O stress “faz” engordar

 
O aumento de peso é uma questão que continua a intrigar a população mundial e a que, a ciência procura responder de forma a minimizar o desconforto e os problemas de saúde associados.

 
“Nem só o que se come representa o peso que se ganha”, já que existem muitos outros fatores que podem determinar as alterações na balança.
 
A idade é um fator a ter em conta, já que com o envelhecimento, geralmente a partir dos 40 anos, ocorre uma diminuição no ritmo metabólico do organismo.
 
Esta desaceleração, entre muitos outros aspetos, conduz à acumulação de gordura e a um desequilíbrio hormonal que acarreta um conjunto de problemas de saúde, onde se inclui o aumento de peso.
 
No que se refere ao stress, são muitos os estudos que apontam este estado de descontrole como “uma verdadeira bomba” para todo o organismo.
 
Para além de aumentar a forme, o stress dificulta a sensação de saciedade, o que leva a um maior consumo calórico diário.
 
Está provado que, em situações de stress, aumenta o desejo de ingerir alimentos açucarados e gordurosos.
 
Um trabalho levado a cabo por investigadores do Instituto Weizmann, de Israel, e publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), demonstra que, “o estado de tensão, ativa uma área cerebral que produz a proteína UCN3.” Esta situação dá lugar a um conjunto de danos físicos, já que atua no fígado, pâncreas, coração e cérebro, além de despertar a vontade de comer. 
 
Ao mesmo tempo, a proteína também diminui a sensação de saciedade. O resultado é mais fome e menos sensação de “barriga cheia”.
 
O estudo sugere que, uma alteração à rotina diária pode conduzir a situações de stress. “Basta um problema de trabalho, uma desilusão amorosa para que, os chocolates, biscoitos gordurosos ou os produtos ‘fast-food’ se tornem mais apetitosos.”
 
Os investigadores são unânimes na importância de combater o stress e o mau humor, sob pena de toda a saúde física e emocional se ressentir.
 
Há crianças que crescem em ambiente de stress e que, naturalmente essa será a sua conduta, tal como há adultos que, aparentemente são tranquilos e que acabam por se deixar levar pela ansiedade de tal forma que perdem o autocontrole.
 
As doenças associadas ao stress e ansiedade são a Diabetes, hipertensão e colesterol, no entanto, sabe-se que, o stress e a ansiedade conduzem a um mau-estar generalizado, seja consigo mesmo, seja com os outros.
 
Na posição dos especialistas, não se pode tratar um problema de obesidade sem que se perceba a vida pessoal do paciente, e aquilo que lhe causa ansiedade e vontade de comer de forma desregulada.
 
Em situações de stress, há um aumento de produção de hormónios, como a cortisona, adrenalina e, um impacto em neurotransmissores, que servem de “gatilho” para a obesidade, hipertensão, diabetes e colesterol, principalmente para os que já tiverem influência genética.
 
Amelio Godoy Matos, membro do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, afirma que “existe uma explicação desde os tempos pré-históricos para a relação entre stress e ganho de peso.”
 
Na posição deste especialista,  “o stress é a perceção de uma ameaça.” Desde os tempos pré-históricos, a resposta do organismo humano em situações ameaçadoras é armazenar energia para sobreviver. “É instintivo, portanto, preservar gordura para enfrentar o stress”, explica o mesmo médico, alertando para a importância de combater o stress, para conseguir emagrecer.
 
A nutricionista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – especializada em adolescentes – Elaine Rocha de Pádua, acrescenta ainda que “a forma como o bebé foi amamentado pode explicar a sensação de ‘porto seguro’ associada à comida.”
 
Para a nutricionista, “o simples fato de a mãe oferecer o peito quando o bebé chora, incute na criança e, mais tarde no adulto, a ideia de que a comida é a grande aliada em situações de stress.”
Percebendo as causas do stress e a sua relação com a obesidade, estão reunidas as condições para ajudar os pacientes na tarefa de perda de peso e, alterar a ideia de que “sou assim, é normal”, pois são muitos os prejuízos para a saúde.
 
Aprender a pensar de outra forma, é a base para lidar com o stress. Tentar compreender a situação; o que realmente se passou e ultrapassar o problema na prática e não recorrendo à comida, pois “para além do aumento de peso, comer não resolve os nossos problemas.”
 
É fundamental conversar sobre aquilo que nos inquieta e procurar respostas e alternativas. Uma caminhada, não só permite o contacto com a natureza, a perda de calorias, como fomenta a libertação de energias e tensões negativas acumuladas no organismo.
 
Caminhar meia hora por dia, em boa companhia, pode ser um ponto relevante no combate ao stress.
 
O equilíbrio na alimentação também é importante não só para perder peso, como para evitar o stress.
 
Beber muita água ao longo do dia, também ajuda o organismo a libertar-se dos tóxicos, mas é imperioso pedir ajuda médica em situações que ultrapassam o controlo da pessoa. Em muitos casos, o stress está associado a questões hormonais que precisam de ser ajustadas, bem como a outros fatores que dão lugar a mudanças repentinas de humor e de instabilidade que precisam de ser analisadas.
 
Todas essas alterações contribuem para o aumento de peso, para a fome desenfreada e mau-estar, seja durante o dia, seja nas noites mal dormidas.
 
Algarve Primeiro