Família

Sabe qual é o segredo para viver uma relação saudável?

 
Num tempo em que as relações parecem assistir às transformações impostas pela própria sociedade e em que aumentam os casos de rutura e de separação, faz sentido tentar olhar para dentro de nós mesmos e para o seio da nossa relação para compreendermos aquilo que pode ser melhorado.

Se o plano financeiro é importante, não menos o é o afetivo e este, uma vez conseguido, precisa de alimento para que perdure e mantenha acesa a chama do amor. Para a autora do livro Guerra Entre Quatro Paredes, o segredo está no diálogo; na capacidade que o casal tem de abordar abertamente os seus problemas e de procurar soluções para os resolver.
 
Para esta especialista em terapia conjugal, é através da conversa que se mantêm os pontos em comum, se valorizam as importantes diferenças entre os parceiros e se encontram as respostas para aquilo que nos inquieta. Na sua obra, onde ilustra muitos casos de insucesso amoroso e aponta as principais causas, Margarida Vieitez evidencia a falta de diálogo e a má comunicação entre os casais como um dos motivos centrais que levam á separação.
 
Na posição desta especialista, esse é o problema que a maior parte dos casais leva para o seu consultório, trabalho que é depois realizado com a sua ajuda. “Os casais vão perdendo a capacidade de comunicarem e acabam por fazer muitos cenários para o que julgam estar a acontecer na sua relação. Cenários que seriam facilmente superados com uma boa conversa, mas que se arrastam com cada um dos parceiros para o seu lado e a falarem apenas o indispensável”.
 
Margarida Vieitez anota ainda que, é importante saber conversar, já que, quando percebemos que o outro está cansado ou preocupado com alguma coisa, devemos falar de assuntos mais “leves” e que lhe permitam aliviar um pouco o que está a sentir. Os assuntos mais sérios devem ficar para as ocasiões em que ambos estão disponíveis para explorar esses temas. Na posição da mesma autora, escolher o momento certo também é uma prova de amor e de cuidado para com o outro. É colocarmos à prova a nossa sensibilidade e aquilo que que somos realmente. Quando nos sentimos livres na relação, temos capacidade para pensar nestes aspetos tão importantes para o bem-estar dos dois.
 
Depois, não devemos inventar aquilo que muitas vezes não passa da nossa imaginação. Nem sempre o outro anda distante por ter outra pessoa, pode simplesmente estar a enfrentar algum problema sobre o qual não se sente à vontade de falar e em que precisa de compreensão para o fazer.
 
Ao mesmo tempo, é preciso não só expor as nossas ideias mas também evidenciar a nossa capacidade de escuta para que uma relação dê certo. Saber ouvir é tão importante como saber expor os nossos pontos de vista com calma e serenidade. Ser criativo é a chave para manter um relacionamento sem deixar de ser igual a si mesmo; é tudo uma questão de tato.
                                                                                
Para a mesma terapeuta é essencial que o casal mantenha os momentos a dois, aqueles em que foram muito felizes numa determinada fase do namoro ou no início do casamento. “É preciso não deixar perder essas boas emoções e alimentá-las. Ir às nuvens de vez em quando, fazer um programa especial que não tem de ser ir ao restaurante. Podem optar por um lanche num local bonito e que ambos gostem e, falem muito, falem acerca de tudo, falem acerca do vosso amor, da vossa relação e do quanto é bom estarem juntos mesmo depois de tantos momentos menos positivos”.
 
É preciso ter em conta que a vida tem altos e baixos e que tal não acontece só ao outro nem aos outros. Todos passamos por momentos menos agradáveis, apesar de todos querermos muito ser felizes e viver um grande amor. É preciso subir á montanha em vez de nos ficarmos uns níveis abaixo, para isso é preciso viver cada coisa por sua vez, mas não perder de vista a nossa relação. Não nos podemos esquecer da pessoa que está ao nosso lado e que precisa diariamente da mesma atenção e carinho que nós. Temos falta de intimidade, de estabilidade, mas acima de tudo, temos muita falta de amar e de sermos amados, por isso, “quando encontrar o amor, alimente-o, não o deixe ao sol a descongelar e à espera que desapareça”, alerta Margarida Vieitez na mesma obra.
 
Fátima Fernandes