De acordo com nota da autarquia, enviada à comunicação social, Francisco Marques, Delegado Regional da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares realçou a importância do Programa Juventude-Cinema-Escola, que comemora este ano 20 anos e cuja programação terá uma forte presença na Mostra, “no desenvolvimento de competências que vão desde os princípios básicos de cidadania à cooperação e entreajuda, criando cidadãos mais preparados para enfrentar o dia-a-dia de uma sociedade cada vez mais rápida”. Aquele responsável encara o cinema como “trampolim para uma escola de sucesso, com alunos de sucesso”.
Uma das iniciativas desta Mostra passará pelo Lagoa Short Film Festival, um concurso que nasceu há quatro anos na NOBEL International School e que se encontra aberto a todas as escolas interessadas. Pedro Carvalho, docente responsável pelo projeto, partilhou “a visão de uma escola preocupada com o desenvolvimento de competências sociais”, mencionando o trabalho que se encontra por detrás desta experiência.
“Existe uma oferta letiva de dois tempos (90 minutos), em que não há manual, não há objetivos, powerpoints…”; “Agarrando o conceito de disciplina”, referiu, em Expressão Artística, os alunos criam curtas de 5-7 minutos onde são responsáveis pelo guião, realização, edição, representação, maquilhagem, música, montagem… “e tudo com um orçamento zero”, adiantou.
A ligação deste evento às escolas é, segundo a vereadora da autarquia de Lagoa, Ana Martins, “uma forma de fomentar hábitos culturais, envolvendo estabelecimentos de ensino” através de um programa que será composto por “projeção de filmes, aulas, conferências, exposições e desafios”, reforçando o papel de Lagoa como Cidade Educadora. “Este é um programa que promete envolver os participantes numa literacia cinéfila mais alternativa, contribuindo para o conhecimento de filmes e curtas-metragens que circulam fora da rede comercial e que se encontram premiados dentro e fora do país”, referiu ainda a vereadora.
Marina Lanza, representante do Festival Internacional de Cinema de Sevilha, explicou que “O cinema pode ser um movimento didático muito interessante”. “Se forem usadas as películas corretas, estas podem, por si só, constituir novas matérias de estudo”, adiantou.
Aquela representante recordou que o Festival Internacional de Cinema de Sevilha, completou o seu 15.º aniversário, tem cinco dias dirigidos a escolas, com debates, a intervenção de diretores, realizadores, e entradas pagas pelos alunos a 1 euro. “Conta com uma afluência de 25.000 estudantes!”, afirmou.
Esta é uma ideia reiterada por Graça Lobo e Isa Mateus, responsáveis pelo programa Juventude-Cinema-Escola. “Este sucesso reside nas redes de cumplicidade e no facto de sentirmos a necessidade de uma mediação entre cultura e educação”, disse Isa Mateus, também responsável pelo Cineclube de Faro.
“Mais do que oferecer às escolas idas ao cinema, o Cineclube de Faro oferece algo mais teorizado, um trabalho de continuidade em que os alunos começam por aprender o básico do cinema, as obras mais fáceis no âmbito de um cinema de autor, ‘não pipoca’, até à nouvelle vague, com autores de mais difícil acesso”, declarou.
E é este cinema que chega agora de Sevilha, através de duas peliculas, que a Mostra exibirá, entre 30 de abril e 31 de maio. “A Fábrica do Nada”, de Pedro Pinho, premiada em Cannes (Prémio da Crítica) e no Festival de Cinema Europeu de Sevilha (Giraldillo de Oro 2017), foi exibida ontem, pelas 21h30, e repetir-se-á amanhã, dia 2 de maio, pelas 9h30 (apenas para jovens do JCE). O outro filme: “O Futebol”, de Sergio Oskman, que apresenta a peculiaridade de ter sido rodado sem guião, entre o documentário e a ficção, encerra a Mostra de Cinema, no dia 31 maio, pelas 21h00, e contará com a presença do Diretor do Festival Internacional de Cinema de Sevilha, José Luís Cienfuegos.