Curiosidades

Psicologia explica a importância do desabafo

 
Falar acerca do que nos inquieta é algo inerente ao ser humano e que faz parte da própria convivência social.

 
Somos seres emocionais, temos as nossas fragilidades e precisamos de nos sentir compreendidos e acolhidos. Procuramos amigos, familiares e o nosso cônjuge para nos ouvir, para podermos relatar aquilo que estamos a sentir. Mas, o que parece algo simples e natural, nem sempre o é na realidade, pois corremos o risco de ouvir o que não queremos e de não conseguir confiar na pessoa em causa.
 
Se há pessoas que se expressam com naturalidade e facilidade, há outras mais prudentes que escolhem melhor as pessoas que as escutam, isto porque temem que o seu segredo saia do lugar onde foi dito e que, de alguma forma possam ser criticadas pelo que disseram.
 
Sobre o desabafo e a sua importância, a psicologia recorda que, há diversas formas de expressar os nossos sentimentos, sejam elas através da arte, da cultura e naturalmente do desabafo. Há grandes génios que começaram a escrever, a pintar, a desenhar, a cantar e daí por diante, como forma de sublimação dos seus sentimentos. Há outras pessoas que descobriram a importância do desabafo nas suas relações com os outros. Conversam, libertam tensões e emoções e sentem-se aliviadas, mas «é fundamental conhecer muito bem a pessoa a quem se faz determinadas confidências, sob pena de nos desiludirmos e de termos dificuldade em voltar a confiar», sublinham os especialistas.
 
A psicologia alerta que, é muito positivo o ato de falar sobre o que pensamos e sentimos, «mas é imperioso confiar na pessoa a quem se recorre para fazer esse desabafo. Não podemos falar da nossa intimidade com um estranho, com uma pessoa que mal conhecemos ou com alguém que não merece a nossa confiança para outras situações». O próprio psicólogo, vai ganhando a confiança do seu cliente em cada sessão, não exige nada, muito menos espera ouvir conversas muito profundas em pouco tempo. A relação precisa de ser construída e consistente para que o cliente fale sobre aquilo que lhe é mais íntimo. Posto isto, devemos selecionar bem as pessoas que sabem guardar um segredo e, acima de tudo, respeitar aquilo que lhe estamos a contar, pois num momento de dor e sofrimento, ninguém tem capacidade para ouvir uma crítica ou sentir que alguém o desvaloriza.
 
Naturalmente que, a psicologia possui técnicas científicas para conduzir os assuntos relatados pelos pacientes em psicoterapia e, nunca é demais recuperar o sigilo profissional, a análise livre e sem preconceitos daquilo que a pessoa relata, sem esquecer a escuta ativa e empática. Uma pessoa que precise de desabafar pode então, recorrer ao seu melhor amigo, a um familiar da sua confiança ou pedir apoio especializado.
 
O desabafo ajuda muito em casos de depressão, por exemplo, sendo que, o psicólogo é a pessoa mais indicada para prestar esse apoio e escuta, no entanto, podemos sempre conversar com uma pessoa da nossa confiança como foi referido acima, mas devemos ter em conta que, nem sempre o amigo, por muito boas que sejam as suas intenções, é capaz de nos ajudar a compreender os nossos medos e ansiedade, tudo porque não tem essa especialização.
 
Assim, podemos e devemos conversar com os nossos amigos, mas reservar a nossa intimidade para um ambiente formal de consulta com um psicólogo, recomendam os entendidos na matéria. Quando se trata de um assunto que é “punido” socialmente, ainda maior será a necessidade de recorrer a um profissional, já que facilmente a pessoa se vai sentir criticada pelo amigo ou familiar que, não conseguindo assumir uma posição neutra, vai conduzir o assunto para si.
 
Nunca é demais recordar que, um psicólogo não pode atender amigos e familiares precisamente por necessitar de ter uma postura neutra na relação terapêutica e os amigos jamais vão conseguir substituir um psicólogo precisamente porque não conseguem ter essa distância fundamental para ouvir o outro sem lhe “apontar o dedo”. Também é muito difícil alguém guardar um segredo quando está envolvido num problema ou numa situação, o que constitui mais uma razão para se procurar alguém neutro para nos ouvir.
 
Esta dica tem o propósito de nos abrir horizontes quando sentimos que não temos ninguém que nos entenda. Há sempre um profissional disponível para nos ouvir, para nos ajudar, precisamos é de partir para a ação, ganhar coragem e aceitar esse novo desafio.
 
Segundo Augusto Cury, psiquiatra e investigador, nos próximos anos, uma em cada duas pessoas no mundo vai sofrer um distúrbio mental, sendo que a depressão é apontada como a principal causa de sofrimento humano dos tempos atuais. Para este especialista, o ideal é que se trate antes de ter problemas mais graves, razão pela qual, devemos estar mais informados acerca de nós próprios, compreender minimamente o funcionamento da mente e as fragilidades humanas e, prevenir a doença mental. O desabafo constitui um alívio para as dores da mente, sendo que, a psicoterapia é uma forte aliada no alívio desse sofrimento.
 
Fátima Fernandes