Em causa está a afetação do "Sítio de Importância Comunitária - Ria Formosa/Castro Marim” e da "Zona de Proteção Especial para Aves Selvagens - Ria Formosa”, área que também está protegida pelo direito nacional como "Parque Natural da Ria Formosa e Sítio Ramsar - Ria Formosa”.
A queixa apresentada pede igualmente à Comissão Europeia que seja suspenso o cofinanciamento comunitário ao projeto, relativo à construção de uma nova ponte com uma única via de circulação rodoviária, mantendo a mesma localização da atual ponte, a construção de um parque de estacionamento e de uma ciclovia, tendo sido orçamentado um valor de 3,65 milhões de euros.
Segundo a Quercus, é intenção da autarquia apostar na construção de uma ponte que constitua um “cartão de visita” para a própria zona balnear, com a aprovação de um projeto com “design” ao invés da recuperação da ponte existente, que envolveria menores custos.
A Associação ambientalista, salienta que a implementação deste projeto contempla o alargamento da via de circulação existente com a consequente destruição de uma zona de sapal com a construção de um parque de estacionamento e de dois aterros de apoio à fase de construção, que implica a destruição e fragmentação de um habitat prioritário – 1150 "Lagunas Costeiras", criando condições para que haja maior presença humana numa área dunar já muito fragilizada.
A Quercus considera ainda que este projeto é incompatível com os cenários de adaptação às alterações climáticas, já que compromete os objetivos de renaturalização e de defesa da orla costeira, em parte já previstos no Programa Polis Ria Formosa mas que ficam aquém do necessário e sugere que a atual ponte possa ser objeto de restauro, ficando a sua utilização restrita a peões, bicicletas, fornecimento de bens e serviços aos estabelecimentos comerciais e a veículos de emergência e dos serviços públicos e que a área a ocupar pelo parque de estacionamento seja reduzida para não destruir a área de sapal.
Com esta solução a Quercus refere que poderia reduzir-se a pressão existente sobre os ecossistemas dunares, "sendo que esta é também a única forma de garantir a segurança futura dos aglomerados populacionais do interior da Ria Formosa" atualmente protegidos pelas penínsulas arenosas e pelas ilhas-barreira, bem como a própria integridade do "Sítio de Importância Comunitária" e da "Zona de Proteção Especial para Aves Selvagens".
A Quercus adianta que esta obra vem no sentido contrário ao que deveriam ser as preocupações e os compromissos dos poderes públicos em matéria de defesa costeira, os quais implicam decisões políticas "corajosas" no sentido da deslocalização de pessoas e bens (por exemplo com a remoção da totalidade do edificado) que exercem neste momento uma perturbação "indesejável" sobre a primeira e única linha de defesa costeira do sistema lagunar.