Curiosidades

Pessoas que se apaixonam com muita facilidade

Estas pessoas precisam de viver sempre nas nuvens da paixão.
Estas pessoas precisam de viver sempre nas nuvens da paixão.  
Foto:Drazen Zigic (Freepik)
É comum que vejamos nas redes sociais casos de pessoas que se dizem sempre apaixonadas, mas que para isso, mudam muito de parceria amorosa.

Há pessoas que precisam tanto de viver o conjunto de emoções da paixão que, mal começam um relacionamento, já têm outro na mira. Para esse tipo de personalidade, não importa a pessoa que está ao seu lado, muito menos se é boa ou má pessoa, mas sim as emoções que lhe desperta, mas quando acaba esse “fogo” inicial, torna-se essencial procurar outro centro de interesse.
 
Segundo a ciência, dentro destes indivíduos reside um permanente sentimento de insatisfação, frustração e vazio que só se preenche durante um curto espaço de tempo. Basta que alguém mostre algum tipo de interesse, que lhes pisque o olho, que lhes diga algo agradável, é o suficiente para que faça disparar a adrenalina da paixão.
 
Mesmo que estejam numa relação, estão sempre disponíveis para “esticar o olho” para o lado, pois não vão de um momento para o outro entrar na rotina e precisar de um novo alguém que lhes anime os dias e os momentos.
 
Estas pessoas precisam de viver sempre nas nuvens da paixão, pelo que colecionam relacionamentos. Tal acontece com homens ou mulheres, em qualquer idade e pode estar associado a uma profunda carência emocional resultante de uma infância pouco dada a afetos, mas também a uma enorme imaturidade emocional, uma vez que, qualquer ser humano precisa de estabilidade num romance para que se sinta mais seguro e confiante.
 
Precisa igualmente de amar e de ser amado, precisa de conforto, carinho, compreensão e, acima de tudo, da construção de um projeto de vida, mas estas pessoas que se apaixonam com facilidade passam completamente ao lado disso. Criam ilusões de que “esta relação será para sempre” ou que “é desta vez que encontrei o amor da minha vida”, ou “é contigo que eu quero ficar”, mas em pouco tempo tudo se desfaz, basta que alguém lhe chame a atenção e nem precisa que o amor exista ou que seja correspondido, basta simplesmente que alguém as desperte para uma paixão arrebatadora. Lutam por essa pessoa com todas as suas forças, fazem-lhe declarações de amor profundas, idealizam ao máximo uma relação cheia de emoções e sem rotinas, mas em pouco tempo, estão novamente na “estaca zero” e com cada vez mais frustrações, desilusões e desconfianças por parte do outro que, ao saber do seu role de romances, não acredita no que diz sentir ou querer construir em conjunto.
 
As pessoas que se apaixonam com facilidade não conseguem viver um amor sério, um casamento saudável, uma relação duradoura, muito menos garantir fidelidade e lealdade. Vivem amores voláteis e carregados de instabilidade e dúvida.
 
Segundo os cientistas, estas pessoas vivem muito sofrimento que só se colmata nos poucos momentos em que estão apaixonadas, porque precisam de gerir muitas emoções, de mudar de vida muitas vezes, de mudar de parceiro outras tantas e de aprender a gerir a desilusão que também causam nos outros e como romper com uma relação, e explicar ao outro que se apaixonaram por um sorriso, por um rosto bonito, por uma palavra sedutora e daí por diante.
 
Estas pessoas têm como que “um cemitério” de relações dentro de si e nem se apercebem de quantas trocas e perdas já tiveram de suportar só porque querem estar sempre apaixonadas e num nível de existência superior e inspirador.
 
Ao mesmo tempo, também se confrontam com a desilusão de não serem correspondidas. Criam um “castelo de sonhos”, inventam a pessoa ideal que lhes sorriu ou acenou, mas que não as ama, pelo que, em pouco tempo estão sozinhas e arrependidas de terem saído da relação anterior, mas nem sempre a conseguem recuperar porque já se perdeu a confiança.
 
De acordo com a ciência, as pessoas que se apaixonam com facilidade vivem muitos altos e baixos, oscilam entre o desgosto e a paixão e o profundo medo de estarem sozinhas.
 
Na mesma sequência, possuem um vício: o de estarem sempre apaixonadas. Quando se apaixonam por uma pessoa, nunca há uma conexão profunda e autêntica, pelo que raramente conseguem conectar-se (e até conhecer) aquele homem ou mulher com quem iniciam um vínculo, porque estão profundamente envolvidas na sensação que a paixão lhes proporciona.
 
Esta dependência do amor tem uma explicação muito concreta do ponto de vista neuroquímico. Nas pessoas que se apaixonam, o núcleo accumbens age da mesma maneira que em qualquer tipo de vício. Há necessidade de receber grandes quantidades de dopamina, serotonina e oxitocina, neurotransmissores que surgem principalmente nos estágios iniciais do amor.
 
A explicação neuroquímica pode justificar a personalidade das pessoas que se apaixonam facilmente. No entanto, também existem outros fatores que entram em jogo para que essa tendência apareça:
 
•Baixa autoestima. Há quem só se sinta realizado quando está numa relação. Ter alguém ao seu lado que atua como um alimento emocional e validador de autoestima é algo muito satisfatório e uma necessidade real. Mas, quando se deixa de sentir essa emoção forte, há uma natural tendência para abandonar o relacionamento e procurar  outro que lhe ofereça o mesmo grau de entusiasmo, mesmo que isso seja ilusório e pouco duradouro.
 
•Quando o medo de ficar sozinho faz com que alguém nos sirva. Há pessoas que não concebem nem aceitam a solidão, pelo que vivem um profundo medo de estar sozinhas, o que as leva a uma atração por uma qualquer pessoa, mesmo que lhes diga pouco em termos afetivos, mas “faz-lhes companhia” e alimenta-lhes a ilusão de que têm alguém, mesmo que, em muitos casos, isso não corresponda à realidade.
 
Como já se verificou, as pessoas que se apaixonam com facilidade, apresentam problemas de vária ordem que contrastam com a tese de que um amor maduro e duradouro nos faz bem.
 
Segundo os especialistas, estas pessoas precisam de ajuda e de uma intervenção psicológica adequada que lhes permita melhorar a autoestima, o valor próprio e pelo outro, o saber estar sozinho e acompanhado ao mesmo tempo, sem esquecer a importância de ter alguém com quem construir um projeto de vida.
 
É natural que, depois de tantas paixões, estas pessoas já não acreditem em si mesmas e ainda menos nos outros, o que também requer um trabalho psicológico adequado.
 
Fátima Fernandes