Comportamentos

O respeito é a base de todas as relações. Faça a sua própria avaliação!

 
Respeitar e ser respeitado é a base de qualquer relação com outra pessoa seja em que circunstâncias for.

 
O primeiro passo para que alguém receba esse respeito é respeitar-se a si mesmo. Alguém que se aceita e assume tal como é, será muito mais capaz de dar esse respeito aos outros e de manter relações de qualidade. Para facilitar essa tarefa que nem sempre é fácil, sugerimos que faça a sua própria avaliação tendo por base estas dicas:
 
- O respeito é baseado na integridade de cada pessoa e na forma como cada indivíduo trata o outro. Quem dá respeito, naturalmente que colhe esse respeito.
 
- Para ser respeitado, é preciso sentir-se bem consigo mesmo. Uma pessoa que se critica demasiado, que se julga ou inferioriza em demasia terá muita dificuldade em aceitar os outros em liberdade. Pelo contrário, quem se aceita tal como é e procura melhorar-se, será igualmente capaz de tratar bem as outras pessoas. Isto é uma aprendizagem contínua que resulta da tentativa e erro.
 
- O grau académico, o estatuto profissional ou um qualquer cargo que se ocupe, não produzem naturalmente o respeito dos outros. O respeito resulta da “marca” pessoal que cada um consegue conquistar a partir dos seus atos na vida pública e privada, tal como daquilo em que acredita, dos seus valores e da forma como consegue transmitir essas qualidades humanas aos outros. Somos respeitados quando gostamos de nós mesmos. Gostamos dos outros quando nos aceitamos e gostamos de quem somos.
 
-  O respeito não é agradar aos outros em troca de um qualquer benefício, mas sim ser educado e medir as consequências dos seus atos. Agradar é uma consequência de quem se assume tal como é, e gosta de ser bem tratado. Ao dar essa informação positiva, espera um retorno positivo também por parte do outro.
 
- O respeito resulta de um controle emocional. Pensar antes de agir é uma ferramenta muito importante para qualquer relação humana. Quando não sabemos o que dizer ou fazer numa determinada situação, fica bem dizer “não sei, desculpe” ou “podemos falar mais tarde?”. A melhor solução é assumir que não se sabe em vez de “disparatar” com os outros. Não somos máquinas e, ao termos essa consciência, saberemos lidar de forma mais madura e responsável nas mais variadas situações. Recorde-se que, nunca está tudo sabido nas relações, pelo que estamos sempre a melhorar-nos para fazermos melhor.
 
- Saiba dizer “não!” quando assim o entender, mas procure a melhor forma de o fazer. Ser respeitado não traduz concordar com tudo, mas sim aprender a retirar-se das situações e assumir uma posição. Imagine que não gosta de algo que ouviu, pode chegar-se a essa pessoa e dizer-lhe educadamente qualquer uma destas expressões: “não concordo consigo, não gostei do que disse a meu respeito, não posso aceitar essa interpretação que fez a meu respeito”. Ao mesmo tempo, pode declinar um convite sem precisar de arranjar uma desculpa, basta dizer, “não me apetece, ficará para a próxima” e também se pode afastar de pessoas de que não gosta sem lhes dar alguma explicação. Às vezes também é uma marca de respeito não discutir diferenças com os outros. O silêncio e o afastamento falam por si, mas tenha cuidado, não deve falar acerca dessa situação com outras pessoas, pois facilmente a informação vai gerar conflitos. Assuma que não se quer relacionar com alguém e que não quer falar sobre o assunto. Uma marca de respeito pessoal também é guardar para nós muitos dos nossos pensamentos e sentimentos. Não temos de tornar “público” tudo o que sentimos. Temos de medir as consequências dos nossos atos para que respeitemos e sejamos respeitados.
 
- O respeito parental conquista-se também com bons exemplos pessoais. Um pai ou uma mãe que é coerente, que define regras e assume erros, consegue exercer a sua autoridade perante os filhos e ser respeitado/a. Estes pais sabem que o respeito resulta tanto da capacidade de aceitar uma opinião dos filhos como de os chamar a atenção quando fazem algo de errado. É tão importante dizer o que se pensa sobre uma situação, como ouvir o argumento dos filhos em sua defesa. Isto é respeito de parte a parte. O respeito reside tanto na brincadeira em que se cumprem as regras de trânsito, como na capacidade de explicar aos nossos filhos que se teve um acidente porque ocorreu uma distração. Ao falarmos abertamente sobre todos os assuntos, estamos a impor respeito e a ensinar os nossos filhos a analisar a realidade. Ao lhes ensinarmos as regras, eles percebem que há limites para tudo.
 
- O respeito ensina-se na prática do dia a dia. À medida em que os outros nos colocam os seus limites, percebemos onde é que podemos ir. Se não nos colocarem limites, teremos de ser nós a perceber onde é que eles estão. Facilita muito as relações quando cada um define as suas regras e aquilo que exige de si mesmo e dos outros. Se o namorado fala muito alto connosco, devemos dizer que não permitimos essa forma de tratamento. Se a namorada chega constantemente atrasada, devemos dizer-lhe que isso não está correto e que, para a próxima nos vamos embora. A base do respeito é que cada pessoa coloque os seus limites aos outros. No fundo, são os “travões” necessários para que cada um saiba que não pode ultrapassar aquela margem e, isso todos temos de fazer em qualquer idade e circunstância, já que o respeito também é um ato de responsabilidade.
 
