Sociedade

Relações duradouras voltam a estar na moda

 
Depois de alguns anos a incentivar o divórcio e a mostrar que, se uma relação não for saudável, deve terminar, hoje aposta-se mais nessa qualidade afetiva e no tempo como base para um relacionamento estável e duradouro.

 
As pessoas precisam de se conhecer, de confiar e de saber com quem podem contar. As pessoas precisam de encontrar as suas cumplicidades e interesses. As pessoas precisam de se mostrarem uma à outra nas mais variadas situações, é a posição de muitos especialistas que explicam que, “após longos anos de trabalho a mostrar que o casamento pode não ser para a vida quando as pessoas não se respeitam e há algum tipo de violência no seio privado, agora incentiva-se a que se procure essa qualidade conjugal”.
 
Com a evolução, vamos percebendo novas formas de viver e de pensar sendo que, o amor e a felicidade ultrapassam gerações e continuam sempre atualizados no que toca ao seu interesse e necessidade humana. A dificuldade tem sido lidar com um passado de predestinação matrimonial em que era “pecado” o divórcio e passar para as relações modernas e saudáveis.
 
Passou-se então por um longo período temporal em que se mostrava que a separação é tão natural quanto o casamento e, percebido que quando duas pessoas não se entendem, devem seguir os seus caminhos separadamente, faz sentido entender como é que se mantém um casamento estável, duradouro e feliz.
 
O primeiro requisito é dar tempo para que as pessoas se conheçam. O namoro presencial é fundamental para criar empatia e cumplicidade entre os parceiros. A palavra, o toque, o encontro, o contacto com outras pessoas e, ir libertando o passado para que se possa construir um presente sadio com outra pessoa.
 
Hoje o casamento é uma opção e, de forma alguma é entendido como uma “carta fechada”, isto porque as pessoas têm liberdade para se conhecerem, para se entenderem e para perceber se vale ou não a pena prosseguir a relação.
 
As pessoas casam-se com consciência da pessoa que têm ao seu lado. Sabem que não há violência entre o casal, que há respeito e que ambos estão dispostos a desenvolver um projeto de vida em conjunto, pois caso contrário, nem arriscam passar do namoro.
 
Existe uma maior noção de compatibilidade e uma consciência de que nos damos a uma pessoa que nos devolva esses afetos. Sabemos que, mesmo que tenhamos passado por relações erráticas, temos de nos dar oportunidade de vivenciar algo novo, sob pena de estarmos sempre a reproduzir o mesmo padrão e o mesmo erro.
 
Perante esta realidade, o casamento vai-se processando sem que se pense muito bem no tempo, mas sim na qualidade afetiva que se vai consolidando.
 
São cada vez mais os exemplos de sucesso no casamento que vão surgindo nos media e, todos com uma mensagem semelhante: “o tempo permite que nos conheçamos melhor, que sejamos mais verdadeiros com a outra pessoa e, o que faz o amor é mesmo essa consciência de que temos a responsabilidade de conduzir os nossos destinos com uma pessoa que sinta algo semelhante a mim”.
 
Na realidade, o casamento permite-nos ter a noção clara de que temos a possibilidade de construir a nossa própria família, que podemos ou não seguir o modelo dos nossos pais, mas que provavelmente o mesmo já não se aplica nos nossos dias e, em conjunto, temos de criar algo novo, criativo e interessante, esse é que é o desafio e, no fundo, aquilo que designamos por amor.
 
Amor é a oportunidade de construir algo em comum com outra pessoa. A partir dessa base, vamos acrescentando novos ingredientes a esse suporte inicial. Quanto maior for a construção no tempo, mais solidez terá a nossa relação.
 
É importante que essa construção contenha liberdade afetiva, respeito, empatia, cumplicidade e desejo!
 
Fátima Fernandes