Economia

Presidente da RTA contra aplicação de taxa turística no Algarve

 
O presidente da comissão executiva da Região de Turismo do Algarve (RTA) lamenta o anúncio da introdução de uma taxa turística no Algarve hoje tornado público pela Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), discordando da sua aplicação, do timing e do modelo escolhidos.

 
Esta tomada de posição de João Fernandes é subscrita pelos presidentes da Associação dos Hotéis e empreendimentos turísticos do Algarve (AHETA) e da Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA), as duas associações mais representativas do alojamento na região.
 
Sobre o assunto, João Fernandes referiu que «trata-se de uma decisão errada, que surge em contraciclo com a procura turística e que pode gerar perda de competitividade para o destino Algarve. A taxa turística não atende à realidade da concorrência, já que apenas as Ilhas Baleares, a Catalunha e a Tunísia aplicaram esta taxa, e este anúncio acontece numa altura em que se verifica uma forte retoma de destinos concorrentes do Algarve, tais como a Grécia, a Turquia, a Tunísia e o Egito, sendo que os três últimos não estão sujeitos às regras da concorrência europeia e apresentam preços muito agressivos».
 
O Presidente da RTA salienta que «acresce a isto estarmos na reta final do Brexit, um processo que já fez cair o poder de compra dos britânicos devido à desvalorização da libra face ao euro e que afeta o principal mercado emissor de turistas para o Algarve, do qual ninguém antecipa ainda o desfecho».
 
Por outro lado, João Fernandes diz que «neste momento o Algarve enquanto destino turístico ainda está a ajustar-se à realidade criada pela falência de companhias aéreas como a Monarch, a Air Berlin e a Niki Airlines, que asseguravam a ligação da região aos seus principais mercados emissores externos, o Reino Unido e a Alemanha».
 
Questão fundamental a ter em conta, para o responsável da RTA, «é que uma taxa é um tributo que é a contraprestação de serviços públicos ou de benefícios em favor de quem a paga. Assim sendo, é estranho não se definir, à partida, onde será aplicada a taxa turística no Algarve, e que não tenha desde logo ficado assegurado por essa via um contributo para a promoção turística do destino Algarve, tentando assim atenuar uma eventual perda de competitividade».
 
João Fernandes estranha «não ter ficado definido o início da aplicação da taxa simultaneamente em todos os concelhos, o que poderá vir a gerar desigualdades dentro da região e enfraquecer o destino como um todo».
 
Por último, defende que «a taxa turística não atende à diferença entre a realidade de um destino-cidade, como Lisboa e Porto, com estadias curtas de um ou dois indivíduos, por comparação com o Algarve, destino familiar e com estadias prolongadas, para as quais a aplicação de uma taxa com estas características é mais penalizadora.»