Sociedade

“Quem sofre com o pouco que lhe falta, não goza o muito que tem”

 
Crescemos com este pensamento sem que muitas vezes lhe atribuamos o devido significado.

 
Na realidade, habituamo-nos a andar a correr de um lado para o outro e sem tempo para valorizarmos o que já conquistamos. Ao nos “esquecermos” dessa parte, é como se o nosso esforço e empenho tivessem sido perdidos. Quero dizer com isto que, é tão importante definir os objetivos e concretizá-los, como apreciar o valor e o prazer da sua concretização. É dessa celebração das conquistas que resulta a gratificação pelo que já fizemos e a força e motivação para fazermos mais.
 
Se olharmos à nossa volta, certamente que é mais o que temos do que aquilo que nos falta, pois se assim não fosse nem estaríamos a ler este texto!
 
Falta-nos algo, mas temos de reconhecer que já conseguimos muito mais. Essa sensação de falta é agradável porque nos empurra para fazermos mais, mas a valorização também é essencial para que tenhamos essa predisposição e entusiasmo; um exemplo de conquista adquirido que serve de base para irmos procurar mais.
 
Depois, é fundamental diversificar os nossos planos e objetivos para nos sentirmos mais completos. Em vez de mudarmos de carro de três em três anos, por que não optar por umas férias ou por algo diferente? Esta capacidade de diversificar as nossas idealizações ajuda-nos a ter a sensação de que temos muito e que nos falta pouco; esse pouco é a motivação para continuarmos a trabalhar e a dar o nosso melhor diariamente.
 
Podemos fazer planos abrangentes. Este verão, para além da ginástica para estar em forma, vou comer melhor, cortar nos doces e arriscar ir a uma praia nova.
 
O prazer reside na simplicidade com que planeamos a vida. Incutimos que temos de fazer grandes esforços para conseguir algo e depois, conseguimos com pouco esforço e ficamos com a sensação de que nada fizemos.
 
Não temos de nos esforçar excessivamente para obtermos o que queremos, temos é de saber o que queremos e ir ao seu encontro. Fazer planos realistas e simples para alcançar outros mais exigentes. Deixar fluir o pensamento e as relações com os outros, pois é nessa liberdade mental que está o grande segredo do prazer, do bem-estar e da valorização daquilo que somos e que temos.
 
Se estivermos bem, certamente que vamos apreciar de outra forma. Quando apreciamos a beleza das coisas, mais beleza atraímos para nós porque nos permitimos apreciar. No fundo, está tudo interligado, é preciso é valorizar cada pequena conquista para ter a sensação de que está rodeado de coisas boas e que, efetivamente lhe falta muito pouco para ser cada vez mais feliz!
 
A felicidade e são momentos de encontro de bem-estar, faça com que cada conquista seja um agradável momento de bem-estar e comemore-a de alguma forma, faça algo diferente para assinalar algo que desejava e que já se concretizou com o seu empenho.
 
Recebeu uma resposta que há muito aguardava? Dê-lhe força e celebre-a. Não se importe de se sentir um garoto ou garota a evidenciar aquilo que o faz feliz, pois é mesmo dessas memórias da infância que vamos buscar força para continuar a lutar pelo pouco que nos falta e… a gozar o muito que temos!
 
Fátima Fernandes