Sociedade

PORTIMÃO: “Mãe de Rodrigo não manifestou dor pelo desaparecimento do filho”

O caso continua a ser investigado, sendo que a Polícia Judiciária está a reunir todos os dados que possam conduzir ao apuramento da verdade.

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Desde ontem que a tese de homicídio ganha força, sendo que o padrasto de Rodrigo é o principal suspeito. O homem de nacionalidade brasileira viajou para o Brasil no dia em que a mãe deu o alerta às autoridades do desaparecimento do filho.
 
A passagem já estava comprada há um mês e a viagem concretizou-se, foi a primeira justificação de Joaquim Pinto à chegada ao Brasil.
 
O corpo foi encontrado perto da residência onde o jovem vivia com a mãe e a irmã de seis meses, mas a informação que vem a público, justifica mais investigação por parte das forças de segurança que mantêm todos os cenários em aberto.
 
Ao Jornal «i». Célia Barreto adiantou que, assistiu a cenas de violência do padrasto para com o filho no dia do seu desaparecimento.
 
Às autoridades policiais, a mulher afirmou que o filho saiu de casa pela manhã, que não foi de bicicleta por esta ter um pneu furado e que, só se apercebeu da falta do filho quando lhe fez duas tentativas para o chamar via telemóvel.
 
A PJ tem recolhido o máximo de indícios dentro da habitação e fez o mesmo trabalho de pesquisa num anexo junto à habitação. Ao mesmo tempo, recolheu material para análise na zona envolvente ao local onde o corpo foi encontrado coberto com vegetação a escassos 100 metros de casa.
 
Todas as possibilidades continuam em aberto, sendo que, para já, a mãe de Rodrigo responde como testemunha. A mulher foi inquirida pela PJ e pernoitou na casa de uma amiga, casa onde se mantém até ao momento.
 
O corpo do jovem de 15 anos foi hoje autopsiado e do relatório constam marcas de agressão e estrangulamento.
 
A mãe acusa Joaquim Pinto, que trabalha como porteiro numa unidade hoteleira de Portimão de agressões ao filho no dia 22 de fevereiro e entra em contradição.
 
Célia Barreto disse agora à PJ que viu o companheiro agredir o filho no dia em que desapareceu, quando já afirmou que não fazia ideia do que poderia ter acontecido. Disse que tinha visto Rodrigo pela última vez na manhã do dia 22, antes de ele sair para a escola, e que, por volta das quatro da tarde, hora a que terminava as aulas, ligou-lhe mas o telefone estava desligado, tendo  pensado que estaria sem bateria. Voltou a telefonar-lhe às 18h00 e, como o telefone continuava desligado, falou então para colegas do filho, que lhe disseram que este não tinha ido à escola.
 
As investigações prosseguem, com a PJ a analisar todas as pistas possíveis deste crime de homicídio, que tem contornos complexos.
 
O dinheiro também parece estar implicado nesta morte, na medida em que,  há relatos de que o jovem teria pedido uma determinada importância que lhe foi negada pelo padrasto e poderá ter desencadeado a violência.
 
Uma psicóloga ouvida na crónica criminal da TVI esta manhã observou que “há diversas formas de manifestar dor e ausência dela. Ao analisar as expressões faciais desta mãe, tudo leva a crer que não existe qualquer tipo de vínculo ao filho, já que não se observa um sentimento de perda desde os relatos de desaparecimento do rapaz.”
 
Também o advogado António Pinto Pereira clarificou no seu apontamento que “o jovem decidiu abandonar a casa do pai que detinha a sua custódia, mas provavelmente sem medir os riscos dessa relação familiar.”
 
O pai Sérgio Lapa disse ter deixado ir o filho para a casa da mãe por esta ser a vontade do filho e por lhe parecer bem, sendo a pedido do menor.
 
No mesmo programa, a psicóloga Rute sublinhou que, “o vínculo materno é uma construção no tempo e, muito por influência social, já que o ser humano não nasce com essas características. Os genes não o implicam naturalmente, pelo que se pode dar o caso de uma mãe não sentir a perda de um filho e, neste caso isso foi marcante desde o primeiro momento.”
 
Acusando o padrasto pelas agressões, Célia Barreto entra em mais um processo de contradições que estão a ser analisadas pela PJ.