Política

"Pressões" e "falta de transparência" levam à renúncia do presidente da Assembleia Municipal de Loulé

Adriano Pimpão
Adriano Pimpão  
O presidente da Assembleia Municipal de Loulé, Adriano Pimpão, disse hoje que vai renunciar ao cargo “magoado” com “as pressões” da maioria socialista para ser “mais parcial” e com a “falta de transparência” municipal em áreas como o urbanismo.

 
Eleito como independente pelo PS, Adriano Pimpão preside à Assembleia Municipal de Loulé desde 2013 e tomou a decisão de deixar o cargo durante a última reunião do órgão autárquico, na sexta-feira, que foi interrompida e será retomada hoje, mas com a segunda secretária a substituí-lo nessas funções.
 
O antigo reitor da Universidade do Algarve explicou à Lusa que vai ainda comunicar por carta a decisão aos deputados municipais e participar no processo para “combinar a forma como irá decorrer ou como será organizada a assembleia para eleição do novo presidente”, deixando o cargo quando o processo estiver concluído, “dentro de 15 dias”, estimou.
 
“E esse será o meu último ato institucional”, garantiu Adriano Pimpão, frisando que até lá “assume provisoriamente o lugar a primeira secretária da mesa, que conduzirá o processo eleitoral”, deixando, depois, as funções de presidente e deputado municipal na autarquia liderada por Vítor Aleixo.
 
Questionado sobre as razões que o levaram a anunciar a renúncia ao cargo, a mesma fonte respondeu que há “causas próximas e remotas”, estando as mais “remotas” relacionadas com situações que já “vêm do mandato anterior” e que se referem à “necessidade de reforma dos serviços da Câmara e do atendimento ao munícipe” para a gestão autárquica ser "mais transparente".
 
“A Câmara tem uma fama que não enobrece os órgãos autárquicos nem o município, porque, normalmente, o atendimento ao munícipe é um calvário e alguns técnicos que apresentam projetos recusam-se a trabalhar com o município de Loulé porque não percebem os critérios e a forma de decisão é pouco transparente”, concretizou.
 
Adriano Pimpão disse que sempre advogou por seguir a tendência de “muitos municípios que estão a reformar a administração e a criar lojas de munícipes” para permitir que os cidadãos “sigam via ‘on-line’ os processos que entram” na autarquia, e esperava que fosse a política a seguir após as eleições de 2017, mas lamentou que “o PS em Loulé não tenha feito isso".
 
O professor catedrático recordou que, em 2017, com a maioria absoluta do PS na autarquia e na Assembleia Municipal, sentiu que havia “uma oportunidade” para seguir essa tendência e o sentimento era de “alguma esperança”, mas depois as coisas “foram-se degradando” com a maioria socialista no município.
 
“Em vez disso, começam a fechar-se e começa a haver muita arrogância, não só com as outras bancadas - e eu como presidente da AM não sou presidente de uma fação, sou presidente de todos, e tenho que seguir o que a lei diz em termos de funcionamento de uma assembleia -, e também comecei a receber pressões para ser mais parcial”, criticou.
 
Adriano Pimpão disse que sempre pensou acabar o mandato, mas na sexta-feira anunciou a renúncia após ter proposto um processo de averiguações a queixas “apresentadas por munícipes sobre questões relativas a decisões dos serviços, dualidade de critérios e procedimentos pouco abonatórios numa administração moderna e transparente”, relacionados, sobretudo, com “o urbanismo”.
 
A maioria PS precisou de “aprofundar a questão e informar a assembleia dos resultados, de uma forma pouco amistosa na relação entre órgãos”, precipitando a renúncia ao cargo, lamentou.
 
Lusa