Família

Quer ter uma boa relação com os seus filhos? Saiba o que não deve fazer

 
Ser pai ou mãe não é uma tarefa fácil como tem sido amplamente descrito e reconhecido pelos especialistas, no entanto, há um poderoso truque que nos pode ajudar a sermos cada dia melhores: procurarmos recordar aquilo de que mais gostamos na nossa infância e, ao mesmo tempo, condenar aquilo que nos fez muito mal.

Se tivermos essa realidade bem presente na nossa mente, certamente que seremos muito bons pais para os nossos filhos, pois sabemos muito bem aquilo que se faz e aquilo que os magoa profundamente. Depois, é importante não esquecer que, para além de pais igualmente somos empregados, somos um casal, temos problemas financeiros, dificuldades no nosso quotidiano e daí por diante, pelo que temos de fazer um esforço acrescido para conseguirmos dar uma resposta equilibrada à nossa vida. Um ponto importante é reservar alguns minutos diários para estar sozinho e refletir. É muito bom encontrarmo-nos e, ao mesmo tempo, evitamos afastar-nos de nós próprios e dos nossos objetivos. Ouvir o nosso eu interior, posicionarmo-nos no final de cada dia é um alicerce muito importante, a par do tempo de qualidade que devemos dar aos nossos filhos e ao nosso cônjuge. Lembre-se de que, é aí que vai recuperar as suas forças e a sua linha de orientação pessoal e familiar.
 
No que se refere ao que não devemos fazer aos nossos filhos, apresentamos-lhe estas 4 atitudes que, naturalmente comprometem o vínculo emocional entre os pais e os seus descendentes:
 
1. Não os escutar
 
É típico nas crianças as “mil” perguntas, as suas histórias, a sua necessidade de conversar, de contar como foi o dia de escola e daí por diante. A atitude dos pais é aqui muito importante para o futuro, pois se não os escutam ou lhes respondem com rudeza ou severidade, vão fazer com que os mais novos deixem de conversar sobre os seus assuntos e se vão fechar no seu quarto com jogos e no silêncio incomodativo que marca tantos jovens de hoje. Tenha em mente a importância de dar atenção a essas dúvidas dos mais novos, mesmo que isso por vezes acarrete um esforço adicional da sua parte. Pode também pedir-lhes que esperem um pouco que já estará mais disponível para os ouvir, mas seja educado e simpático. Este é um ponto fundamental para criar um vínculo emocional com os seus filhos.
 
2. Castigá-los, transmitindo-lhes falta de confiança
 
São muitos os pais que relacionam a palavra educação com punição, com proibição, com um autoritarismo firme e rígido em que tudo se impõe e qualquer erro é castigado. Este tipo de conduta educativa resulta  numa falta de autoestima muito clara na criança, numa insegurança e, ao mesmo tempo, numa rutura do vínculo emocional com os pais.
 
Se castigamos não ensinamos. Se me limito a dizer à criança tudo o que ela faz de errado, jamais saberá como fazer algo da forma correta, pois não a ensino a ultrapassar os seus medos e as suas dúvidas e acabo por humilhá-la. Com estas atitudes os nossos filhos desenvolvem raiva, rancor e insegurança, pelo que, esta atitude é de evitar a todo o custo.
 
3. Compará-los e rotulá-los
 
Poucas coisas podem ser mais destrutivas do que comparar um irmão ao outro ou uma criança a outra para ridicularizá-la, para dar a entender as suas escassas aptidões, as suas falhas, a sua pouca iniciativa. Um erro que muitos pais cometem é falar em voz alta diante das crianças como se elas não os escutassem.
 
“É que o meu filho não é tão inteligente como o seu, é mais lento, o que se pode fazer”. Expressões como estas são dolorosas e geram um sentimento negativo que causará não apenas ódio em relação aos pais, mas um sentimento interior de inferioridade.
 
Em alternativa, os pais devem conversar com os filhos e ajudá-los a superar os seus medos e a fazerem novas aquisições e conquistas. O incentivo é sempre muito mais produtivo do que a crítica destrutiva, lembre-se disso.
 
4. Gritar com eles e apoiar-se mais nas ordens do que nos argumentos
 
Não trataremos aqui de maus- tratos físicos, pois acreditamos que não há pior forma de romper o vínculo emocional com uma criança do que cometer este ato imperdoável, mas temos de ser conscientes de que existem outros tipos de maus- tratos implícitos igualmente destrutivos. É o caso do abuso psicológico, esse no qual se arruína a personalidade da criança por completo, a sua autoimagem e a confiança em si mesma.
 
Há pais que não se sabem dirigir aos filhos de outra forma que não seja a agressiva, seja ela verbal ou física, sendo que qualquer das duas é completamente reprovável e o caminha mais rápido para romper com o vínculo emocional. Muitos pais levantam a voz, ameaçam, gritam e deixam os filhos instáveis e cheios de medo sem que muito bem saibam como se proteger, pois é dentro das quatro paredes e com quem os deveria defender que se passam essas cenas. As crianças ficam com muito medo, ansiosas e, claro que não há melhor forma de cortar o vínculo emocional com os filhos. Lembre-se de que, o diálogo, a compreensão, o carinho são os melhores alicerces da educação, por isso mantenha-os bem presentes no seu quotidiano e procure explicar ao seu filho o que se passa, mas sem elevar o tom de voz ou gritar de forma exagerada. Pode chamá-lo à atenção, mas depois justifique esse ato, pois dessa forma ele saberá compreender onde errou e como pode melhorar.
 
Os especialistas alertam para a relevância de ter em atenção estes aspetos básicos. O não escutar, o não falar e o não demonstrar abertura, compreensão ou sobrepor a sanção ao diálogo são modos de ir afastando aos poucos as crianças dos pais. Com estas atitudes, os pais são encarados como inimigos  e alguém que lhes é distante, o que quebra o vínculo emocional e desde muito cedo.
 
Todos os pais sabem que há melhores e momentos menos bons na educação e que deixam sempre as suas marcas nos filhos, mas é importante ter em conta que, em qualquer altura em que se apercebem de um erro ou que não estão a proceder bem com os filhos, devem mudar de rumo. Os filhos adoram os pais e, o que mais querem é ter uma boa relação com eles, por isso, uma boa conversa, um pedido de desculpa sincero pode sempre reverter uma situação menos positiva, mas pare enquanto é tempo e mude de linha sempre que necessário.
 
Fátima Fernandes