Política

PS Algarve diz ser prioritário traçar novos rumos para a economia regional

 
Portugal não soube aproveitar a intervenção da Troika para modernizar a sua economia e preparar-se para acolher os investimentos do próximo Quadro Comunitário de Apoio e do Plano Juncker, considerou o ex-ministro António Mendonça na conferência do PS-Algarve sobre os novos rumos da economia regional que decorreu no último sábado no Inuaf em Loulé.

 
O presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão e ex-Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações considerou que os resultados da intervenção “não podem ser considerados famosos, tendo em conta as expectativas iniciais”, apresentando como contrapartida dos bons resultados externos “o desemprego e a recessão a nível interno”.
 
António Mendonça sublinhou ainda que “a economia perdeu capacidade produtiva, a emigração voltou a ser uma válvula de escape e de saída de competências qualificadas e o equilíbrio social rompeu-se”. 
 
Na sua opinião, “as políticas de austeridade foram um fracasso e o problema económico fundamental está na procura agregada”, afirmou durante a conferência, reforçando a ideia de que a Europa deve dar prioridade a políticas macroeconómicas expansionistas, ou seja, os países excedentários devem gastar mais. 
 
Defendeu também a reposição de um programa alargado de recuperação económica através da flexibilização do Pacto de Estabilidade e Crescimento e de uma redefinição do sistema euro.
 
O atual presidente da Assembleia Intermunicipal do Algarve, Adriano Pimpão, referiu a importância de uma "atenção renovada do Governo para a região", sustentando esta reivindicação na redução de vinte por cento do produto interno bruto regional nos últimos dez anos e nos condicionalismos impostos aos apoios comunitários, para além da forte dependência da atividade turística e dos serviços.
 
Defendeu uma forte aposta na qualificação de pessoas alertando para novas áreas de negócio, como as agroindústrias, pescas e aquicultura e os novos serviços da atividade turística, de forma a reduzir a sazonalidade crescente. A revisão completa dos sistemas de transportes através de um plano de mobilidade regional e a atração de investimentos que rentabilizem a capacidade de investigação da universidade foi outro dos rumos possíveis para dinamizar a economia do Algarve na próxima década.
 
Dando como exemplo as experiências dos Açores e da Madeira para reduzirem as assimetrias económicas e sociais com o território continental, Adriano Pimpão sustentou a necessidade de clarificar o modelo de governação regional, de forma a capacitar a região para decidir a sua estratégia de desenvolvimento, avaliar previamente os investimentos públicos e garantir a sua implementação atempada, aproveitando integralmente os recursos disponíveis. Renovação dos sistemas de saneamento básico e de abastecimento de energia elétrica, desenvolvidos há mais de trinta anos, representam algumas das prioridades para a região.
 
A encerrar, António Eusébio, presidente do PS-Algarve, lançou um apelo aos empresários e dirigentes associativos presentes no evento para "a urgente necessidade de um maior empenho e dedicação na construção de uma agenda política regional coerente e sustentável", que ultrapasse o âmbito temporal de uma legislatura ou de um quadro comunitário de apoio e que vá ao encontro do que o Algarve realmente precisa.
 
Segundo o PS Algarve, este ciclo de conferências, prossegue no dia 11 de abril com uma sessão em Faro, sobre descentralização e governação territorial, envolvendo as estruturas regionais e locais no PS-Algarve e entidades e instituições da sociedade civil.