- Pensar por si mesmo facilita qualquer relação, pelo que deve ser estimulado desde cedo nos mais novos. Mostrar ao outro que temos uma opinião, liberta a relação para uma melhor convivência, pois ambos sabem que dizem o que pensam e que cada um saberá colocar os seus limites quando algo não lhe agradar. Muitas vezes, não temos esta consciência, acabamos por deixar evoluir demasiado a relação e depois queremos colocar limites à pressa. Devemos aprender com este erro e procurar estar presentes na relação. Falar o que queremos e ouvir também o outro ajuda nessa tarefa. Quando percebemos que o outro está a ultrapassar os seus limites, devemos dizer-lhe. Nestes casos, a base é saber que tipo de relação se pretende com aquela pessoa. Se for um relacionamento intimo, convém saber mais acerca do outro, se for para “beber um copo”, talvez não interesse tanto a história de vida de cada um. Este sentido de oportunidade é muito importante para manter uma conversa, para estabelecer limites e manter vivo o respeito por cada um. Dar o exemplo é importante, mais uma vez. Devemos mostrar ao outro aquilo que pretendemos em cada ocasião para lhe dar liberdade de aceitar ou não.  
 
- Podemos enganar-nos em relação às pessoas, podemos pensar que a relação iria decorrer num sentido e, afinal foi para outro. A melhor forma de respeito é assumir que nos enganamos, que erramos e que, a qualquer momento, podemos sempre mudar o rumo de uma relação. Para isso, é preciso respeitar-nos a nós próprios e respeitarmos a posição do outro. Nem toda a gente gosta de nós, tal como nós também não temos essa capacidade com todas as pessoas. Podemos simplesmente afastar-nos delicadamente, pois certamente que o outro vai compreender que não estamos interessados. Discutir diferenças não é solução para os problemas. Podemos dizer a verdade se a soubermos dizer sem faltar ao respeito pelo outro. Cada pessoa é livre de ser como é, nós podemos ou não gostar dela.
 
- Respeitar o outro é ser o mais sincero possível. Quando não se diz que não se gosta com frontalidade para não magoar o outro, também não se deve humilhar ou ofender que isso é uma falta de respeito. “Estar ocupado” facilita a compreensão da nossa falta de interesse. Dar espaço e tempo ao outro permite-lhe pensar e compreender que não estamos interessados em manter proximidade. Muitas vezes, o afastamento é o melhor desfecho para uma relação sem solução. Aceitar a saída do outro também é um ato de respeito.
 
- Dizer a verdade é sempre importante para nos respeitarmos a nós mesmos e aos outros, temos é de encontrar formas criativas para expressar a nossa opinião. Podemos simplesmente dizer “não gostei muito do nosso primeiro encontro. É melhor ficarmos por aqui”. Em relações mais longas, podemos sempre dizer que, “não me posso enganar e não te quero enganar”, pois o fingimento e a manipulação não se encontram com o respeito. Às vezes é mais fácil abarcar as culpas dizendo “eu pensei que estava disponível para esta relação, mas não estava”.
 
- Aprender a respeitar a opinião do outro também é fundamental para qualquer relação. Eu não concordo, mas aceito que o outro pense de outra forma. Se encontrarmos cumplicidade noutros pontos, a nossa relação será facilitada, se aquilo que nos une é só esse assunto, então é melhor que cada um naturalmente siga o seu caminho. A relação sobrevive quando há pontos em comum, pois caso contrário, serão muitas as faltas de respeito mútuo que vão gerar um mau ambiente. Também é uma forma de respeito perceber se não existe essa reciprocidade e se a relação vai ser tensa. Em muitos casos, gostaríamos de conviver com algumas pessoas, mas não conseguimos pela falta de empatia e de pontos em comum. Naturalmente devemos permitir que o tempo passe e afastar-nos de forma subtil.
 
Um ponto que muito compromete o respeito de parte a parte é o facto de as pessoas não estarem em sintonia. É importante ter em conta que se torna muito difícil respeitar alguém com quem não conseguimos conversar e estabelecer uma relação harmoniosa, pelo que devemos reservar-nos no nosso direito de não querer mais do que um simples e respeitoso cumprimento. Não temos de aprofundar uma relação só porque temos falta de companhia ou queremos acrescentar o nosso leque de amigos. Temos de nos dar ao respeito e, ao mesmo tempo, respeitar os outros. Há pessoas com quem é agradável estar mais tempo, outras menos e até outras com quem não nos apetece estar. O respeito é um ato de responsabilidade individual, já que temos de nos assumir tal como somos para fazermos “as melhores escolhas”. Dessa forma, estamos também a respeitar os outros. É também de anotar que, devemos aceitar que outra pessoa não goste de nós e não queira conviver connosco. Essa também é uma forma de nos respeitarmos, de não andarmos atrás de quem não nos liga e, ao mesmo tempo de nos respeitarmos.
 
Nas relações profissionais, temos de saber muito bem a nossa função para que a possamos respeitar. Temos de aceitar a chefia e decidir se somos capazes de respeitar a função que temos para que o respeito ocorra. Socialmente, podemos não gostar de muitas pessoas simplesmente porque não as conhecemos ou por falta de afinidade, por pertença a outros grupos, mas devemos respeitar cada um com as suas características.
 
Respeitamos as autoridades e preparamos os nossos filhos para que igualmente o façam, pois são as pessoas responsáveis pelo cumprimento das leis que organizam a nossa sociedade. Respeito é saber assumir um erro nas mais variadas circunstâncias e saber zelar pela nossa imagem de marca enquanto pessoas e cidadãos e isso, é um dever de todos.
 
Fátima Fernandes