Sociedade

OLHÃO:Bombeiros dão formação a reclusos na limpeza de espaços rurais

 
Num protocolo entre a Câmara Municipal e o Estabelecimento Prisional de Olhão, os reclusos estão a limpar espaços rurais do concelho, em especial em Moncarapacho onde há mais área florestal.

 
Para tentar saber mais pormenores acerca desta intervenção-piloto e que poderá servir de exemplo para outros locais da região e do país, o Algarve Primeiro falou com Luís Gomes, Comandante dos Bombeiros Municipais de Olhão, já que é a entidade que está no terreno a comandar as intervenções.
 
Para Luís Gomes, «este é um tipo de trabalho que há muito se fala, mas que fazia falta dar o primeiro passo. Estamos no terreno há uma semana e deveremos continuar até ao final de Agosto. Numa primeira apreciação, estamos muito satisfeitos com a forma como tudo está a decorrer em termos operacionais».
 
O Comandante dos Bombeiros clarificou que, «este tipo de ação reúne várias componentes já que, para nós Bombeiros e Proteção Civil, é muito mais vantajosa a aposta na prevenção do que no combate aos incêndios. Sabendo antecipadamente das zonas de maior risco, estamos a prevenir e, ao mesmo tempo, a sensibilizar a comunidade prisional para a mesma noção. Somos nós que estamos a dar formação e os resultados têm sido muito positivos».
 
 
Luís Gomes realça que, «ao mesmo tempo, é importante ter em conta que, estes homens já estão numa fase avançada no cumprimento das suas penas, trata-se de um grupo de sete reclusos que, nesta fase de vida, precisam de uma oportunidade de trabalho e de se sentirem integrados na sociedade. Não podemos esquecer todas estas componentes, sobretudo porque há muita falta de mão-de-obra para este tipo de trabalhos e, estes homens estão a receber a melhor preparação que temos para lhes fornecer».
 
Sublinhando os objetivos desta intervenção, o Comandante acredita que «este pode ser um exemplo para o futuro. Um exemplo que parte do nosso concelho e que poderá incentivar mais trabalhos de desmatação e limpeza ao longo do país, pois se queremos um território sem fogos, temos de apostar na prevenção e, havendo entidades interessadas em colaborar como é o caso do Estabelecimento Prisional de Olhão, só temos de proporcionar as condições para que tal se concretize».
 
Na prática, «os reclusos são transportados pelos Bombeiros para o local, neste caso a Estrada do Cerro de S. Miguel que é uma área vulnerável aos fogos e, vigiados por um guarda prisional, realizam o seu trabalho com muita qualidade e empenho e é isto que se pretende; dar a estes homens uma oportunidade de se sentirem valorizados, enquanto estão a fazer um importante trabalho para a comunidade em geral».
 
Após uma semana de trabalho, Luís Gomes não tem dúvidas de que «as intervenções estão a decorrer muito bem, já se notam alguns resultados, apesar de ainda estarmos longe do final. No total são dois meses de formação e desmatação, o que facilitará o balanço de toda esta operação».