Família

Quando nascem os filhos, o casal tem de se “reconstruir”

 
Neste espaço de opinião, procuro trazer a minha experiência para que o leitor possa pensar acerca dos temas com alguma isenção e ajustá-los ao seu mundo; à sua realidade. Por considerar que este tema é muito importante na vida familiar de qualidade, convido-o a pensar comigo acerca do processo de chegada dos filhos ao casamento.

Se o casal planear a chegada dos filhos como se pretende e deseja, terá de passar por vários processos ao mesmo tempo: a gravidez, a preparação para a chegada do primeiro rebento e depois explodir de felicidade com o primeiro contacto com o bebé.
 
Os primeiros tempos, basicamente são de adaptação de todas as partes, pelo que é natural que o casal se concentre só nas necessidades do mais pequeno e que deixe as suas de lado. As noites mal dormidas, a constante preocupação com aquele novo ser que precisa de tudo de nós, enfim, quem é pai e mãe sabe que o processo tem tanto de maravilhoso como de exigente, até que se encontre um equilíbrio.
 
Após essa estabilização, faz sentido que o casal volte ao seu encontro pessoal. Têm o seu bebé, a família cresceu e é preciso que, os dois adultos se mantenham juntos, unidos e prontos para se apoiarem no processo. As tarefas são divididas entre o casal e o bebé vai crescendo e sendo cada vez mais participativo.
 
O sucesso do seu desenvolvimento reside precisamente na qualidade da relação que os pais mantêm entre si e com ele. É muito importante sublinhar este ponto. O bebé cresce saudável, feliz e equilibrado quando os pais são felizes entre si, pois são os adultos responsáveis pelo bebé e têm de estar bem.
 
Com esta base, tudo é facilitado e, desde cedo que existe um forte entendimento entre todos. Os pais compreendem o que o bebé, criança, menina ou menino precisam, e este aprende a respeitar os pais e a saber que estes são adultos, amigos que o protegem, mas que também têm os seus interesses e motivações em conjunto.
 
O filho não é o centro da casa porque cada um tem o seu papel. Os pais são a autoridade que educa, ama e protege o filho e este, aprende com os pais, mas deve-lhes respeito e obediência. E, em meu entender, é assim que se processa o relacionamento familiar. O casal não pode perder de vista a sua relação, o filho não pode perder de vista o seu desenvolvimento. Todos se entreajudam, amam e mimam e, cada um tem a sua função e o seu papel no seio familiar.
 
 Não existem dependências entre pais e filhos, nem no seio do casal. Está definido o papel de cada elemento. O filho terá de crescer com a influência dos pais, mas ir construindo a sua personalidade e percurso. Os pais não podem perder de vista o apoio que vão dar ao filho e aquele de que necessitam enquanto adultos e pessoas.
 
Claro que, quando um filho não é planeado, naturalmente que muitos destes pontos conhecem alguns sobressaltos, mas isso não quer dizer que, o casal não se organize entre si e para cuidar e proteger do filho. O produto final será sempre o mesmo, ainda que, com pontos de vista e de partida diferentes.
 
Temos de assumir que o nosso cérebro tem uma enorme capacidade de adaptação, muitas vezes o que precisamos é de conhecimento para sabermos lidar com as situações e, esse é o meu contributo com a minha experiência. Tudo se faz com empenho, interesse e amor, é preciso é ouvirmos o que a nossa mente nos diz e orientarmos as nossas ações para o caminho mais positivo e interessante, pois a felicidade do casal revê-se na alegria dos nossos filhos.
 
Em caso de separação do casal, é normal e natural que cada um dos elementos refaça a sua vida e que coloque os interesses do filho ao nível dos dessa reconstrução para que todos sejam respeitados.
 
Quero dizer com isto que, seja qual for a forma como as pessoas entram nas situações, o importante é que saibam sempre dar o seu melhor e estar atentas ao mundo para poderem aprender mais.  
 
Estamos sempre em atualização, pelo que, quando percebemos que algo não está bem, simplesmente temos de planear uma alternativa. Quanto mais pensarmos acerca do assunto e libertarmos o nosso inconsciente para nos poder dar uma resposta, melhor vamos corrigir qualquer erro.
 
O essencial é que saiba que, para cada problema, o nosso cérebro tem sempre uma solução, temos é que permitir ouvir e seguir essa orientação consciente. O nosso cérebro sabe sempre que o melhor para os filhos é a união dos pais e um ambiente familiar harmonioso. Todos sabemos disto.
 
Quando não estamos a este nível, vamos ter de fazer algo para o encontrar. Ou falamos com o nosso parceiro para ver onde é que nos podemos acrescentar em conjunto ou, quando já não há solução para o casal, cada um terá de refazer a sua vida com outra pessoa. Tudo isto é construção e reconstrução pessoal, por isso, façamos o melhor que sabemos em cada momento, com a garantia de que, se quisermos, podemos sempre fazer mais e melhor.
 
Fátima Fernandes