Tem sido uma “verdade escondida” e, muitas vezes silenciada pelo medo. Portugal é o país que mais mal trata os idosos no conjunto de países analisados num estudo recente.
O Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, em parceria com a Mid Sweden University, divulgou os resultados de uma investigação, que coloca Portugal numa posição muito negativa no que se refere aos idosos.
De acordo com o estudo, Portugal é o país com o maior registo de violência sobre idosos, entre os sete que foram alvo de uma recente investigação.
O estudo revela que praticamente metade (45,5%) dos participantes dos sete países referiu ter tido pelo menos uma experiência de violência durante a vida adulta. A agressão psicológica é a mais comum, com uma média de 34,5%, seguida da violência financeira (18,5), física (11,5%).
No que diz respeito à violência financeira, por exemplo, 40.4% dos portugueses que foram alvo do estudo já foram vítimas, representando mais do dobro que a média dos países participantes (18,5%).
Em quase todos os outros itens, como violência psicológica ou física, ultrapassamos esta média. A investigação - que quis avaliar as consequências da violência na qualidade de vida de 4.467 indivíduos, com idades entre os 60 e os 84 anos, de sete países europeus (Alemanha, Grécia, Itália, Lituânia, Espanha, Suécia e Portugal) - mostra que 11,5% do total dos inquiridos foram vítimas de maus tratos físicos, e que em Portugal essa média dispara para 16%.
Portugal está abaixo da média dos países investigados apenas no que se refere à violência psicológica. Ainda assim, os dados revelam que 33.7% dos mais velhos já foram alvo desse tipo de experiência negativa.
No que diz respeito à violência financeira, este parece ser um dos principais objetivos dos maus tratos a idosos em Portugal. O estudo dá conta de que, (40.4%), dos nossos idosos já foram obrigados a abdicarem do seu património ou do seu dinheiro.
Todos estes tipos de violência "têm consequências negativas ao nível da saúde, muito depois dos abusos terem terminado", assevera o documento.
Segundo a investigação, a exposição à violência psicológica, por exemplo, "origina perda de autonomia" e "retração em relação aos outros". A violência física também origina dificuldade posterior em criar elos de confiança.
O estudo foi apresentado na passada quarta-feira e deverá constituir uma base para que se continue a reflexão e o trabalho que permita inverter esta realidade dramática.
Algarve Primeiro