O Ginásio Clube Olhanense (GCO) assinala esta segunda-feira, 130 anos de existência (31-01-1892). É o clube mais velho a sul do Tejo e o quarto do país com maior longevidade.
Um emblema forte da cidade de Olhão, com especial enfoque no Basquetebol, formando também atletas nas áreas da Ginástica e Boxe. O Algarve Primeiro falou com António Guedes, presidente do clube, que disse ser uma grande responsabilidade liderar um projeto como o GCO, seguindo a missão de quem o fundou, pugnando por valorizar a cidade, o desporto, o associativismo e até a cultura.
Devido à atual situação pandémica, o responsável referiu que o grande objetivo, passa por recuperar os 56% de atletas que o clube perdeu desde o aparecimento da Covid.19, «é importante para nós e para outros clubes, recuperarmos toda esta juventude que deixou de praticar desporto, temos neste momento 160 atletas quando eram praticamente o dobro». É verdade que os atletas vão retomando à atividade desportiva, mas «está a ser mais fácil a retoma dos mais pequenos, do que os graúdos», assumiu. Com esta quebra de participantes, também a área financeira do clube se ressentiu. António Guedes disse que se não tivessem o apoio da Câmara Municipal de Olhão, o clube não tinha sustentabilidade, «felizmente temos contado com este apoio que é fundamental, para honrar a nossa história e a nossa missão», vincou.

Em termos de infraestruturas o clube está consolidado, tendo um pavilhão que não há muito tempo beneficiou de obras de recuperação, contudo, o presidente anunciou que está em cima da mesa, um outro projeto para a construção de um segundo pavilhão e a criação de uma academia para formar jovens, «temos uma equipa que está na Proliga, (segundo escalão do basquetebol de Portugal), e sentimos que é preciso alimentar mais para chegar a um patamar desportivo superior, a nossa formação não dá para lá chegarmos, mas estamos confiantes que dentro de três anos, teremos o segundo pavilhão e uma academia para formar atletas profissionais e aí sim, ambicionarmos a subida à 1ª divisão nacional».
O investimento na segunda fase do projeto, rondará os 500 a 600 mil euros, mas «estamos a contar com o apoio da Câmara, e talvez do IPDJ, e depois através de empréstimo bancário, porque as instalações são nossa propriedade».
Com cerca de 230 sócios, o GCO que ao longo da sua história ainda não chegou à 1ª divisão, leva António Guedes a assumir que está na hora de o emblema cumprir essa meta, «temos feito um percurso com a equipa sénior que veio desde o escalão mais baixo e temos vindo gradualmente a subir com sustentabilidade e sempre com atletas da nossa formação, porque a formação é essencial».
No último sábado, aproveitando o calendário regional de encontros das equipas de formação de Sub-8 e Sub-10, em que o Ginásio Clube Olhanense recebeu as equipas do Portimonense e do Imortal, foi feita uma celebração simbólica dos 130 anos do clube, com direito a bolo de aniversário.
Na ocasião, esteve também presente o executivo camarário de Olhão, tendo o presidente António Miguel Pina, referido que a autarquia sabe das novas ambições do clube, «além de uma boa relação institucional existente, há uma outra de amizade e mesmo de paixão, que eu próprio assumo, e portanto, temos vindo a projetar essa última fase de expansão, que contempla um segundo espaço de treinos e um outro que permita alojar atletas e desenvolver outras atividades, para diversificar a ação do clube. Trata-se de um investimento grande, mas queremos ainda este ano projetá-lo, para que até 2024 seja uma realidade».
Sobre o sonho do GCO chegar à primeira divisão, o autarca explicou que «é preciso criar condições para esses "voos"; e um projeto sustentado na formação, porque um clube longe dos grandes centros do basquetebol, quando pensa chegar à Liga, sem ter pelos menos metade da equipa fruto da formação, não prevejo grande sucesso e é preciso primeiro fazer esse trabalho», explicou.
António Pina sente-se em casa quando entra no GCO, apesar de ter começado a jogar basquetebol a partir dos 11 anos no Grupo Desportivo Os Olhanenses, prosseguiu a sua formação desportiva no Ginásio Clube Olhanense a partir dos 13 anos, modalidade que praticou até aos 25, quer como atleta e depois como árbitro: «ainda hoje vivo intensamente este clube, posso dizer que os meus dois filhos foram aqui atletas, o mais velho desde que entrou na universidade, não continuou nos seniores, o mais novo com 16 anos joga nos Sub-18, está neste momento na Final Four e também nos seniores». Questionado se a paixão pelo basquetebol veio da família, disse-nos que não, mas talvez, «lembro-me que o meu pai praticava basquetebol com os amigos, e eu acompanhava-o às terças à noite, mas pratiquei outras modalidades entre os 7 e os 11 anos, futebol e judo, só depois é que fiquei mesmo pelo basquetebol», concluiu.