Comportamentos

Por que é que o dinheiro nos atrai tanto?

Obter dinheiro também pode ser considerado como um vício quando a pessoa só pensa nas formas de recebê-lo podendo entrar em esquemas fraudulentos, jogos de azar, negócios suspeitos.
Obter dinheiro também pode ser considerado como um vício quando a pessoa só pensa nas formas de recebê-lo podendo entrar em esquemas fraudulentos, jogos de azar, negócios suspeitos.  
Foto: Freepik
O dinheiro é necessário para fazermos face às exigências do quotidiano, no entanto, há pessoas que ultrapassam essa necessidade de sobrevivência e colocam o materialismo acima de tudo, porquê?

Como está associado à sobrevivência, o valor do dinheiro está ligado à satisfação das necessidades básicas, já que nos dá possibilidade de fazermos face às despesas de alimentação, de conforto e bem-estar.
 
Sem recursos materiais, efetivamente não conseguimos viver, mas se por um lado, usamos o dinheiro para comprar aquilo que nos faz falta, também é comum que o desejemos para adquirir o supérfluo, a ponto de muitas pessoas serem capazes de enganar outras só para obter lucro.
 
Na mesma sequência, obter dinheiro também pode ser considerado como um vício quando a pessoa só pensa nas formas de recebê-lo podendo entrar em esquemas fraudulentos, jogos de azar, negócios suspeitos, mas que prometem lucros elevados, propostas pouco honestas e daí por diante.
 
Segundo os entendidos nesta matéria, o dinheiro tem ganho tanta expressão nas nossas vidas porque se tornou o meio para adquirir aquilo de que necessitamos, mas também porque é estimulante receber esse bem material que parece dar-nos liberdade e poder.
 
Muitas pessoas conseguem sentir-se importantes nem que seja só por um dia, por receberem uma boa quantia de dinheiro, seja através de um prémio, seja roubando alguém ou ainda através do trabalho.
 
Dizem os entendidos que, o ato de contar notas fornece uma grande sensação de liberdade e poder a homens e mulheres de tal forma que lhes é fácil gastar essas quantias em poucos instantes e, ao mesmo tempo, levá-las a sentirem-se muito superiores aos outros quando, na realidade, foi um momento e não algo construído e de que se devem orgulhar.
 
Depois há pessoas que vivem tanto a dimensão do dinheiro que sofrem quando o ganham porque têm medo de gastá-lo, sendo de assinalar também quem fique eufórico por estar mais abonado, mesmo que isso seja produto de uma vigarice. Naturalmente também há quem sofra e muito, por não ter dinheiro para os bens essenciais e também quem viva amargurado por não ser rico, mesmo que tenha o suficiente para viver.
 
Também há “os viciados em dinheiro” que sofrem quando não o têm ou na quantidade que desejam e experimentam sensações semelhantes às das pessoas dependentes de álcool ou outras drogas.
 
Ao não terem dinheiro ou uma ideia para o obter num determinado momento, “os viciados” entram num estado de ansiedade, depressão, transtornos de humor, manifestando agressividade, suores frios, irritabilidade, insónias, mau humor, entre outros sintomas de abstinência.
 
Há ainda quem só viva o prazer de ter dinheiro, independentemente da forma que utiliza para o obter, o que dá lugar a obsessões e a algo tão simples quanto olhar para uma pessoa e ver de que maneira a pode enganar para a roubar.
 
Segundo os entendidos, também é importante reforçar que, muitos trabalhos de investigação já demonstraram que ser capaz de ter dinheiro e de dar uma parte a alguém também desperta áreas fundamentais do cérebro que levam ao prazer, o que revela que, apesar de tudo, também nos sentimos bem quando ajudamos o próximo e, em muitos casos, essa atitude alivia-nos de “algum mal que tenhamos feito a outros”.
 
Em resumo, o dinheiro atrai-nos tanto porque obtê-lo faz ativar a área de recompensa do cérebro que está associada ao prazer, á semelhança do que nos acontece com o prazer de saborear um bom prato ou de ter uma relação sexual gratificante.
 
Assim, pode dizer-se que sentimos tanto prazer em ganhar dinheiro como em comer, jogar, beber, fazer amor e daí por diante. Visto noutra perspetiva, também se pode afirmar que, agarrando nesse prazer, podemos trabalhar mais e melhor, dar mais de nós num projeto e, como também já abordamos, fazer obra social, pois o prazer é o mesmo, é preciso é que o descubramos e que consigamos dar outro significado ao ato de colher uma recompensa.
 
De acordo com os especialistas, o fundamental é que, desde a tenra idade, desenvolvamos valores à altura de compreendermos que é importante ganhar dinheiro para que possamos sustentar-nos, para que conquistemos conforto e bem-estar, que conheçamos os limites e as regras que temos de cumprir para que o saibamos ganhar de forma honesta e sem desvios à lei e que aceitemos que, nem todos chegamos à riqueza, mas que podemos ser muito felizes se soubermos valorizar outras áreas de vida como o prazer de estar com outras pessoas, os sentimentos que nutrimos por alguém e que tenhamos consciência da vida em sociedade e que a mesma não pode processar-se só em função do que se pode obter dos outros.
 
Ser honestos também nos dá prazer, tal como lutar por receber um vencimento à altura do nosso trabalho e das nossas potencialidades, logo não temos de tornar-nos marginais para obter momentos de gratificação porque essa postura tem muitos riscos associados.
 
Fátima Fernandes