Sociedade

PORTIMÃO: Homem escravizado durante nove anos na própria casa

O caso foi conhecido ontem e desde então, tem causado muita perplexidade. Um homem de 62 anos foi escravizado e roubado dentro da sua própria casa por uma empregada doméstica.

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Dado viver sozinho e precisar de apoio e de alguém que lhe cuidasse da casa, o homem contratou há nove anos atrás uma jovem para o facilitar nessa tarefa.
 
O que poderia parecer uma solução para o seu problema, acabou se transformar numa vida de inferno, conta agora a vítima passados nove anos.
 
O homem está reformado com um rendimento mensal que ronda os 1700 euros e vê-se impedido de fazer a sua vida. Tem sido vítima de maus-tratos desde que contratou a jovem.
 
Tudo se desenvolveu num sentido desastroso, já que, a empregada então contratada levou para a casa do patrão o seu companheiro. Juntos encetaram um conjunto de maus-tratos ao homem que se via escravizado dentro da sua própria casa.
 
Quando contratou uma jovem, de apenas 19 anos, para lhe tomar conta da casa, Fernando Rocha acreditou que teria acabado de encontrar a pessoa certa para cuidar de si. O homem tinha na altura 52 anos - tem hoje 62 - e vivia sozinho no centro de Portimão. 
 
Mas a sua vida transformou-se num pesadelo. A empregada doméstica meteu o companheiro na casa do patrão e, entre os dois, viriam a escravizar o homem das mais variadas formas.
 
Segundo a PJ, o casal - o homem tem 37 anos - está indiciado pela prática do crime de escravidão, tendo a investigação apurado que ao longo dos nove anos Fernando Rocha que viveu com o casal em casa, esteve impedido de aceder aos seus documentos e contas bancárias. Tinha apenas acesso a uma casa de banho e ao corredor da habitação.
 
Após esta contratação, o homem terá começado por ser privado da liberdade, mas foi visto algumas vezes na rua. Aliás, fonte policial avança que o homem saiu de casa durante este período, mas já se revelava "mentalmente debilitado", demonstrando estar "dominado pelos suspeitos", segundo a investigação. 
 
A denúncia ocorreu a partir de um amigo de Fernando Rocha que o apoiou na ida à PJ afim de apresentar queixa.
 
O homem contou às autoridades o que lhe aconteceu ao longo dos nove anos, levando os agentes a deter os suspeitos, que ficaram com Termo de Identidade e Residência, enquanto a vítima regressou a casa, onde vive novamente sozinha.
 
Em declarações à TVI, Fernando Rocha adiantou que fez uma doação à empregada que agora quer anular. A mulher retirou-lhe o acesso ás contas bancárias, ficou na posse dos cartões da vítima e forçou-o a assinar documentos.
 
A vítima diz que  viveu como que uma troca: ele ajudava-a nas suas despesas e ela cuidava dele e, com o restante dinheiro tratava de um filho deficiente internado numa instituição. Filho esse que o homem diz nunca ter conhecido.
 
Sente-se enganado e a investigação terá de responder a muitas perguntas que se colocam a partir desta apatia da vítima em suportar esta situação.