Sociedade

Olhão recebeu comemorações do Dia Nacional do Bombeiro Profissional com corporações de todo o país

Olhão recebeu esta terça-feira a 11ª edição das comemorações oficiais do Dia Nacional do Bombeiro Profissional, com a presença de 32 Corpos de Bombeiros, numa formatura de duas horas, composta por 262 homens e mulheres a representar os Corpos Sapadores de Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia, Braga, Faro, Setúbal, Funchal e Coimbra, mais os Corpos Municipais de Santarém, Coruche, Cartaxo, Viana do Castelo, Loulé, Olhão, Figueira da Foz, Machico e Santa Cruz, da Madeira.

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Participaram ainda as Corporações de Voluntários de Barreiro, Viseu, Amadora, Estremoz, Viana do Castelo, Portimão e Albufeira, Câmara de Lobos mais sete corporações da Região Autónoma dos Açores.
 
A cerimónia organizada pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais contou com o apoio da autarquia de Olhão, tendo decorrido no Jardim Pescador Olhanense, numa tarde de sol tórrido, em que duas bombeiras tiveram de receber apoio, devido ao calor que se fazia sentir.
 
O Dia Nacional do Bombeiro Profissional foi assinalado pela primeira vez a 11 de setembro de 2008, e é promovido pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais.
 
A escolha da data prende-se com a intenção de homenagear todos os bombeiros que faleceram na sequência dos atentados às Torres Gémeas, em Nova Iorque, Estados Unidos, em setembro de 2001.
 
Na mesma cerimónia decorreu também uma homenagem aos Soldados da Paz que perderam a vida no desempenho das suas missões. 
 
Além da presença de todo executivo autárquico, esteve ainda presente o Secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves que presidiu à cerimónia, entre outros convidados representantes da Marinha, Forças de Segurança, Proteção Civil, RTA e deputados na Assembleia da República. 
 
Formatura com mais de 260 operacionais:
 
Fernando Curto, Presidente da Associação de Bombeiros Profissionais, começou por dizer que os bombeiros profissionais, «pelas lutas que efetuaram ao longo dos anos, ganharam um representação institucional legítima, assumindo um papel preponderante em todos os Órgãos onde estão representados, bem como na vida das populações, levando a que a profissão de bombeiro profissional se tornasse numa referência nacional».
 
Para tal a ANBP, nas palavras de Fernando Curto «possui planos anuais de formação, em centenas de horas a todos os bombeiros».
 
Este responsável, apontou que é necessário mais investimento nos Bombeiros Profissionais, «para salvaguardar as populações a floresta e na prevenção que se exige, especialmente na área da proteção civil». 
 
Depois das «tragédias» a que o País tem assistido, desde Pedrogão Grande, Castanheira de Pera ou mais recentemente em Monchique, «é cada vez mais importante o investimento do Governo».
 
Apesar dos avanços dos últimos anos, o Presidente da ANBP, chamou a atenção para o grande incêndio de Monchique que devastou 28 mil hectares de terreno, frisando que «o que aconteceu, obriga, uma vez mais, a que questionemos a atuação no terreno, no combate aos incêndios florestais, porque não se entende como é que demorou tanto o combate e tanto ficou destruído».
 
Nos incêndios de Pedrogão Grande, Castanheira de Pera, Góis e todas as localidades onde o fogo ceifou vidas e casas «é preciso saber o que se passou, ao certo, e o que falhou no comando e gestão de meios, para que não se repita», declarou.
 
Numa critica à gestão de meios em grandes fogos, Fernando Curto avançou «que é necessário e urgente que os decisores técnicos, os que comandam homens, viaturas e meios aéreos no teatro de operações, adquiram uma nova aprendizagem académica e novos métodos de decisão e comando, que possam ser rejuvenescidos e tornar-se uma mais-valia na estratégia da proteção civil».
 
