Sociedade

Olhão recebe Festival Internacional "inédito no país" que junta Cinema e Literatura

 
Em Abril, o Algarve vai receber a primeira edição do Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão (FICLO).

 
O evento que foi hoje apresentado no Auditório Municipal de Olhão, inédito no país e raro ao nível europeu, propõe um programa diversificado com ligações surpreendentes entre o Cinema e a Literatura, e acontece entre 4 e 13 de Abril em vários locais da cidade.
 
Conforme avançaram aos jornalistas as diretoras do festival, ligadas ao Cineclube de Tavira, Débora Mateus e Candela Varas, nesta primeira edição, o "FICLO" apresenta uma competição internacional composta por 10 filmes, todos eles inéditos ou sem estreia comercial em Portugal, com origem em países tão diversos como Cazaquistão, Sérvia, Espanha, Ucrânia ou República Checa.
 
O festival programa ainda três ciclos: país convidado, este ano dedicado à Suécia; realizadoras, com a mais importante retrospectiva em Portugal da cineasta soviética Kira Muratova, falecida em 2018; Obra Criativa do Festival, nesta edição com um convite aos escritores Alexandra Lucas Coelho, Gonçalo M. Tavares e Nuno Moura para apresentar criações em diálogo com as imagens de três filmes mudos.
 
No dia 4 de Abril, o Auditório Municipal de Olhão abre as portas às 19h00 com o filme de abertura do "FICLO" 2019,"The Gentle Indifference of the World", de Adilkhan Yerzhanov, que vai estar presente na sessão.A longa-metragem serve ainda de inspiração a um menu fílmico, concebido pelo Chef Adérito Almeida, que será disponibilizado após a sessão e que decorre também no Auditório Municipal.
 
Criando uma oferta cultural sem precedentes na região, o "FICLO" vai agitar a cidade de Olhão com sessões especiais (special screenings), masterclasses, oficinas, instalações, performances, leituras e concertos.
 
Para além do Auditório Municipal de Olhão, o festival vai ter lugar na Associação Cultural Re-Criativa República 14, na Sociedade Recreativa Progresso Olhanense, no Mercado da Fruta (palco de declamações e local para uma livraria temporária), entre outros espaços olhanenses.
 
 
Com o objetivo de se tornar uma referência no panorama turístico do Algarve, o festival criou, em parceria os Tuk Tuk de Olhão e Tavira, Passeios Fílmicos – Turismo Cinematográfico. Através destes roteiros, o público pode percorrer locais da região que serviram de cenário a filmes de Manoel de Oliveira, João César Monteiro, Teresa Villaverde ou Tony Gatlif.
 
O "FICLO" é organizado pelo Cineclube de Tavira em co-produção com a Câmara Municipal de Olhão, contando com o apoio do programa cultural 365 Algarve.
 
Sendo mais um evento que terá o apoio deste Programa, a Comissária Anabela Afonso não faltou à apresentação do mesmo, focando que um dos motivos que levaram a prestar apoio a esta proposta, prende-se com a base do 365 Algarve, «conciliando à ação turística a componente cultural, e numa altura em que as duas Secretarias de Estado (turismo e cultura) que estão  por detrás deste programa têm envidado esforços para divulgar o país, o Algarve é também um destino que pode atrair produtores, realizadores da indústria do cinema, para serem rodados filmes. Achamos que aliar a isso um festival desta natureza que é único na região, marece o apoio de todos».
 
Anabela Afonso considerou que a junção dos dois "universos" da literatura e do cinema, «juntam talvez as áreas, mais ricas do que pode haver em termos de criação artística, além disto considero que o Algarve apesar de ser a região turística do país, pode vir a constituir-se como uma região procurada para residências artísticas, retiros para criações artísticas assim como nas áreas da Literatura e do Cinema».
 
António Miguel Pina, vincou o facto de estarem presentes os principais orgãos de comunicação social da região, «despertando já algum interesse, sendo um primeiro sinal positivo da iniciativa que se prevê que seja um sucesso».
 
O autarca agradeceu a «ousadia» das diretoras do Festival, representantes do Cineclube de Tavira, ao terem apresentado a ideia ao Município de Olhão, pelas circunstâncias de Tavira ter nesta altura o Cine-Teatro António Pinheiro em obras.
 
Realçou ainda o facto do Algarve ser um destino de sol e praia, «mas temos que ser mais competitivos, especialmente se estivermos a falar de destinos da orla do norte do Mediterrâneo, onde o preço por quarto é muito mais elevado, onde também há sol, em que as praias não são as mesmas que as nossas, mas existe desde há 50 ou 60 anos, uma grande oferta cultural, tal como estamos agora a lançar».
 
O edil apontou que a receita para a região deverá passar pela «oferta do sol e das boas praias, mas também ao nível da boa oferta cultural, sendo isso aquilo que nos pode diferenciar, e neste caso o Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão é um bom exemplo que ao longo do tempo irá marcar essa diferença».
 
Aliás, na área da cultura António Miguel Pina, lançou o desafio à Comissária do 365 Algarve, referindo que tem programadas para os próximos dias, várias reuniões com responsáveis culturais, de modo a que seja criado um programa contínuo de oferta cultural para o período de época baixa no concelho, esperando apresentar 4 a 5 grandes eventos, incluindo o "Poesia a Sul" e agora o "FICLO", entre outros.