Política

Os Verdes exigem esclarecimentos ao Governo sobre o projeto da “Cidade Lacustre”

 
A deputada Mariana Silva do Grupo Parlamentar Os Verdes, entregou na Assembleia da República uma pergunta, em que questiona o Governo, através do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, sobre a Avaliação de Impacto Ambiental de uma operação de loteamento denominada “Cidade Lacustre”, empreendimento turístico de 58,6 hectares, situado entre a marina de Vilamoura e a Praia da Rocha Baixinha, no concelho de Loulé.

 
Em comunicado, a mesma força partidária faz saber que, “se encontrou em discussão pública, por apenas 10 dias”, a avaliação de Impacto Ambiental (AIA) da “Cidade Lacustre”, razão pela qual exige mais esclarecimentos ao referido ministério.
 
Refere que o plano de urbanização de Vilamoura de 1998 prevê o loteamento, tendo em 2008 o projeto em causa sido classificado como PIN (Projeto de Interesse Nacional), “mas entende-se que a justificação não pode ter como base instrumentos legais que estão desajustados daquelas que são hoje as exigências climáticas e o interesse comum”.
 
Dada a sua localização, perto de uma linha de água e numa área suscetível de galgamento do mar, o projeto define a criação de lagos artificiais e diques, que para Os Verdes serve “para justificar a viabilidade e segurança dos utilizadores”. O partido refere que estes lagos foram alvo de um AIA autónomo com parecer favorável condicionado, sublinha.
 
Segundo Os Verdes, o projeto em causa “replica os sucessivos erros de construção obsoleta ao longo da costa algarvia”, ignorando a importância dos ecossistemas costeiros, não respeitando a dinâmica litoral e dos rios.
 
Entende a força partidária que, os ambientes costeiros, o património cultural e arqueológico (ruínas romanas “Cerro da Vila”), não irão ser assegurados por via de um projeto que pretende “privatizar aquilo que é e tem de continuar a ser do domínio público”.
 
Empreendimentos turísticos destes moldes “não desenvolvem uma região nem têm sustentabilidade económica”, sublinham, acrescentando que, a construção de mais um empreendimento não corresponde aquelas que são hoje as necessidades das populações, na defesa pela conservação da natureza, nem tão pouco aquilo que tem vindo a ser defendido como prioridade para o território no que toca ao combate às alterações climáticas.
 
No mesmo comunicado, Os Verdes assumem que, os valores que estão em causa são:
 
a) os ecossistemas ribeirinhos, galerias ripícolas e todo o equilíbrio hidrológico, pela ribeira de Quarteira;
 
b) o património cultural e arqueológicos através das ruínas romanas do "Cerro da Vila";
 
c) o acesso às praias;
 
d) a biodiversidade do sistema costeiro e ribeirinho, flora, fauna e habitats;
 
e) o direito à paisagem e aos ecossistemas costeiros;
 
f) o consumo e gestão da água;
 
g) as águas subterrâneas.
 
Neste enquadramento, a deputada a deputada Mariana Silva, solicitou ao Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo a seguinte pergunta, para que o Ministério do Ambiente e da Ação Climática possa prestar os seguintes esclarecimentos:
 
1 - Que conhecimento tem esse Ministério do Ambiente e da Ação Climática da situação acima exposta?
 
2 – Que conhecimento e acompanhamento tem a CCDR, a APA, ICNF e a DGPC vindo a fazer desta questão?
 
3 – Considera o Ministério aceitável que o projeto assente em planos obsoletos (PDM, Plano de Urbanização e Plano de Ordenamento da Orla Costeira) permita a destruição da biodiversidade e de habitats?
 
4 – Está acautelado o facto de existirem projeções do avanço do mar sendo esta zona costeira suscetível de galgamento?
 
5 – Como se justifica a construção de mais um empreendimento turístico na costa?
 
6 - Entende-se que empreendimentos turísticos megalómanos na costa são do interesse nacional?
 
7 - Como é que este projeto se enquadra na agenda das alterações climáticas?
 
Redação