A questão da progressão da carreira dos bombeiros, o horário extraordinário, a falta de regulamentação, a questão de um vencimento digno, aposentação justa, dar mais apoio às autarquias para estas investirem mais nos Corpos de Bombeiros, e a conclusão de reformas de fundo, foram outros temas abordados por Fernando Curto.
 
À direita o Comandante dos Bombeiros Municipais de Olhão, Luís Gomes:
 
António Miguel Pina, Presidente da Câmara Municipal de Olhão, focou-se na valorização dos Soldados da Paz, e na «dignidade que merecem, pelo ato de voluntarismo e de missão e pelo que fazem muito além daquilo que é a profissão».
 
O autarca pede mais justiça para com «estes homens e mulheres», e destacou que os decisores políticos do Município não só deste mandato, bateram-se nos últimos anos pela criação das carreiras, com operacionais a passarem à segunda categoria, numa corporação de quase 50 bombeiros, onde eram todos de terceira classe».
 
Disse não conceber que os operacionais do Corpo de Bombeiros de Olhão não tivessem, material de proteção individual no combate aos incêndios, realçando que esse investimento camarário «nem é para agradecer, pois é do mais básico, podermos proporcionar garantias ao vosso desempenho e missão».
 
Apesar de estar projetado um novo Quartel para os Bombeiros de Olhão, o edil lembrou que o atual Quartel, «foi-se modernizando à custa da força e empenho dos próprios Bombeiros que fizeram muito desse trabalho de adaptação do espaço, onde era uma adega», exemplo que levou o autarca a afirmar que é um «apaixonado», pela forma como os Bombeiros, realizam as suas missões com «abnegação».
 
Num tom de valorização dos operacionais e indo ao encontro do Presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, António Miguel Pina, salientou a «importância de resolver com rapidez a questão das carreiras profissionais, pois os Bombeiros Profissionais estão equiparados a assistentes operacionais, o mesmo que outros colegas de profissões menos complexas, com ordenados que nem chegam aos 600 euros, combatem os fogos e protegem-nos diariamente».
 
Atendendo à atenção dada sobre esta matéria por parte do Ministro da Administração Interna e do Secretário de Estado da Proteção Civil, o autarca acredita que em breve esta situação será resolvida, sendo necessário que as Corporações de Bombeiros, façam parte, das entidades de proteção nacional como as forças de segurança, por exemplo, não concebendo que a Proteção Civil em Portugal seja feita por voluntários, lançando o repto ao Secretário de Estado e aos autarcas para que profissionalizem os seus Corpos de Bombeiros.
 
Por último, o Secretário de Estado, lembrou que conhece bem a realidade dos bombeiros, já que foi autarca durante 24 anos.
 
O Governante realçou a mudança de atitude encetada no último ano junto da população e proprietários rurais, «os mais indefesos».
 
O responsável pela Proteção Civil, afirmou que «foi no inverno que começou o combate aos fogos do Verão, e aí os portugueses estiveram à altura, colocaram-se do lado da solução e não do lado do problema».
 
José Artur Neves afiançou que há muito trabalho a fazer, já a partir de outubro, na prevenção, «porque controlar as condições atmosféricas, com altas temperaturas, ventos muito fortes, topografias de terrenos de difícil acesso, prolongados períodos de seca, num incêndio rural, por muito profissionalismo, por muito conhecimento é quase impossível dominar a força do fogo».
 
O Secretário de Estado, falou da criação junto dos portugueses «da cultura de segurança, e a eficácia da estratégia de serem os militares da GNR a combaterem o fogo inicial, tendo inclusive detido icendiários em flagrante delito».
 
Quanto às carreiras, o Secretário de Estado prometeu novidades na sequência da Lei Orgânica da Autoridade Nacional de Proteção Civil, onde está prevista a carreira única associada ao bombeiro profissional, numa parceria com a Secretaria de Estado do Emprego Público, «procurando valorizar a profissão de bombeiro, a carreira e a vossa farda».