Sociedade

Ramalho Eanes em Loulé para dar o seu “Grande Testemunho” sobre a Democracia Portuguesa

Depois de Mário Soares é a vez de Ramalho Eanes intervir no ciclo “Grandes Testemunhos”, iniciativa da Comissão Concelhia dos 40 anos do 25 de Abril, que traz a Loulé os três Chefes de Estado eleitos em democracia.

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Esta sessão com Ramalho Eanes decorre na próxima sexta-feira, 6 de junho, pelas 20h45, no Cine-Teatro Louletano. O ex-Presidente é apresentado por Carlos Fernandes, diretor do Agrupamento de Escolas Duarte Pacheco, e o debate público é moderado por António da Silva Lopes, presidente da Fundação António Aleixo.
 
Ramalho Eanes foi Presidente da República em dois mandatos sucessivos, entre 1976 e 1986. Figura historicamente marcante do período de estabilização do sistema democrático e da normalização das Forças Armadas, é identificado pela generalidade dos portugueses como pessoa inquestionavelmente séria e ética, sendo dele conhecidos os episódios de quando não quis aceitar o bastão de marechal, e quando recusou o dinheiro a que tinha direito quando lhe foi reconhecido o direito à reforma.
 
Ramalho Eanes é, atualmente, membro do Conselho de Estado e presidente do Conselho de Curadores do Instituto Universitário de Lisboa. Em 2006 obteve o doutoramento em Ciência Política na Universidade de Navarra (Espanha) e, em 2010, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa.
 
De seu nome completo António dos Santos Ramalho Eanes nasceu a 25 de janeiro de 1935, em Alcains, (Castelo Branco), no seio de uma família humilde. 
Segue a carreira das armas entrando para o exército em 1952. Estudou táticas militares (Escola do Exército, de 1952 a 1956; Estágio CIOE-Curso de Instrução de Operações Especiais, em 1962; instrutor de Ação Psicológica no Instituto de Altos Estudos Militares, em 1962). Frequentou, ainda, o Instituto Superior de Psicologia Aplicada, durante três anos.
 
No Exército, Ramalho Eanes segue a Arma de Infantaria e serve na Guerra Colonial onde combateu na Índia Portuguesa, Macau, Moçambique, Guiné-Bissau e Angola. Depois de prolongada carreira de combatente, Eanes encontrava-se ainda em serviço em Angola aquando da revolução de 25 de Abril. Aderiu ao Movimento das Forças Armadas, regressando a Portugal. Em 1975, então com a patente de Tenente-Coronel, dirigiu as operações militares do 25 de Novembro. 
 
Com o fim do seu segundo mandato presidencial, em fevereiro de 1986, assume pouco depois a presidência do Partido Renovador Democrático, vindo a demitir-se desse cargo em 1987. Nomeado General de quatro estrelas em 24 de maio de 1978, passou à reserva, por sua iniciativa, em março de 1986. Em 2000, Ramalho Eanes recusou, ”por razões de princípio”, a promoção a Marechal.
 
Eanes foi também o primeiro Chefe de Estado que, ao deixar Belém, iniciou um trabalho de investigação científica conducente à obtenção do grau de doutor. 
Uma iniciativa pioneira, a nível nacional, desconhecendo-se inclusive casos idênticos na Europa.
 
No início da sessão, em palco, a banda filarmónica Artistas de Minerva, dirigida pelo maestro José Branco, executa a Marcha Militar com o título “Ramalho Eanes”, composta pelo saudoso músico louletano Francisco José Andrade de Sousa, por ocasião da visita de Ramalho Eanes a Loulé, em 1980, em campanha eleitoral, evocação que será descrita pela presidente da associação musical, Ângela Matias.