Sociedade

Sabe quantos animais o Centro Rias já recuperou em 10 anos?

 
 
Internamento
Internamento  
Sala de Cirurgia equipada com Raio-x
Sala de Cirurgia equipada com Raio-x  
Parte da equipa
Parte da equipa  
O RIAS - Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, com sede no Parque Natural da Ria Formosa, em Marim, concelho de Olhão está prestes a fazer 10 anos.

 
O Algarve Primeiro falou com a bióloga Fábia Azevedo, coordenadora do Centro, que partilhou alguns números de um trabalho intenso mas muito gratificante.
 
Para além da recuperação de animais, o Centro RIAS funciona também como um Centro de Educação Ambiental, faz investigação científica e presta formação a alunos universitários quer de biologia ou de veterinária. A finalidade é devolver à natureza os animais que necessitam de tratamento. 
 
A coordenadora do projeto explicou que em 2009, a ANA-Aeroportos de Portugal mostrou abertura para financiar a causa através de uma iniciativa "Business & Biodiversity", em que a Associação Aldeia que gere o Centro Rias, concorreu e ganhou, beneficiando de um financiamento anual de 40 mil euros.
 
A abertura do Centro, ocorreu a 1 de outubro de 2009, e desde então o número de animais atendidos nunca mais parou de subir. Segundo explicou Fábia Azevedo «inicialmente recebíamos entre 600 a 800 animais por ano, neste momento estamos a chegar aos 2 mil, pelo que já é o terceiro ano consecutivo que nos aproximamos muito desse número».
 
 
Um resultado que se deve essencialmente ao trabalho de reflexão e sensibilização, «posso dizer que nos últimos 10 anos colaboraram connosco diretamente mais de 160 mil pessoas quer em ações de libertação de animais, na participação de eventos ou em feiras. O facto de recebermos animais de todo o Algarve e do Baixo Alentejo também faz com que as pessoas passem a palavra, pelo que tem sido também desta forma que o Centro vai sendo cada vez mais conhecido e isso tem feito com que as pessoas saibam como fazer em caso de encontrarem um animal ferido», notou.
 
Para se chegar a estes resultados, não se pode esquecer também o contributo dos agentes do SEPNA da GNR e dos vigilantes da natureza que têm um papel extremamente importante, no encaminhamento dos animais que precisam de ajuda.
 
Em 10 anos foram recebidos no RIAS 14 137 animais, dos quais 11 305 vivos, e foram libertados mais de 5 500, com uma taxa de libertação que ronda os 50%, acima da média da rede nacional de centros de recuperação para a fauna. 
 
Os casos mais preocupantes são sobretudo animais vítimas de tiro, atropelamentos, interações com artes de pesca, que provocam lesões graves em que muitos acabam por morrer, «considero que temos conseguido fazer muitos milagres, e dar nova oportunidade a 5 562 bichos é um motivo de orgulho para nós».
 
Mas para que a assistência seja dada com a qualidade que se pretende, é preciso mais dinheiro, se inicialmente os 40 mil euros davam resposta às despesas para uma equipa formada por duas pessoas e voluntários, atualmente são sete as pessoas que trabalham no projeto, com a ajuda diária de seis voluntários, sendo necessária a duplicação do orçamento inicial, «a base do Aeroporto de Faro é fundamental, o resto vamos conseguindo através de empresas que nos fazem donativos e projetos com o Município de Olhão, para fazer educação ambiental nas escolas do concelho, além de projetos ligados a outros Municípios como Vila do Bispo ou Loulé ou ainda com a empresa Águas do Algarve», adiantou.
 
Em vista está a formalização de um protocolo com a AMAL - Comunidade Intermunicipal do Algarve, que irá financiar o orçamento anual, e desta forma tentar garantir a continuidade dos serviços. 
 
A bióloga coordenadora do RIAS, explicou ao nosso jornal que o Centro também desenvolve um importante serviço de Saúde Pública, «há dois anos foi detetado um caso de gripe aviária num animal que ingressou no Centro, e isso é uma doença que as pessoas conhecem e têm medo, temos também detetado alguns parasitas que podem ser transmitidos ao ser humano, e creio que as Câmaras Municipais sabem que se não existirmos, haverá uma lacuna que poderá fazer de facto muita falta à região».
 
 
Tem havido um esforço para que o Centro seja conhecido particularmente junto das escolas, por um lado no contacto direto com alunos e professores, mas também na largada de animais onde normalmente as crianças são convidadas a participar. «Posso dizer que é um momento inesquecível e temos de usar isso para sensibilizar os mais novos, uma pessoa que tenha libertado uma águia nunca vai esquecer esse momento, sabemos que sensibilizando os mais novos, também conseguimos sensibilizar os mais velhos».
 
Em média o Centro Rias tem entre 100 a 120 animais em recuperação, «depende também da altura do ano, na Primavera/Verão temos mais animais na altura da nidificação, há muitos animais que começam a cair dos ninhos e a tentar fazer os primeiros voos, coincidindo com a altura em que há mais gente no Algarve, já na altura do Outono, chegam os animais migradores», informou a responsável.
 
Fábia Azevedo adiantou que o objetivo é melhorar o serviço, «se nos primeiros anos tínhamos um foco muito grande em melhorar as infraestruturas, ao fim de 6 anos conseguimos fixar uma equipa técnica. Mais recentemente temos investido na parte da investigação cientifica e o futuro creio que será passar mais tempo a fazer educação ambiental, não significa nada para mim libertar 300 ou 400 animais, se o fizer sozinha no campo, temos sempre que envolver a comunidade».
 
No seu historial o Centro teve o apoio de mais de 1000 voluntários e estagiários, «sem eles não seria possível o nosso trabalho por isso deixo o meu agradecimento a todos, quantos colaboraram e colaboram connosco».
 
Quem encontrar um animal que necessite de tratamento, basta que se dirija a um posto da GNR, contactar as áreas protegidas ou diretamente o Centro Rias.
 
No último fim-de-semana de setembro, o RIAS celebra o seu 10º aniversário e deixa aqui o convite para partilhar o momento com a equipa e os voluntários. Há atividades gratuitas para todos basta inscrever-se.