Curiosidades

Sabe o que é a Síndrome do excesso de empatia?

 
A síndrome de excesso de empatia ainda é pouco divulgada sobretudo porque se associa a pessoas mais sensíveis e que naturalmente sentem mais compaixão pelas outras, no entanto, o caso é mais grave do que parece e requer ajuda atempada.

De acordo com uma publicação da revista "A Mente é Maravilhosa", percebe-se que, muitas vítimas de violência doméstica sofrem desta patologia, o que as torna ainda mais vulneráveis aos seus agressores. Só por esta razão já valeria a pena aprofundar este assunto, mas podemos estender o problema aos mais variados cenários como poderemos comprovar seguidamente.
 
De acordo com a mesma publicação, «trata-se de um problema clínico que está inscrito no Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais (DSM-V)» que rotula esta síndrome como «característica dos transtornos de personalidade».
 
Neste sentido, qualquer comportamento que impeça a nossa maneira de nos relacionarmos, que nos traga sofrimento e a incapacidade de levar uma vida normal, «precisa de um diagnóstico e um tipo de estratégia terapêutica que possa resolvê-lo».
 
As pessoas que sofrem de excesso de empatia ou que mostram um padrão persistente de desconforto e incapacidade de funcionar a nível social, pessoal e de trabalho, entrarão, neste caso, «dentro de um quadro de transtorno de personalidade».
 
Percebe-se então a clara diferença entre ter excesso de empatia e “ser muito sensível”, já que um é patológico e o outro é normal.
 
Uma mulher que é capaz de aceitar, justificar e até compreender o comportamento de um marido agressor, não será certamente “mais sensível”, mas estará a padecer de uma patologia que a impede de classificar e reprovar o comportamento.
 
No caso da convivência com um psicopata, há homens e mulheres que perdem a capacidade de condenar aquele comportamento e que acabam por procurar razões para o entender, para tal, colocam-se no lugar dele, entendem e justificam esse comportamento. Estas pessoas precisam de apoio psicológico porque apresentam um excesso de empatia que as destrói.
 
Segundo a Mente é Maravilhosa, «o excesso de empatia impede as vítimas de ver claramente o predador, o assassino ou o agressor que têm na frente» e, tal acontece com homens e com mulheres.
 
Este é um tipo de empatia que não é positiva para o ser humano e, como bem sabemos, os excessos não são bons e o equilíbrio é o ideal. Para tal, nunca nos devemos esquecer de separar o nosso “eu” do “eu” dos outros. Ou seja, a famosa frase de “empatia é a capacidade de se colocar no lugar da pessoa à nossa frente“, deve ser bem clarificada. Devemos especificar «que faremos isso sem nunca deixar de sermos nós mesmos».
 
A mesma publicação apresenta os tipos de empatia, mostrando os que são positivos e vincando as diferenças face aos que são negativos para melhor elucidar a nossa consciência crítica face a este problema.
 
1-Empatia afetiva ou “Sinto o que tu sentes”. Neste caso, a empatia afetiva tem a ver com a nossa capacidade de sentir as emoções, sensações e sentimentos experimentados por outra pessoa e, por sua vez, sentir compaixão por isso.
 
2-Empatia cognitiva ou “entendo o que está a acontecer consigo”.  A empatia cognitiva, por outro lado, é mais uma habilidade que nos permite ter um conhecimento mais completo e preciso sobre o conteúdo da mente da pessoa à nossa frente. Sabemos como o outro se está a sentir e compreendemos isso.
 
3-Empatia excessiva significa ser um espelho e, por sua vez, uma esponja. Nós não só sentimos o que os outros sentem, mas sofremos com isso. É uma dor física que cria angústia e, por sua vez, nos subordina às necessidades dos outros sem que possamos discriminar esta fronteira entre nós e eles.
 
De um modo geral, «uma pessoa que sofre de síndrome do excesso de empatia apresenta uma hipersensibilidade patológica» e uma «deterioração óbvia da sua identidade e habilidades sociais». A mesma fonte evidencia que, estas pessoas têm associados outros tipos de distúrbios, entre outros a compulsão.
 
É ainda comum que a pessoa experimente muitas mudanças de humor, que vão desde a depressão mais profunda até uma felicidade histriónica ou desproporcional, para além de serem pessoas «muito dependentes» porque «querem resolver todos os problemas dos outros para reforçar a imagem de pessoas valiosas e necessárias nas suas vidas». Acabam por realizar favores atrás de favores para que os outros tenham sempre de lhes agradecer e precisar deles, mas raramente tal ocorre, pelo que, acabam quase sempre desiludidas, amarguradas e exaustas por darem tanto e por não conseguirem receber igual. Quando alguém lhes tenta impor limites, ainda ficam ofendidas porque se sentem rejeitadas.
 
Precisam a todo o custo de sentir que têm alguma utilidade na vida dos outros e quase que impõem o seu altruísmo e subserviência.
 
A Mente é Maravilhosa anota ainda que, se sofremos de empatia excessiva, é fundamental que procuremos a ajuda de um profissional na área da psicologia. «Se estamos no extremo mais patológico, é apropriado aprender uma série de técnicas para definir limites, ter um maior autocontrole sobre os nossos pensamentos, alimentar as nossas próprias necessidades e definir com mais força, a nossa identidade e autoestima», a psicoterapia constitui uma importante ferramenta nesse encontro pessoal.
 
O excesso de empatia gera muito desconforto e separa-nos do mundo, pelo que temos mesmo de reagir, de pedir ajuda e de desenvolver competências que nos permitam enfrentar esta realidade negativa.
 
Os especialistas reforçam que, “quando calçamos os sapatos dos outros” em excesso, corremos o risco de nos afastarmos demasiado de nós próprios e de ficarmos “intoxicados”.
 
A sugestão passa por ficar mais no seu mundo, retomar as suas rotinas, afirmar os seus gostos e desejos e aprender a proteger-se desse tipo de pessoas tóxicas. Para as pessoas mais sensíveis torna-se difícil o encontro pessoal, pelo que é precisamente essa área que tem de ser treinada para que possa obter melhores resultados nas mais variadas áreas de vida. Com apoio psicológico, estes pacientes aprendem a viver melhor, com mais qualidade e autenticidade já que aprendem a comunicar melhor e a não se colocar demasiado no lugar do outro e a definir os seus limites para dessa forma se protegerem.
 
Fátima Fernandes