Família

Quando os pais se deixam manipular pelos filhos

 
Muitos pais deixam-se levar pelas birras e chamadas de atenção dos filhos para evitarem conflitos e, em muitos casos, para não terem de mostrar à sociedade que repreendem os mais novos, já que, a maioria das situações acontece em espaços públicos.

Na posição dos especialistas, seja em que ocasião for, os progenitores devem marcar a sua presença e autoridade para que a situação não se agrave.
 
Apesar de não ser de forma intencional, muitas crianças habituam-se a expressar as suas vontades e desejos através das birras  e de comportamentos pouco adequados e, se os adultos não reagirem da maneira mais correta, apenas estão a contribuir para que essa má conduta aumente e se torne recorrente.
 
É essencial ter em conta que, os mais novos estão em processo de desenvolvimento, que estão a formar a sua personalidade e que, não sabendo qual a melhor forma de alertar os pais para aquilo que querem ou para algo que as desagrada, acabam por fazer birras com gritos e choro intenso, por pontapear os pais ou irmãos e por expressar uma má conduta nos mais variados locais.
 
Sem saber como reagir e, para evitar “dar nas vistas”, muitos pais acabam por ceder às ordens dos mais novos, por lhes fazer as vontades e, em muitos casos, perdem a autoridade perante os filhos, acabando por deixar arrastar uma situação prejudicial para o desenvolvimento dos mais novos, já que, os mesmos se habituam a recorrer a esse método para terem tudo o que querem e para desautorizarem os pais.
 
Acabam por aplicar essa mesma arte de manipulação com os demais adultos e nos mais variados contextos, sendo também recorrente que o façam na escola e demais atividades em que participam.
 
Se é um facto que as crianças não sabem o que estão a fazer numa idade inicial, é também importante reter que, aos poucos, se habituam à ideia de que essa estratégia resulta, pelo que a usam para tudo. É neste ponto que muitos pais desesperam, que perdem a paciência e que, pelo estado avançado da manipulação, acabam por perder a paciência, pelo que, é preciso reagir o mais rápido possível e evitar chegar a esse estado.
 
Os entendidos na área da psicologia apontam algumas dicas que podem ajudar a lidar com a situação, confira-as e aplique-as enquanto é tempo:
 
1. Não ceda às reclamações
 
A criança reclama por tudo e por nada até que os pais percam a paciência e cedam ao seu pedido. Nesta situação, é importante que, mesmo com muito esforço, os pais mantenham a calma e que lhe expliquem a razão pela qual não podem comprar isto ou aquilo ou permitir-lhe que faça algo que deseja. É natural que a criança chore e que insista, mas os pais devem manter a sua conduta firme, mesmo que estejam numa feira, num museu ou numa biblioteca, pois se deixam passar esse episódio, podem ter a certeza de que o mesmo se vai repetir muitas mais vezes. É fundamental que os adultos mostrem claramente à criança que não cedem a essa forma de manipulação e mais, que vinquem bem a ideia de que, aos gritos e pontapés, não há conversa ou negociação possível. Quando a criança estiver mais calma, conversem sobre o sucedido.
 
2. Mantenha a calma
 
É natural que a criança faça de tudo para chamar a atenção dos pais e para que mostre desagrado perante alguma situação, facto que pode levar à perda de paciência por parte dos adultos quando devem mostrar exatamente o contrário. Procure manter a calma e retirar o foco total e exclusivo da criança, já que isso vai fazer com que a mesma aumente a intensidade do choro e da birra. Faça que a ignora para que entenda que não está a conseguir cumprir o que pretende. Evite gritar e falar mais alto do que o seu filho, uma vez que, essa situação só levará a um aumento da falta de respeito e perda da sua autoridade. Fale baixo e com calma e, em pouco tempo a criança irá também acalmar-se. Se for uma criança muito pequena, retire-a do local para cortar mais facilmente com a birra, mas não se esqueça de ser firme e de conversar sobre o assunto.
 
3. Mostre amor e compreensão
 
É essencial que mostre à criança que, os gritos e as birras não são a forma mais adequada de conversar e de obter o que pretende, por isso, mantenha a sua atitude firme e calma, mas não se esqueça de mostrar ao seu filho que, quando estão tranquilos e conseguem conversar, há mais tempo e espaço para o afeto. Dê o exemplo, abrace-o, diga-lhe o quanto gosta dele e mostre-lhe que terá sempre a atenção dos pais sem precisar de recorrer a birras, choro e pontapés, já que essa será a melhor forma de a educar e de se entenderem em família.
 
4. Mostre ao seu filho que nem todos os comportamentos são corretos
 
Explique à criança que gosta de a ouvir, que a entende e que as suas emoções são válidas, pelo que pode mostrar o seu desagrado, tristeza, medo, raiva ou frustração, mas que há formas mais adequadas de o fazer, pelo que não deverá recorrer aos gritos, pontapés e ao choro recorrente. Apresente-lhe alternativas a esses comportamentos e felicite-a sempre que conseguir obter bons resultados. Pelo contrário, diga-lhe claramente que este ou aquele momento não foi feliz e explique-lhe a razão.
 
5. Mostre empatia e promova a gestão emocional
 
É importante que saibamos colocar-nos no lugar dos nossos filhos e entender a razão que os leva a apresentar determinados comportamentos, pelo que, a conversa é fundamental. Ouvi-los constitui a base de uma boa relação entre pais e filhos e a melhor solução para evitar as birras e condutas desajustadas. Lembre-se de que, os mais novos estão a aprender a lidar consigo mesmos e com as mais variadas situações, pelo que precisam muito de ajuda e de compreensão para que o processo seja mais rápido e facilitado. Anote ainda que, quando os pais não têm esta disponibilidade para ouvir e explicar qual a melhor forma de reagir às situações negativas, dão lugar a muitas repetições de comportamentos inadequados e promovem a manipulação e a vitimização dos filhos que, à mínima dificuldade, fazem logo chamadas de atenção infundadas, pois não sabem expressar-se de outra maneira.
 
Por fim, registe que, dedicar este tempo e paciência aos nossos filhos, será um ponto a favor das etapas seguintes que também são muito exigentes e evita que os mais novos desenvolvam aquilo a que chamamos de “mau feitio”.
 
A falta de atenção dos pais dá lugar a muitas birras, reclamações constantes, comportamentos agressivos, muito choro e daí por diante, por isso, vale a pena conversar, explicar, apresentar alternativas e evitar muito sofrimento de parte a parte.
 
Recorde-se que, os mais pequenos não fazem isso de propósito, mas acabam por aprender que, esse modelo lhes dá tudo o que pretendem, então é mais fácil ensinar-lhes o lado positivo em vez de lhes alimentarmos o mau comportamento.
 
Fátima Fernandes