Sociedade

Portugueses andam sonolentos e com menos concentração

Os portugueses dormem pouco e, nem sempre o sono é reparador, razão pela qual estão mais propensos a problemas cardíacos e a estar envolvidos em acidentes.

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O problema não é só nacional, uma vez que, 40% da população mundial assume não relaxar durante a noite, muito menos dormir o número de horas necessário para acordar bem disposto e com energia para enfrentar um novo dia.
 
Tendo por base os resultados de um inquérito apresentado à população portuguesa, quase dois terços dos participantes diz dormir mal, sendo que, muitos indivíduos acusam níveis de sonolência preocupantes durante o dia, o que afeta a produtividade e fomenta o aumento de acidentes no trabalho e ao volante.
 
O inquérito feito a 1106 portugueses, dos 18 aos 74 anos, revela que mais de um terço dos inquiridos refere ter más noites e quase o dobro diz ter problemas de sono.
 
Por detrás das causas estão hábitos que afetam a qualidade do sono. Muitos inquiridos assumem ver televisão até tarde, estar ligado às redes sociais na cama e durante a noite dentro, bem como não ter uma hora certa para ir dormir e desligar os aparelhos.
 
No total, 63% dos inquiridos dorme mal e 41% (cerca de quatro em dez pessoas) acusam excesso de sonolência diurna, o que afeta a produtividade e aumenta o risco de acidentes.
 
Dormir menos de seis horas por dia aumenta em 48% o risco de doença cardíaca, afirmam os especialistas que se manifestam preocupados com esta realidade.
 
Dos 1106 participantes no estudo (50,5 mulheres e 49,5 homens), 59% declararam ter dificuldade em adormecer, aparecendo o uso de ecrãs até tarde e o sedentarismo associado a este tipo de insónia, já que 31% vêem televisão até tarde e 17% usam "smartphone" e "tablet" na cama.
 
Oito em cada dez inquiridos queixam-se de acordar a meio da noite ou cedo demais, de manhã, aparecendo o calor ou frio (29%) como principais motivos. Em mais de um quinto dos inquiridos, são os problemas financeiros ou no trabalho, ansiedade, depressão ou dores os motivos de insónia.
 
O estudo revela ainda que as medidas mais adotadas para relaxar antes de se deitarem são ver televisão, beber um chá ou infusão, ler, ouvir rádio ou música, tomar um banho de imersão ou tentar pensar em coisas agradáveis, orientações que, na prática, não surtem efeitos.
 
Para contrariar os problemas de sono - adianta o estudo - quase um quarto dos inquiridos (24%) toma medicamentos para dormir, metade dos quais benzodiazepinas (fármaco ansiolítico e indutor do sono).
 
O mesmo trabalho dá conta de que, um em cada dez inquiridos optou por terapias não medicamentosas, incluindo psicoterapia, técnicas de relaxamento ou dormir com ajuda de um aparelho para facilitar a respiração.
 
A Teste Saúde, uma das publicações Proteste, da Deco, associação de Defesa do Consumidor, lembra que, em média, os portugueses dormem sete horas, mas há quem reporte precisar de menos de seis horas, sobretudo as mulheres.
 
"Aqui soam as nossas campainhas, porque o nosso estudo evidenciou que as mulheres são quem menos dorme e quem reporta níveis de sonolência diurna mais preocupantes, a par dos trabalhadores que fazem turnos noturnos", alerta a Proteste.
 
A curto prazo, a falta de sono gera um estado emocional instável e afeta as capacidades de trabalho e de concentração, o tempo de reação, o raciocínio lógico e a capacidade de tomar decisões. Aumenta também o risco de acidentes, reduz as defesas do organismo e o risco de problemas cardiovasculares.
 
O mesmo estudo deixa alguns conselhos que podem melhorar a qualidade do sono.
 
É fundamental assumir que dormir deve ser um hábito com regras a cumprir, pelo que o horário é fundamental.
 
Tentar ir para a cama sempre à mesma hora e tentar acordar dentro da mesma exigência, é um hábito a cultivar desde a tenra idade e pela vida fora.
 
Não ficar a ver televisão e usar ecrãs até tarde e manter o peso adequado, escolhendo para dormir um quarto confortável, calmo, seguro e com temperatura adequada.
 
Evitar jantares pesados e bebidas alcoólicas ou estimulantes como chás ou café, nas quatro horas antes de se deitar, e procurar uma atividade relaxante, como ler ou tomar banho quente, são outros conselhos.
 
É imperioso descontrair e afastar o pensamento daquilo que o inquieta. Tentar pensar que no dia seguinte tudo se resolverá, é a chave para “desligar” do problema.
 
Evitar pensar na insónia e concentrar o pensamento nos benefícios de uma noite bem dormida é outro passo importante para afastar a má qualidade do sono.
 
Algarve Primeiro