Sociedade

Preserve a sua saúde física e mental em tempo de isolamento

Sendo o isolamento e a distância social a melhor solução para conter a pandemia do novo coronavírus, não nos resta alternativa que não cumprir as orientações das Autoridades de Saúde e, ao mesmo tempo, encontrar soluções para manter a saúde física e mental dentro das quatro paredes.

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O primeiro ponto a ter em conta, é compreender a importância deste isolamento, pois quanto melhor percebermos os riscos que podemos correr se não cumprirmos essas orientações, mais facilmente vamos aceitar a nova realidade e ocupar o nosso tempo de forma ativa e criativa.
 
São muitos os especialistas que vêm a público reforçar a importância de transferir para o lar aquilo que se fazia na rua. Naturalmente que há tarefas impossíveis de reproduzir e, é para isso que se tem de apelar à criatividade para dar respostas inteligentes aos mesmos desafios, depois, assumindo o que se está a passar, qualquer um de nós será mais capaz de se desafiar e de encontrar soluções para os seus problemas.
 
Temos de aceitar o natural aumento da ansiedade que acaba por ser uma consequência de tantas alterações ao mesmo tempo, por isso, temos de nos compreender melhor a nós mesmos para o podermos fazer também com os outros. É natural ter mais ansiedade quando de um momento para o outro, tudo se alterou e tivemos de enfrentar uma nova vida, quando tivemos de aprender a trabalhar em casa, ensinar as matérias escolares aos nossos filhos e vivenciar horários completamente diferentes. É por isso que, ajuda muito manter algumas rotinas como sendo, levantar-se mais ou menos à mesma hora, cumprir os horários das refeições,vestir-se e cuidar da sua aparência, manter alguns contactos importantes mesmo à distância utilizando as formas que temos ao nosso dispor, organizar o trabalho para cumprir objetivos semelhantes, arrumar a casa como habitualmente e daí por diante.
 
Os especialistas em saúde mental não têm dúvidas de que as rotinas são fundamentais para assegurar o equilíbrio e o bem-estar. O mesmo se passa com o exercício físico que, todos sabem, ajuda muito a aliviar a ansiedade. Quem já está habituado a fazer um pouco de exercício vai sentir a mesma necessidade diária, quem não está, pode encontrar aí uma forma de descompressão.No fundo, o que se pretende é que, cada um de nós seja capaz de se reorganizar para encontrar dentro de casa, as satisfações que tinha dentro e fora dela, sem perder qualidade de vida e aproveitando o melhor possível esta fase até para fazer aquilo que não conseguia dar resposta em tempos de maior preenchimento de horários, mas não exija demais de si. Procure fazer aquilo que lhe é possível e, acredite que, dia após dia, será capaz de se surpreender positivamente.
 
Os psiquiatras chamam a atenção para o surgimento de sintomas depressivos, uma vez que, o comportamento de maior isolamento, pode levar a uma diminuição de prazer e interesse nas atividades diárias possíveis. Ao mesmo tempo, podem ocorrer episódios de insónia e alteração de apetite que, são sintomas que nos alertam para uma complicação nesse sentido.
 
Para aliviar uma parte do mau-estar provocado pelo isolamento, é fundamental compreender que se trata de uma fase temporária e procurar respeitar o seu próprio ritmo e processo de aceitação. Cada pessoa vai encarar esta situação de uma determinada forma, pelo que a compreensão é fundamental. Se nos aceitarmos e compreendermos a nós próprios, mais facilmente o conseguiremos fazer em relação aos outros, é outra mensagem importante dos especialistas.
 
Depois, são-nos deixadas algumas dicas para nos ajudar a melhorar a nossa saúde física e mental:
 
Ler, interagir com outras pessoas à distância e praticar exercícios físicos, são um importante alicerce para fazer face ao isolamento. A leitura para crianças e adultos, exercita diversos circuitos cerebrais fundamentais para a manutenção das funções cognitivas. Já a segunda, ajuda a manter o contacto afetivo com outras pessoas. E, sem dúvida, a prática de atividades físicas é fundamental para a saúde em qualquer ocasião.
 
