opinião acerca do trágico acidente que vitimou quatro pessoas e, para o qual já foi aberto um inquérito para apurar responsabilidades.
Enquanto cidadão, Vítor Guerreiro afirmou que, «este tipo de situações não podem acontecer, uma vez que os portugueses têm de sentir confiança nas suas instituições. A prontidão e a boa articulação das entidades que nos prestam socorro em situações de catástrofe, é fundamental para garantir essa confiança e eficácia».
Fazendo um ponto de situação, a partir do que tem sido veiculado pela comunicação social, Vítor Guerreiro assume que, «o fundamental neste tipo de ocorrências é encurtar o tempo de resposta para prestar esse socorro. Neste caso, o que me parece essencial referir é que as pessoas que têm essa responsabilidade, têm de ter uma formação específica para poder intervir. Refiro-me à Proteção Civil Nacional e à entidade que é responsável pelo controlo do tráfego aéreo que é a NAV».
Em seu entender, «quem está simplesmente a atender o telefone, tem de ter uma formação e uma capacidade de resposta muito rápida e perceber quais os procedimentos que deve desenvolver no imediato».
Com base no que tem sido veiculado pelos jornais, «a NAV levou 20 minutos até acionar a Proteção Civil, quando isto tem de ocorrer no imediato. Mais pormenores, não sabemos para já, mas enquanto cidadão sublinho que, os meios têm de garantir uma prontidão de resposta».
Na posição de Vítor Guerreiro, «a resposta demorou muito tempo. Depois, temos de ter em conta que, estas informações passam para o exterior e, as populações não acreditam nas entidades. Infelizmente temos assistido a vários casos que abalam essa confiança e, é isso que devemos todos pensar».
«O Estado deve investir muito na formação dos profissionais, depois tem de traçar circuitos muito rápidos e eficientes em situações de resposta como esta. Para mim, essa é a base para devolver a confiança aos cidadãos», defende.
Como autarca e como cidadão, «nós temos de estar tranquilos; temos de saber que, quando fazemos um telefonema para o 112, somos encaminhados de uma forma muito rápida e eficiente por forma a que o socorro seja prestado o mais rápido possível».
Vítor Guerreiro diz que são muitas as questões que ainda se colocam relativamente ao acidente, «o que é que realmente aconteceu? Será que o helicóptero estava a voar a uma altura suficiente, será que a antena com que chocou, tinha a luz de presença ligada? Há um conjunto de respostas que precisamos de conhecer para entender melhor o que aconteceu o que nos leva a ter de pensar em tudo isto e a exigir uma fiscalização muito apertada também ao nível dos equipamentos».
O edil de São Brás de Alportel, diz que «todos estes pormenores contam quando se trata de proteger a vida das pessoas e, no meu entender, tem de existir uma articulação entre meios e profissionais para minimizar tudo aquilo que possa colocar em risco as pessoas. Não podem existir dúvidas de qualquer espécie na operacionalidade, quer em termos de prevenção, para haver a certeza de que tudo está nas devidas condições para poder operar, quer em termos de socorro, em que os profissionais estão à altura da função que desempenham».
Vítor Guerreiro reforçou que, «no nosso país há muita burocracia e perde-se muito tempo em situações importantes que deveriam conhecer uma maior rapidez. Perdemos oportunidades devido a essa burocracia; há circuitos que demoram demasiado tempo a funcionarem e a estarem prontos para responder, penso que é aí que temos de encurtar, pois quando se trata de socorro, a resposta tem de ser dada ao segundo, não se pode perder tempo com este tipo de deslocações de um lado para o outro. Deve haver linhas muito diretas, estar tudo muito bem percebido pelos profissionais que têm esta competência e responsabilidade».
Para terminar, Vítor Guerreiro evidenciou também a importância de se melhorar a imagem dos nossos meios de socorro no exterior, «têm sido muitos os episódios que mancham a imagem do país com estas falhas, pelo que, até por essa razão, é urgente encurtar caminho e atacar o problema de forma direta e bem posicionada».