Numa publicação, a Universidade do Algarve explica que Pedro Fonte, além de farmacêutico, é doutorado em Ciências Farmacêuticas com especialização em Nanotecnologias e com formação complementar em gestão, onde tem desenvolvido trabalho na área da Tecnologia Farmacêutica, com foco em nanomedicina e sistemas avançados de administração de fármacos. O seu objetivo passa por “melhorar a eficácia e a segurança dos medicamentos”, integrando ciência, tecnologia e visão estratégica do setor.
A sua ligação à UAlg começou em 2019, através do Concurso Estímulo ao Emprego Científico (CEEC), que lhe permitiu integrar a área da Tecnologia Farmacêutica e lançar uma linha de investigação própria. "Desde então, tem conjugado investigação e docência, participando também ativamente na formação avançada, incluindo funções de direção no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas", realça a academia.
Quando explica o seu trabalho fora do contexto técnico, o investigador recorre a uma imagem simples: as nanopartículas funcionam como “transportadores inteligentes” que protegem o fármaco e o conduzem ao local onde é necessário. Esta abordagem pode ser determinante em áreas como cancro, diabetes e medicina regenerativa, permitindo tratamentos mais direcionados e com menores efeitos adversos.
Entre os projetos em curso, destaca-se o desenvolvimento de um produto nanotecnológico com fatores de crescimento capazes de formar um hidrogel no momento da aplicação em feridas - uma solução com relevância adicional por dispensar cadeia de frio, o que a torna útil “em contextos de guerra, catástrofe ou em países com recursos limitados”.
Também estão em desenvolvimento transportadores lipídicos para administração de proteínas terapêuticas e plataformas de microfluídica com aplicações promissoras na regeneração tecidular.
Neste percurso, destaca-se também o potencial impacto social da investigação desenvolvida pelo docente, ao responder a desafios concretos da saúde pública e da equidade no acesso a tratamentos. Ao apostar em soluções terapêuticas mais eficientes e em tecnologias que reduzem custos, simplificam a administração e podem dispensar infraestruturas complexas, o trabalho de Pedro Fonte aponta para benefícios diretos na qualidade de vida dos doentes e na sustentabilidade dos sistemas de saúde. "Esta dimensão ganha particular relevância em contextos de maior vulnerabilidade, onde a inovação pode significar não apenas melhores terapias, mas também maior justiça no acesso aos cuidados", lê-se na publicação.
Para Pedro Fonte, o impacto da sua investigação passa por melhorar terapias e aproximar o conhecimento da sociedade e da indústria. As suas linhas de trabalho procuram contribuir para soluções mais eficazes, seguras e acessíveis, promovendo também a transferência de conhecimento e a formação de jovens investigadores.
Sobre a distinção agora atribuída, que se materializa na entrega de um diploma e de uma dotação no valor de € 5.000, o investigador afirma: “recebi a notícia com um grande sentido de honra e responsabilidade”, sublinhando que este reconhecimento representa também um estímulo para continuar a aprofundar a investigação e a contribuir para a projeção científica da instituição.
Para o docente, este é igualmente um prémio que valida um percurso construído com rigor e compromisso académico, reforçando a confiança no potencial transformador da ciência desenvolvida na UAlg.
Olhando para o futuro, Pedro Fonte pretende consolidar linhas estratégicas na nanomedicina e na estabilização de biomoléculas sem cadeia de frio, reforçar colaborações nacionais e internacionais e continuar a formar equipas fortes e multidisciplinares. A ambição é transformar conhecimento científico em soluções terapêuticas robustas e clinicamente relevantes, com impacto real na saúde e na sociedade.