Sociedade

Portugueses pagam caro para dormir

No Dia Mundial do Sono, há pontos que devem ser recuperados de forma a melhorar a qualidade de vida e, neste caso, do sono.

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Os portugueses usam e abusam de medicamentos para dormir e, na prática, acordam com sono, com falta de motivação e de energia. Isto deve-se ao facto de, os medicamentos apenas tentarem reparar uma situação imediata, não tratarem um problema.
 
Os especialistas em sono recordam que, quando não dormimos bem, existe um problema por trás e, o mesmo tem de ser detetado e tratado.
 
Os portugueses não dormem bem, como aliás a maioria das pessoas no mundo atual, devido essencialmente aos hábitos de vida que muito se afastam das reais necessidades do corpo.
 
O sono é uma necessidade primária, mas nos tempos atuais é encarado como um acessório que só se usa quando há tempo. Partindo deste pressuposto, são cada vez mais as pessoas que se gabam de dormir pouco ou de quase nem precisarem de dormir, quando estamos a falar de uma necessidade básica para o equilíbrio e para o bem estar.
 
Anselmo Pinto, médico especialista no sono sublinha que, “O sono ocupa um terço da nossa vida, portanto, em cada três dias um é para dormir”. 
 
Citado pelo “Notícias ao Minuto”, este especialista mostra-se preocupado porque “a nossa sociedade não respeita o sono”.
 
O médico refere ainda que, “a nossa sociedade molda o sono à sua vida, enquanto que o correto seria moldar a vida ao sono, já que este é fundamental e reparador para que o dia a dia seja vivido com qualidade e saúde.”
 
Anselmo Pinto salienta que, “Todas as pessoas que dormem menos de seis horas e as que dormem mais de nove horas pertencem a um clube que tem de 15 a 18 vezes mais probabilidade que ter vários tipos de doenças, incluindo cancro, enfarte de miocárdio, AVC”.
 
Ao “Notícias ao Minuto”, o médico clarificou que, “o ser humano precisa de dormir o tempo adequado. (…) As crianças precisam de  dormir muito mais, entre 10 a 12 horas”, sendo que este tempo vai diminuindo, passando por uma fase em que a criança deve fazer oito horas noturnas e uma sesta, justificou o mesmo especialista em Sono.
 
Numa sociedade acelerada e sem tempo para dormir, é preciso avaliar as causas que estão a afetar o sono a nível global e onde Portugal não é exceção.
 
Ao mesmo jornal online, Anselmo Pinto clarificou: “Primeiro a eletricidade e depois a utilização de aparelhos eletrónicos como telefones, tablets e computadores, que emitem uma radiação semelhante ao sol ao meio-dia”. Diz o mesmo especialista que, “o nosso relógio biológico acredita que ainda não é altura de dormir, desorientando o sono.”
 
Um dia após o outro, os maus hábitos vão-se instalando ao ponto de percebermos que se vê televisão até muito tarde, que se colocam os aparelhos móveis na mesa de cabeceira e que se está atento a cada toque de mensagem, sem que o sono seja entendido como um momento de descanso em que tudo deve estar em silêncio, às escuras e convidativo ao relaxamento e repouso.
 
Anselmo Pinto clarifica que, o ser humano não consegue enganar o sono, ainda que o diga com regularidade.
 
“Não conseguimos vencer o sono nem que seja para evitar a morte” e justifica, “alguém pega num automóvel, vai a 120km à hora e diz 'ainda vou conseguir aguentar sem adormecer' e, no momento seguinte, está a dormir e tem um acidente”.
 
Neste sentido, o especialista citado pela mesma fonte garante que, o sono é o principal responsável pelos acidentes de viação, mesmo que todos digam que são capazes de lutar contra ele.
 
Só no ano passado Portugal gastou quase 15 milhões de euros em medicamentos para dormir sem receita médica, o que mostra claramente que os portugueses pagam para dormir, quando seria muito mais fácil mudar de hábitos e conquistar um sono reparador; aquele de que o organismo necessita para enfrentar o quotidiano com força e energia.
 
As questões familiares, a par das profissionais estão no topo das causas dos problemas em dormir, uma vez que, se arrastam preocupações para a cama ou para os tempos que deveriam ser de descanso.
 
Os entendidos na matéria reafirmam a importância de se procurar um profissional de saúde quando se está um período de duas ou três semanas sem dormir bem.
 
Após uma primeira impressão, o profissional poderá encaminhar para um médico especialista em sono que fará a avaliação do paciente como um todo, pois essa é a única forma de proceder a um tratamento.
 
Os problemas financeiros, a instabilidade emocional e problemas psiquiátricos estão na génese da maioria dos problemas de sono.
 
O trabalho por turno é um forte aliado dos problemas em dormir, sendo que toda a nossa sociedade precisa de uma reflexão profunda quando de saúde se trata. Há entendidos que se referem aos turnos como “uma escandalosa” forma de trabalhar e de sustento, mas o problema poderá ser minimizado quando são horários certos, já que a troca de turnos implica uma alteração semanal de todos os hábitos, o que ainda é mais destrutivo para o organismo.
 
No ano passado, a venda de tranquilizantes aumentou 40%, dados preocupantes para quem sabe que a sociedade não se está a preocupar suficientemente com o seu bem estar e qualidade de vida.
 
Na prática, as pessoas tomam medicamentos para dormir e acordam com a sensação de não terem descansado, o que se explica com o facto de se ingerir algo artificial para reparar temporariamente um problema constante que precisa de ser tratado em profundidade.
 
Os especialistas em sono afirmam que o organismo produz toda a melatonina necessária para que possamos dormir, o problema são os estímulos que damos ao nosso cérebro e que fazem o efeito contrário.
 
O mesmo se passa com as insónias em que vamos para a cama com muitos problemas por resolver e que nos despertam várias vezes durante a noite.
 
Tendo por base este pressuposto, é necessário modificar os comportamentos em vez de tomar medicamentos para dormir.
 
Dormir mais cedo, não ter por perto estímulos de qualquer espécie e respeitar os horários para dormir, são os primeiros passos.
 
Apanhar sol pela manhã é um ponto essencial para dormir bem. O sol matinal desperta o cérebro para a hora de acordar e, naturalmente que, ao longo do dia, o mesmo se prepara para descansar com o escurecer. A noite continua a ser o tempo ideal para dormir e descansar profundamente. É preciso reeducar o organismo para essa função e, quando não se consegue sozinho, é preciso pedir ajuda sem perder tempo!
 
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