As sessões tiveram uma periodicidade semanal, não havia faltas de assiduidade mas havia "trabalho de casa": os reclusos teriam de fazer sobre os exercícios feitos nas sessões dinamizadas pela equipa do Teatro das Figuras e preparar-se para a "aula" da semana seguinte. Para alguns foi o primeiro contacto com a atividade teatral e para todos foram horas de alguma liberdade dentro dos muros da prisão.
"Quando estou nesta sala esqueço que estou cá dentro", disse Henrique no dia da apresentação do espetáculo que prepararam, enquanto Diogo confessou que estes momentos ajudaram a "fugir um pouco da rotina". Todos sentiram que estas sessões aliviaram o vazio dos dias passados no Estabelecimento Prisional de Faro, enquanto tinham a oportunidade de "construir algo".
"Os textos da peça de teatro apresentada foram escritos com propostas dos próprios participantes", garante Patrícia Amaral, coordenadora do projeto. "Há muita invisibilidade nestes grupos sociais e é essencial um trabalho de reinserção social, que podemos trabalhar através de uma abordagem artística e cultural", continua.
Para o diretor do Estabelecimento Prisional de Faro, José Pedreira, esta é uma excelente oportunidade para aquela população, uma vez que possibilita "haver essa continuidade do que é a vida em sociedade".
Todo este processo tem vindo a ser registado em vídeo, com vista à realização de um documentário para posterior exibição ao público.
Com o projeto "Os Invisíveis", o Teatro das Figuras procura contribuir para a criação de oportunidades de participação na produção e representação de diversas formas de expressão artística, com vista à inclusão social de três grupos vulneráveis do concelho de Faro, designadamente, os reclusos do Estabelecimento Prisional de Faro, migrantes e imigrantes residentes no concelho e idosos em situação de isolamento social.
Este projeto é cofinanciado pela União Europeia.