Comportamentos

Pessoas que fazem de conta «que está tudo bem» - riscos para a saúde

As pessoas que reprimem as emoções negativas, que fazem de conta que está tudo bem quando na realidade não está e que fogem desse confronto, estão a acumular sofrimento.
As pessoas que reprimem as emoções negativas, que fazem de conta que está tudo bem quando na realidade não está e que fogem desse confronto, estão a acumular sofrimento.  
Foto: Freepik
Muitas pessoas acreditam que, ao fazerem de conta que “está tudo bem”, as emoções negativas desaparecem, mas na realidade não é assim.

Segundo os especialistas na  área da saúde mental, «uma emoção reprimida não desaparece, apenas retorna ainda com mais força». Neste sentido, quem foge das emoções negativas, «apenas está a iludir-se de que consegue libertar-se desse mal-estar quando na prática só o está a evitar momentaneamente», completam.
 
As pessoas que reprimem as emoções negativas, que fazem de conta que está tudo bem quando na realidade não está e que fogem desse confronto, estão a acumular sofrimento porque, efetivamente o ser humano precisa de assumir o bom e o mau, o certo e o errado. De acordo com a ciência, essa fuga deve-se ao medo da dor que tais emoções negativas provoca, sentimento esse que se agrava ao fazer de conta que nada se passa, sublinham.
 
É evidente que as pessoas são todas diferentes umas das outras e que apresentam distintos modos de sentir e de pensar, contudo, é fundamental que cada indivíduo encontre a sua forma de descompressão e libertação emocional, sob pena de acumular também muitos problemas de saúde, alertam os mesmos entendidos.
 
De acordo com os mesmos especialistas, reprimir uma emoção apenas dá lugar a que não a consigamos descodificar e entender, quando tudo o que nos acontece é por algum motivo e tem em si uma aprendizagem ou uma necessidade de mudança. Ao não nos confrontarmos com aquilo que estamos a sentir, acabamos também por  perder essa oportunidade e por aumentar o sofrimento.
 
Depois, é também crucial entender que, uma pessoa que finge para mostrar aos outros que está tudo bem, quer enganar-se a si mesma para acreditar que está mesmo tudo bem, mas dentro de si sabe que isso não é possível e que não corresponde à verdade, facto que aumenta a dor emocional na posição dos entendidos que sublinham a infelicidade que tal conduta acarreta.
 
Na mesma sequência, alguém que faz de conta que está tudo bem acaba por desenvolver uma positividade tóxica na medida em que se engana e tenta fazer o mesmo aos outros. O facto de fugir da sua própria realidade e verdade também é tóxico e prejudicial tanto para a saúde como para as relações que vivência com os demais, alertam os entendidos.
 
Uma consequência muito prejudicial desse tipo de fuga das emoções negativas é, naturalmente a explosão emocional que resulta da acumulação de maus pensamentos, de fugas da realidade e de emoções reprimidas.
 
A ciência alerta para o perigo de adoecer física e mentalmente, na medida em que, reprimir emoções dá lugar a problemas gastrintestinais, cardiovasculares (como enfarte e AVC) e no fígado. Além disso, temos de incluir o desenvolvimento de doenças mentais como os transtornos ansiosos, a depressão e a síndrome de burnout que, tendem a acentuar-se em pessoas que não expressam as suas emoções.
 
Segundo os entendidos, aprender a gerir as emoções é a base para que se consiga aceitá-las, compreender o que nos querem dizer, aceitar que temos de alterar algo na nossa forma de estar e de pensar e reduzir o medo e a ansiedade que surgem do facto de reprimirmos aquilo que sentimos.
 
Basicamente, quem aprende a gerir as emoções, sente-se muito mais livre, satisfeito com a vida e consigo mesmo, mais saudável física e mentalmente e vive relações de maior qualidade com os outros, completam os mesmos entendidos.
 
As pessoas que desenvolvem a inteligência emocional resolvem mais facilmente os seus problemas, conhecem-se melhor, são mais criativas, mais honestas e sinceras e, acima de tudo, são muito mais felizes porque se aceitam com forças e fraquezas, porque identificam o que se passa consigo mesmas e em seu redor e sabem expressar-se de forma saudável, madura e responsável.
 
O segredo é reservar um tempo diário para estarmos connosco próprios, ouvir o nosso “eu” interior, tentar compreender o que estamos a sentir, perceber a razão pela qual nos estamos a sentir de determinada forma, conversarmos com alguém da nossa confiança e desabafarmos livremente, podendo também recorrer à escrita daquilo que nos passa pela mente e que igualmente serve de desabafo, sugerem os entendidos.
 
Por fim, nunca é demais recordar que, em muitos casos, o apoio psicológico é um forte alicerce para que possamos aprender a gerir as emoções e pode ser o melhor ambiente para podermos falar sobre os nossos problemas e emoções reprimidas.
 
Fátima Fernandes