Marcelo Rebelo de Sousa, esteve esta segunda-feira em Faro para a cerimónia de descerramento da placa alusiva à atribuição da categoria de Tesouro Nacional ao mosaico romano do Deus Oceano no Museu Municipal e para a homenagem que a autarquia lhe prestou com a Chave de Honra da Cidade.
O Município entendeu "ser este o momento ideal" para distinguir o percurso de vida do atual Chefe de Estado, reconhecendo "a sua abertura, tolerância e o compromisso na construção de uma sociedade mais justa mas também a sua ligação ao Sul e acima de tudo a disponibilidade que tem demonstrado para o apoio a Faro, ao Algarve, colocando na agenda matérias cruciais para a melhoria da vida dos algarvios".
Marcelo Rebelo de Sousa confessou «ser motivos de honra, júbilo e até de emoção» receber a Chave da Cidade, «por aquilo que Faro representa e tudo o que tem a ver com a cerimónia de reconhecimento como Tesouro Nacional que é a expressão do espírito ecuménico, cosmopolitismo, abertura e tolerância das ligações aos mares e à descoberta de novos horizontes».
O Presidente da República falou de Portugal como um país que é uma plataforma entre oceanos, movimentos, culturas e civilizações «é esse o nosso desígnio nacional, para isso precisamos de ser mais ricos, mais justos, mais iguais, mais criativos e mais inovadores, porque há muitos povos da Europa e fora da Europa que o são, e nós somos distintos desses povos por uma capacidade de abertura universal, pelo conhecimento de oceanos e de continentes que eles não conheceram e ainda em muitos casos não conhecem, foi esse o nosso destino e é esse o nosso destino, e aqui o Algarve teve sempre um papel fundamental».
Foi também com base nessa vocação algarvia, que o Presidente assumiu que iniciou nas últimas semanas visitas à região e a todos os concelhos, «não se trata apenas de ir à procura do turismo atingido pela pandemia, ou de uma pura realidade económica e social, mas pela reafirmação do dinamismo algarvio. Era preciso compreender-se no topo nacional que o Algarve contribui mais para Portugal do que em muitos casos Portugal tem contribuído para o Algarve» e acrescentou: «a Chave de Honra da Cidade não é entregue ao cidadão Marcelo Rebelo de Sousa, mas sim ao Presidente da República, que representa todos os portugueses e que devem nesta fase difícil estar solidários com os algarvios, sendo que a Chave que hoje me foi entregue ficará na Presidência da República Portuguesa, passando aos meus sucessores, para atestar neste momento histórico que o Algarve queria dizer "queremos merecer maior atenção, precisamos da vossa atenção, temos direito a essa atenção, mas nós reconhecemos o todo nacional e temos o orgulho de sermos portugueses».
A terminar o Chefe de Estado agradeceu ao Presidente da Autarquia, ao Município «e ao povo de Faro a honra de a partir de hoje aqui entrar e aqui sentir-me como concidadão, pois Faro é o símbolo daquilo que temos de melhor em Portugal», concluiu.
Rogério Bacalhau considerou que a presença do Presidente da República no Museu Municipal, «representa o fecho de um ciclo que começou há 8 anos atrás com a recuperação da peça (mosaico romano do Deus Oceano), com o generoso contributo de alguns mecenas, funcionários do museu e o trabalho da nossa equipa na apresentação da candidatura a Tesouro Nacional, que não é do museu nem do Município é de todos os portugueses».
O autarca defendeu que «num tempo de dúvidas, incertezas e de incompreensões da mais variada ordem, a solução assentará sempre na cultura, porque é nessa base que povos de diferentes regiões, com visões políticas diferentes se podem entender».
Justificando a atribuição da Chave de Honra da Cidade ao Presidente da República, o edil farense categorizou o homenageado como uma figura que valoriza a cultura da paz e o que tem feito por ela, «o seu percurso e o seu exemplo dão-nos a possibilidade de olharmos para a frente com confiança e optimismo».
O edil relembrou que aquando do tornado em 2018, que devastou parte do concelho, «o Presidente esteve presente transmitindo a sua solidariedade que o move, e desde esse dia os algarvios ganharam um novo alento, para exigir mais justiça para uma região que não é um 'mar de rosas' que alguns apregoam e que se encontra desequilibrada, deficitária em termos de saúde, de redes de transporte e tantas outras valências que são direitos básicos da maioria dos cidadãos e que apresenta bolsas de pobreza que não conseguimos mitigar, numa fase de crise imensa de dificuldades e desesperança».
Na mesma cerimónia que contou com um momento musical protagonizado pelo acordeonista Nelson Conceição e a fadista Cristina Paulo, esteve presente a Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, em representação da Ministra da Cultura.