Provavelmente esta afirmação é partilhada por muitas pessoas que sentem esse decréscimo no quotidiano e nas mais variadas áreas de vida.
Ao mesmo tempo, é possível comprovar essa redução na satisfação dos portugueses tendo por base os resultados de um estudo levado a cabo pela OCDE.
O relatório 'How's life?2015' da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) acaba de revelar que a qualidade de vida em Portugal está a decrescer.
Tendo por base a análise de várias áreas que influenciam diretamente a qualidade de vida das pessoas, o relatório mostra que Portugal tem vindo a reduzir os níveis de satisfação dos seus cidadãos.
Segundo o relatório, Portugal é dos países da OCDE que mais viu o seu bem-estar retroceder nos últimos anos.
Os dados referem-se ao período entre 2009 e 2015, e revelam que os portugueses se desinteressaram da política indo cada vez menos às urnas; há cada vez mais pessoas a trabalhar 50 horas por semana; isto embora o rendimento disponível seja cada vez mais reduzido e o risco de desemprego é maior.
As pessoas estão mais insatisfeitas, e de acordo com o documento, isso terá a ver com questões relacionadas com o equilíbrio profissional e pessoal.
A “boa notícia” surge na área da educação que contraria esta tendência. A OCDE diz que Portugal é um dos países com melhores resultados na educação. Nos últimos anos aumentou o número de estudantes que termina o ensino secundário, sendo que 79,2% refere que está satisfeito com os seus colegas, considerando-os simpáticos e prestáveis - uma taxa bastante elevada em comparação com a dos restantes países.
Da educação, passa-se rapidamente para as crianças, e neste âmbito, os resultados não são os melhores, uma vez que, o bem-estar das crianças portuguesas continua a situar-se em níveis baixos. De acordo com o mesmo estudo, as dificuldades económicas contribuem para que 15% das crianças viva em instituições.
O mesmo relatório da OCDE divulgado pelo Diário de Notícias, dá conta de que, os portugueses são os mais infelizes do grupo de países analisados.
Apesar de existirem países onde a vida corre melhor aos seus habitantes, a OCDE sublinha que nenhum consegue nota positiva em todos os parâmetros. Embora reconheça que "alguns aspetos do bem-estar (como rendimento familiar, riqueza, trabalho e satisfação com a vida) são geralmente melhores em países com maior PIB per capita, existem também muitas diferenças entre países com PIB similares. Isto sublinha a importância de dar mais atenção aos muitos fatores para lá do PIB que molda as experiências de vida das pessoas". Em causa estão questões como o equilíbrio entre a vida familiar e profissional, o risco de desemprego ou a segurança.
Uma das preocupações centrais da OCDE é o bem-estar infantil. "As políticas vão falhar na construção de uma sociedade melhor se não tiverem em conta as necessidades de todos os seus membros - particularmente os mais jovens. A luta contra as desigualdades começa por assegurar que todos tenham oportunidade para serem bem-sucedidos na vida, especialmente desde uma idade precoce", defendeu, na apresentação do relatório, José Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE citado pelo DN.
Pela primeira vez, o bem-estar dos mais novos é analisado e, no que diz respeito às condições materiais, Portugal não tem resultados muito positivos. Reflexo das dificuldades económicas que o país atravessa, 15% das crianças vivem num lar em que pelo menos um dos pais está desempregado há mais de 12 meses, a segunda mais alta taxa da OCDE.
O documento aponta algumas estratégias a implementar de forma a construir um novo cenário para a população portuguesa. O combate à pobreza e ao desemprego surgem como as principais linhas de força nesse trabalho que incide essencialmente no emprego jovem.