Depois de longos anos de expansão na construção, todos os indicadores demonstram uma inversão na tendência, pelo que é necessário encontrar alternativas num sistema mais empobrecido.
Segundo os dados do INE avançados esta segunda-feira, ocorreu novamente uma paragem na construção em Portugal.
Em linha com os sinais preocupantes revelados no final do ano passado, o regresso ao crescimento foi esquecido no quarto trimestre.
Depois de dois trimestres consecutivos de recuperação, a construção nacional voltou a cair entre outubro e dezembro. Esta é a conclusão dos dados estatísticos divulgados esta manhã pelo INE, que dão conta de um regresso às variações negativas num setor muito afetado pela crise económica dos últimos anos.
Entre outubro e dezembro do ano passado, as novas encomendas na construção caíram 8,1% face ao mesmo período de 2014, uma 'cambalhota' no crescimento superior a 6% dos dois trimestres anteriores.
A aposta cada vez maior na recuperação de património levou a uma quebra de 10,5% na construção de edifícios, que se juntou ao recuo de 25,4% nas obras de engenharia e afetou as contas finais do setor.
A queda das encomendas no quarto trimestre confirmou um recuo da construção nacional em 2015, espelhado na redução homóloga de 11,6% tendo em conta os doze meses do ano passado.
Perante estes dados, constata-se que, são cada vez mais os portugueses que apostam na recuperação de prédios que, sendo uma mais-valia para o embelezamento das cidades, acaba por ter custos mais baixos.
A manter-se esta tendência cujo mote foi dado em 2008 com o início da crise financeira que atravessou o mundo, muitos especialistas acreditam que os construtores terão de alterar a sua forma de pensar a profissão, sob pena de agravar a situação de muitas empresas do setor.
A procura por preços mais ajustados aos vencimentos e à capacidade orçamental das famílias, demonstra uma maior preocupação com o futuro, bem como uma forte contenção no investimento em património novo e, naturalmente mais dispendioso. Ao mesmo tempo, o acesso mais restrito ao crédito e a instabilidade profissional orientam a recuperação como a primeira escolha em muitos casos de famílias com menores recursos.
Muitos empresários “já se renderam à nova tendência do mercado” e apostam em preços mais apelativos de forma a equilibrar lucros e despesas que permitam manter o setor em atividade, mas a realidade não é de todo fácil para uma larga oferta de mão-de-obra e uma procura contida.