Nunca é demais realçar que, os exercícios contribuem para um bem-estar geral, ocasionando diversos benefícios ao nosso corpo, onde se destaca a melhoria da condição cardiovascular e, também, em situações que são muito pertinentes ao momento: a diminuição de stress e ansiedade e uma melhoria da imunidade.
 
Devemos também ter em conta a importância de manter uma alimentação saudável e equilibrada. Aumentar o consumo de frutas e de legumes e diminuir o sal e o açúcar são um ponto de partida a que se acrescenta o aumento do consumo de água e a supressão das bebidas alcoólicas.
 
É de referir que, há ginásios que estão a disponibilizar aulas online, tal como municípios em todo o país que apresentam essa funcionalidade nos seus sites, mas para quem não lhes tem acesso pode sempre realizar exercícios simples como saltar à corda, fazer alongamentos, flexões, abdominais, entre outros. Há também aplicações muito interessantes neste sentido e que podem ser descarregadas.
 
Para as crianças, a recomendação é estimular as atividades lúdicas. Além das brincadeiras, também existem os vídeojogos com sensores de movimento, o que possibilita unir o desafio e o exercício. Cultivar o gosto pela leitura é uma base que lhes ficará para a vida para além do confinamento, por isso, os pais devem insistir nesse ponto, sem esquecer o empenho nas tarefas escolares, na organização dos seus brinquedos e arrumação do seu quarto. As crianças também se devem vestir diariamente para realizar por exemplo as atividades escolares, já que isso as ajuda a manter a ligação à escola. Se possível, devem manter o contacto com o professor e com os colegas à distância.
 
A esta lista junta-se a importância de seguir uma rotina. O primeiro passo é fazer uma lista de tarefas diárias e procurar que a mesma seja realista. Um tempo para tudo ao longo do dia é essencial para se sentir ativo e para cumprir ao máximo aquilo a que se propõe. Aceite que, nos primeiros tempos, não é uma tarefa fácil, mas com persistência e muita determinação, verá que vai conseguir.
 
Para organizar todas essas dicas, o primeiro passo é criar uma rotina. Sem as atividades diárias normais, a organização da semana fica prejudicada. Por isso, para começar, é preciso ter um planeamento onde vai estabelecer o que vai fazer. Organize o seu dia de forma consciente e tenha um propósito.
 
As crianças são as que mais necessitam de organização. Com as escolas suspensas, sem poder encontrar os amigos para brincar ou respeitar a programação das aulas, a sensação de desestabilização pode causar muita angústia. Os adultos são os responsáveis por vincar esta estruturação, acolhendo as incertezas e inseguranças dos pequenos. O caminho é conversar, perguntar, acolher, entender, e reassegurar, sublinham os especialistas.
 
Os idosos estão sob cuidado total da sociedade, por serem a faixa etária de maior risco. É necessário ajudá-los no que for preciso, para evitar que se exponham desnecessariamente. Somado a isso, tirar um tempo para conversar com eles é uma maneira de minimizar a inquietude do isolamento.
 
Todos sabemos que se trata de uma fase diferente, mas podemos sempre retirar algo positivo deste momento. Todos já percebemos que se trata de algo temporário, mas que pode voltar a acontecer numa segunda vaga do surto, por isso, aquilo que aprendermos agora, vai certamente servir-nos para um futuro próximo. Podemos aproveitar o tempo da melhor forma possível. Ler mais, escrever melhor, ouvir mais os outros e dar largas à nossa imaginação são desafios intemporais e que nos ajudam a manter o equilíbrio. Reserve mais momentos ao amor, à compreensão e ao diálogo, procure saber mais sobre aqueles que ama e sobre si mesmo e, encare esta nova fase como um importante desafio. Aprender a estar em casa, também faz parte da arte de viver!
 
Fátima Fernandes