Sociedade

Portimão: Rodrigo era alimentado pela generosidade dos vizinhos

A mãe de uma das melhores amigas de Rodrigo Lapa contou que há algum tempo que dava as refeições ao jovem.

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Visivelmente emocionada, Inês Louzeiro disse à CMTV que há algum tempo que andava preocupada com Rodrigo, amigo da filha por este não receber refeições em casa.
 
O jovem residia com a mãe, o padrasto e a bebé, mas “queixava-se da relação com o padrasto e da falta de comida.” À mesma mulher, Rodrigo confessava “estar a pensar na vida e que só ia a casa para ver a bebé, já que a relação com o padrasto estava cada vez pior.” O jovem dizia sentir-se abandonado em casa, motivo pelo qual andava triste, sublinhou a mesma vizinha e amiga de Rodrigo.
 
Ao não ter sabido notícias do jovem durante o fim-de-semana e estando combinado que Rodrigo lá iria a casa, Inês Louzeiro deu o alerta às autoridades. “Achei estranho ele não ter ido lá desde quinta-feira como estava combinado e, perante os desabafos que me fazia, achei que tinha fugido de casa.”
 
Foi a partir desse momento, “que dei todas as voltas que consegui para tentar localizar o menino. Passou-me muita coisa pela cabeça, pois o Rodrigo não aparecia e não atendia o telemóvel há vários dias. Fiquei em sobressalto e a pensar tudo e mais alguma coisa.”
 
Inês Louzeiro adiantou, ao mesmo canal, “ele não foi à minha casa, logo estaria sem comer desde quinta-feira, pois ele dizia-me que o padrasto não deixava que a mãe lhe desse comida. Ele estava muito magrito e fraco e já tinha vergonha de pedir comida à vizinhança.”
 
A mãe de uma das melhores amigas de Rodrigo desabafou, “eu dei-lhe sempre comida e disse-lhe para não ter medo de me pedir. Dei a ele e a todos os que me pediram. Não podia ver o rapaz com fome e gostei sempre muito dele. Compreendi sempre a vida difícil que tinha em casa e perguntei-lhe o que estava a pensar fazer.”
 
Rodrigo respondia à amiga que tinha de pensar bem na sua vida, pois “como estava não podia ser e planeava sair de casa, sem saber para onde ir.”
 
Desde aquela quinta-feira à noite (antes do alerta do desaparecimento do jovem de 15 anos) “que o meu coração ficou apertado, pois sabia que o menino vivia uma situação muito difícil e que estava cada vez pior. Ele dizia que a mãe tinha medo do padrasto e que era o alvo das discussões entre o casal, pelo que ele é que estava a mais em casa.” Inês Louzeiro referiu ainda que “o Rodrigo achava que a mãe se dava mal com o companheiro por sua causa e falou em regressar para a casa do pai de onde tinha saído uns meses antes.”
 
Quando soube deste notícia, “nem quis acreditar, nem consigo ainda acreditar. Eu estava todos os dias com o menino. Naquela quinta-feira, dei-lhe duas sandes para ele comer antes de cá vir no dia seguinte e disse-lhe que voltasse, pois a porta da minha casa estava sempre aberta e com comida para lhe dar; disse-lhe para não ter problemas com isso e que tudo se iria resolver, mas longe de mim assistir a este desfecho.”
 
De acordo com a mesma vizinha, “o Rodrigo almoçava na escola onde estava a tirar um curso vocacional de cozinha, e eu dava-lhe o jantar antes de regressar a casa, tal como aconteceu na última vez em que estive com ele e, antes do seu desaparecimento.”
 
Esta vizinha também confirma a existência de mensagens enviadas pela mãe do Rodrigo aos seus amigos pedindo-lhes para omitirem os maus tratos que o jovem vivia em casa.”
 
No mesmo depoimento percebe-se a indignação da mulher que representava o apoio ao jovem e a mobilização face ao seu desaparecimento.